O
GRANDE FOSSO (2).
Depois
de passada a psitacose, que quase me tornou num papagaio igual aos
que falam na televisão, vou explicar o que pretendo dizer com aquele
título. Possivelmente o tema será dividido em partes, já que estou
cada vez mais preguiçoso.
A
meu ver, nunca houve na História do Mundo (entenda-se planeta Terra)
um fosso tão grande entre ricos e pobres, culturas, ciências,
tecnologias, artes, etc.
Por
qualquer razão obscura, aquilo a que chamamos civilização (prefiro
o termo desenvolvimento) começou há cerca de quatro mil anos no
Mediterrâneo Oriental.
De
repente, (em termos históricos, como é óbvio) o ser humano
sai
do nomadismo, funda cidades e começa a descobrir e inventar coisas
até aí inexistentes como, por exemplo, a escrita.
Este
espaço de quatro mil anos, até levou um “maduro” chamado James
Ussher, a afirmar que Deus criou a Terra no dia 23 de Outubro de 4004
a.C. às seis horas da tarde!!!; já o judaísmo avança para 29 de
Março de 3760 a.C., enquanto os Maias recuavam para 29 de Setembro
de 18.490!
Seja
como for, a escrita, as artes e as ciências iam avançando
lentamente, enquanto a população humana pouco crescia em número,
devido às guerras, epidemias e catástrofes naturais. Assim, o
planeta equilibrava-se naturalmente porque não havia interferências
de maior que pusessem em perigo a “Vida na Terra”. Esta situação
durou, pode dizer-se até à invenção da máquina a vapor, no séc.
XVIII. Depois, as coisas precipitaram-se e, em progressão mais que
geométrica, chegámos à loucura actual representada pelas novas
tecnologias. E digo hoje, na verdadeira acepção da palavra, porque
amanhã já outras novidades irão aparecer.
Fazendo
um retrato pessimista e ao mesmo tempo paradoxal, julgo que todos nos
iremos “afogar” brevemente numa 3ª guerra mundial ou numa grande
catástrofe provocada pelos resíduos das tecnologias. Senão,
vejamos:
1-
O grande biólogo David Attenborough, já no princípio deste século,
afirmou que para todos os povos deste planeta terem um nível de vida
igual aos europeus, norte-mericanos, canadianos, australianos e mais
alguns poucos, seriam necessários três planetas iguais ao nosso!
Também
um operador de câmara do National
Geografic, disse
que quando voltou ao Borneo dois anos depois de lá ter estado a
filmar, declarou que teve vontade de chorar quando viu uma enorme
parte da floresta tropical transformada em palmares.
2-
Um economista cujo nome não fixei, afirmou que não se pode
pretender o infinito num planeta finito, o que é lógico.
3-
O nível de vida dos países atrás referidos só são possíveis
devido ao trabalho de milhões de escravos (homens, mulheres e
crianças) que labutam no chamado 3º mundo; e digo escravos, porque
a diferença entre os antigos forçados e os actuais, reside em
ordenados ínfimos em vez da alimentação dada pelos seus donos para
poderem trabalhar.
4-
Os prodigiosos avanços da medicina, fazem com que a longevidade das
populações dos países ditos ricos, ultrapasse o razoável e que
cada vez haja mais velhos do que novos. O pior é que, como diz o meu
médico cardiologista, aumentamos o tempo de vida mas, na maioria dos
casos, não progredimos lhe damos qualidade. Ora isto torna
impossível aumentar os anos de trabalho e, consequentemente,
diminuir o tempo da reforma. Eu, por exemplo, estou de boa saúde mas
com o sistema músculo-esquelético todo “podre”. Reformado há
l6 anos, sabe-se lá quanto os contribuintes vão ter ainda que
desembolsar para pagar a boa reforma que tenho.
Como é óbvio, mesmo
reduzindo, continua-se a contaminar o planeta já demasiadamente
poluído. Fala-se contra os motores “diesel”, avança-se com
automóveis eléctricos, ensaia-se outras fontes de energia, mas eu
pergunto: e os milhares de aviões que todos os dias lançam
toneladas de combustível queimado nas camadas mais altas da
atmosfera? E países como a Índia, para só falar neste, em que as
pessoas usam todo o tipo de veículos, muitos deles a cair de podres,
porque não têm dinheiro para comprar outros?
Alguns
sonhadores ainda estão, tal como eu na adolescência, no mundo da
literatura de ficção científica, em que se carregava num botão e
passava-se de uma galáxia para outra!
Ora,
pondo os pontos nos ii (e também nos jotas que, democraticamente,
também têm direito a ser subjugados por um ponto) as viagens
espaciais estão muito longe daquelas que os autores de ficção
científica adornaram (e de que maneira) os sonhos dos meus “bons
velhos tempos”.
Senão,
vejamos: o único planeta rochoso mais próximo da Terra é Marte. A
única semelhança com a Terra além da atrás mencionada, é a
rotação que executa em cerca de 24 horas e meia. Quanto à
translação, esta é de cerca de dois anos, o que faz com que os
astronautas tenham lá de ficar oito a nove meses. Contando o tempo
de viagem, ida e volta, teremos de acrescentar mais 16 meses, o que
dá aproximadamente dois anos! Fácil, não é?
Mas,
há ainda que ter em conta a atmosfera constituída principalmente
por dióxido de carbono; os robôs que por lá andam já registaram
ventos de mais de mil quilómetros por hora. É por estes motivos que
considero inútil uma expedição humana quando os ditos robôs já
mostraram praticamente tudo o que pretendemos saber sobre o Planeta
Vermelho.
Por
curiosidade, acrescento que fora do nosso Sistema Solar, existe um
planeta rochoso que orbita a estrela “Próxima Centauri”, assim
chamada por pertencer à constelação Centauro e ser a estrela mais
próxima de nós a seguir ao Sol (cerca de 4,2 anos luz).
A
uma velocidade de um quinto da velocidade da luz, ou seja 60.000 Km/s
uma nave levaria vinte anos a lá chegar, e as mensagens ou fotos que
nos enviasse, demorariam 4,2 anos a cá chegar.
É
por isto que considero que estamos irremediavelmente presos neste
famigerado planetazinho, orbitando uma estrela situada num dos
“braços” espirais da Via Láctea.
Assim,
e antes que comecemos a comer-nos uns aos outros passando o “grande
fosso” (até agora tem sido apenas o Mar Mediterrâneo) vou fazer
uma pausa.
............................
Muito
mais poderia dizer sobre este tema, mas julgo que não vale a pena já
que o assunto é conhecido de todos. Por isso, vou falar, ou melhor,
interrogar-me sobre as causas da existência deste “grande fosso”
entre ricos e pobres. Já o faço há alguns anos e não encontro
resposta. A questão é delicada porque vou falar sobre raças
“inferiores” e “superiores”. (Com aspas pode ser que a actual
censura, agora chamada “politicamente correcto”, não me
chateie). Mas isso ficará para o próximo artigo que terá o título
de A EUGENIA.