10/04/2009

OS DISPARATES NÃO SÃO DE AGORA...


Na gala das comemorações dos 25 anos da RTP, realizada no Casino Estoril em 1982, o cineasta António Lopes Ribeiro, ao recordar a figura do padre Raul Machado e as suas inesquecíveis “charlas linguísticas”, leu um texto, escrito não sei por quem, que começava assim: - “Na minha óptica, e ao nível dos ouvintes, etc, etc …” Quando concluiu a leitura, exclamou: - “se o venerando padre Raul Machado fosse vivo, pregava-me uma grande descompostura, e tinha toda a razão”. Aludiu também ao facto do uso e abuso de palavras inglesas tais como ‘pub’, ‘snack-bar’ e à novidade que era o ‘videotape’. Visto isto, e passados mais 27 anos sobre o que atrás ficou dito, resolvi, quanto mais não seja para me divertir, escrever um texto “actualizado”. Aqui vai: “Na minha óptica, e porque me encontro globalmente "seqüéstrado" por motivos de reforma voluntária, o que de modo algum é dramático, verifico como os canais de televisão no terreno contribuem para o colapso letal da Língua Portuguesa. E como não há no terreno qualquer entidade forense que evite tal colapso, receio ser eu próprio a colapsar no terreno perante tantos e "massivos" disparates. Ora, e falando global, tenho de concluir que o meu "know-how"(leia-se nâuáu) nesta matéria poderá parecer um "fait-divers"(leia-se fédivér) ou um "fair play"(leia-se férplâi). Embora saiba e compreenda que as línguas evoluem no terreno, mantenho que há regras dramáticas que não podem ser alteradas no terreno sem uma entidade forense que as aprove sob pena do colapso definitivo da língua. Até porque a nível global, a globalização vai englobando as pessoas numa linguagem global que, no terreno, acaba por se tornar global.” E "prontos"! Vou entrar em "stand by" (leia-se setandebái) Vou voltar ao meu "seqüestro" voluntário e entrar em meditação, porque tudo isto soa muito mal na minha 'acústica'. Além disso, já "esgotâmos" o nosso tempo, como diz Judite de Sousa, e não quero, por hoje, que este assunto se torne “perpétuo para toda a vida” como disse Sandra Felgueiras em relação à pena a aplicar ao chamado ‘monstro da Áustria’. Para a próxima, irei expor uma lista de disparates na qual locutores-papagaios repetem, até à exaustão, as asneiras dos tradutores. Começarei por Eládio Clímaco e os seus ‘barretes dramáticos’. Será que alguém se lembra da série ‘A Vida na Terra’ transmitida na RTP no início dos anos 80? Eu tenho a gravação integral e vou recordar alguns dos disparates que infestaram essa esplêndida série de David Attenborough.
- Até à próxima.