DEUS TAMBÉM CHORA?
DIABOS ME LEVEM! SÓ ME FALTAVA SABER
MAIS ESTA!
‘Diabos me levem’, repito! Esta frase
tão popular, não tem nada de mal porque o dito ser também é uma criatura de
Deus. Portanto, deve ser respeitada.
Eu próprio, que sempre adorei animais, não
hesito em comer os que a minha cultura ou gosto consideram comestíveis. Quanto
aos vegetais, não vejo grande diferença, já que também são seres vivos. Mas, há
que sobreviver, mesmo sabendo que, mais tarde ou mais cedo, a morte surgirá a
tudo o que vive.
E, a propósito de comer: será que os
antropófagos também eram responsáveis pelos seus costumes dietéticos? Será que
tinham consciência da velha justificação que Deus dá a liberdade ao Homem?
Sendo assim, quem é o responsável pelas catástrofes naturais?
Que estranha “criação” é esta, a de um Deus
que alimenta a vida de vida e arrasa tudo com dilúvios para ficar tudo na
mesma!
E que grande é a hipocrisia daqueles que
deliram com o triste espectáculo que é uma tourada, e dos seus “actores”, que
costumam rezar pedindo a protecção divina contra a hipótese de uma cornada!
Por ironia, chego a imaginar as discussões
que devem ocorrer no céu entre S. Francisco de Assis, considerado pelos
cristãos o protector dos animais, e o seu divino patrão, quando tomam
conhecimento daquelas preces.
Devem ser mais azedas do que a palhaçada
(ambição do poder) a que vimos assistindo entre o Coelho e o Costa, com a Catarina
e o Jerónimo pendurados no segundo.
Papa Francisco: ao afirmar que “Deus
chora por causa da pedofilia dos clérigos”, então devia dizer que ele não faz
mais nada, já que o citado crime é apenas uma gota de água neste vale de
lágrimas; chego a pensar que esta designação do mundo tenha tido origem na tal
choradeira divina.
Se quer reformar a Igreja de que é chefe
supremo (será?) e não deixá-la atrasar-se cada vez mais em relação ao mundo
actual, terá que fazer uma reviravolta total. Mas, cuidado! Lembre-se do que
aconteceu a João Paulo I, hoje completamente olvidado!
Por mim estou-me nas tintas, como se
costuma dizer.
Embora historicamente próxima, a verdade
é que a Idade Média, técnica e
racionalmente falando, está já muito distante. Hoje sabemos que o número de
estrelas existentes é de dez elevado a sessenta, mais do que todos os grãos de
areia de todas as praias da Terra!
Seria absurdo pensar que só existe um
planeta onde se manifestou a “Criação” e que “no Princípio, Deus fez o Céu e a
Terra” como consta no Primeiro Testamento da Bíblia, esse testemunho da
mitologia hebraica enigmaticamente considerado como sagrado para parte da
Humanidade.
Quando era criança, “ensinaram-me” que
as igrejas eram as casas de Deus e que as trovoadas aconteciam quando “Nosso
Senhor” estava zangado. A mim, parido e educado na capital de um país europeu
em meados do século XX!
Mas, não tenho culpa de ter nascido com
o bichinho da curiosidade e, já crescidote, reparei que as igrejas tinham
pára-raios! E, não foi preciso mais para me tornar céptico a todo o tipo de
dogmatismo.
Felizmente, vivi o suficiente para ver a
revolução que se está a operar no conceito de Cristianismo, graças a
verdadeiros heróis da pesquisa que não fazem como as avestruzes.
Cito apenas três: padres Mário de
Oliveira e Carreira das Neves, e o jornalista e escritor José Rodrigues dos
Santos.
Concluo repetindo: diabos me levem, se
me entendo com gente que acredita sem investigar tudo o que lhe impingem.
Desabafo: “Deixem-me ir sozinho para o
Diabo, ou vão para o Diabo sem mim”! (Fernando Pessoa).