12/07/2015

É A VIDA!

“É a vida”, “tenho o destino marcado”, “ seja o que Deus quiser”, “que o novo ano, ao menos, não seja pior do que o anterior”, “isto só neste país”, “que triste sina”, “é o nosso fado”, “lá fora é que é bom”…
“Que tempo horrível”, “que calor insuportável”, “não se aguenta este frio”, “são estas mudanças de temperatura e a humidade que dão cabo dos ossos, provocam gripes e constipações”, “nunca se viu um tempo destes”…

A que propósito vem a menção de frases tão típicas do nosso Povo?
É simples. A crise grega e a nossa endémica falta de auto-estima.
Não me interessa saber se os Gregos devem toneladas de papel e metais (ditos preciosos) à firma Lagarde & Companhia Lda. Mas sei, por experiência própria, que se orgulham de ser quem são como ultimamente têm provado.
Nós, Portugueses, exceptuando no futebol, “damos o cu e meio-tostão” por dá cá aquela palha, como dizia o meu saudoso professor de ciências físico-químicas no 2º ciclo dos liceus. E eu acrescento: até vendemos a Língua, à falta de meio-tostão, já que cu continuamos a ter, por enquanto.
Paradoxalmente, vamos fazer novecentos anos de História e temos as fronteiras mais antigas do mundo. Depois de sessenta anos sob o jugo espanhol numa época em que a média de vida não chegava aos cinquenta anos e por isso grande parte da população já era espanhola, soubemos reconquistar a independência. E, não satisfeitos com isso, ainda retomámos a posse do Brasil e de Angola!

Será do clima? Certamente que não, uma vez que há muitos povos com condições climáticas muito mais severas que as nossas.
Este tema talvez seja motivo para um próximo texto, mas à escala mundial, perdão, ‘global’.
Entretanto, transcrevo esta anedota que se contava nos meus tempos de menino e moço:

Cristo voltou à Terra para ver (no terreno) como iam as coisas por cá.
Tendo encontrado um homem que chorava, perguntou-lhe:
-Porque é que choras, irmão?
-Porque sou cego.  
-Então abre os olhos e vê.
E o homem passou a ver.
Mais adiante, encontrou outro a chorar.
-Porque é que choras, irmão?
-Porque sou paralítico.
-Então levanta-te e caminha.
E o homem começou a andar.
Pouco depois encontrou outro que chorava desalmadamente.
-Porque choras, irmão?
-Porque sou português.
Desanimado, Cristo sentou-se a seu lado e começou a chorar também!!!

***



02/07/2015

DORES NAS COSTAS, FUNGOS NAS UNHAS, DIARREIA, OBSTIPAÇÃO… BASTA!

Como tenho dito, não costumo ver televisão para além dos canais que me interessam, como o “Odisseia”, “National Geographic”, “História” e poucos mais.
Mesmo assim, quando passo por alguns momentos pelos canais portugueses (excluo a RTP 2) sinto vontade de gritar por socorro!

De repente, toda a gente passou a ter dores nas costas e nas articulações porque, dizem, “a partir dos trinta anos os ossos principiam a deteriorar-se e a tornar-se rendilhados”.
Ao saber da existência deste fenómeno, confesso que começo a preocupar-me com o meu estado de saúde. É que as radiografias que por rotina tenho tirado para saber como está a “máquina”, não mostram nada disso. Só me faltava mais esta; além da loucura, tenho ossos diferentes das outras pessoas, apesar de já estar com 72 anos!
Porém, fiquei um pouco mais tranquilo quando me lembrei da trabalheira que os coveiros têm com as ossadas que, teimosamente, resistem ao tempo e à cremação. Afinal, não sou assim tão anormal.
Por outro lado tenho pena, porque gostaria de seguir a moda e encharcar-me em “Cálcio +”, mesmo sabendo (e é a opinião de dois médicos com quem falei) que uma dieta equilibrada fornece a quantidade necessária. Assim, a publicidade a tal produto devia ser proibida devido a possíveis calcificações nos rins e até nas artérias!
O cálcio é um elemento natural, apregoam os publicitários. Pois é. Trata-se de um dos 92 elementos que constituem o Universo, e não é por isso que o consumo em excesso não seja prejudicial. Uti, non abuti!
Mas, como até Júlio Isidro, que possivelmente nunca tomou “Cálcio +, aparenta estar em plena forma, acredito que muita gente vai seguir o seu conselho. Afinal, trata-se de uma figura que todos conhecem graças à televisão. Por isso, ‘palavras para quê’?
Sei, por experiência própria, que a malta da Rádio e Televisão (para só falar desta) tem um grande poder persuasivo. Até nunca se engana e raramente tem dúvidas, como um tal Aníbal que há dias declarou saber que «19-1=18». 

E quanto aos fungos nas unhas? Não querendo também ser diferente dos outros nesse pormenor, já basta ter também vinte unhas tenho tentado, desesperadamente, encontrá-los pelo menos numa delas; mas em vão!
Confesso que me sinto vexado! Porque diabo as minhas unhas não servem de jardim a esses fungos, para utilizar o tal produto que, até acredito, resolva o problema? De facto, não sou normal, o que me põe mais infeliz do que um peru na véspera do Natal.

Mas, a esperança é a última a morrer. Talvez um dia destes tenha uma diarreia e, sem o Imodium que faz parar a caganeira antes que ela nos pare a nós, terei de correr, desatando as calças, para o ‘gabinete das meditações urgentes’.
Uma vez sentado na típica cadeira desse gabinete, onde toda a metafísica morre, talvez a situação acabe por se inverter.
Assim, terei de tomar um laxante e transferir o meu quarto para aquele tão acolhedor dos aflitos como simpático gabinete.

Até pode acontecer que me liberte das minhas angústias metafísicas já que, como disse, 'aquela ciência (?!) morre ali'!