25/08/2019


A EUGENIA (conclusão).

Em primeiro lugar peço desculpa pela demora em continuar com este tema. O motivo é a preguiça que cada vez se torna mais forte; por este motivo, também espero que me perdoem algumas possíveis repetições, uma vez que não tenho pachorra para reler tudo o que já escrevi. É que quando me dá para tal, escrevo tudo às prestações, e a memória vai escasseando. Levei quase três anos a escrever o meu livro de apenas trezentas e quarenta páginas incluindo fotografias, e que tem por título “A Minha Ida à Guerra Colonial” ou “Como Brinquei com a Tropa”. Foram feitos cento e cinquenta exemplares em edição privada para a família, amigos e antigos colegas. E edição privada, porquê? Primeiro, porque trata-se de uma história pessoal que a só mim e àqueles que referi poderá interessar; segundo, porque nenhuma editora aceitaria publicar um livro sem fazer uma severa censura (hoje chama-se politicamente correcto) já que ofendo o “glorioso” Exército Português, os pretos, os brancos e refiro-me a Angola como “terra vermelha, terra maldita”. Tudo isto em bom vernáculo vicentino!
Mas, vamos ao que interessa.
Se bem me lembro (uso o título daqueles fantásticos programas que Vitorino Nemésio apresentava na RTP) já afirmei que se um historiador quisesse escrever uma História do Mundo (o que conhecemos) sem se referir a guerras e a outros conflitos, o livro ficaria reduzido a poucas páginas.
No caso da Europa as guerras fizeram que o seu mapa político variasse de tal maneira ao longo dos séculos que, comparar um atlas de há poucas décadas com um actual, encontramos uma profusão de cores que mudaram de sítio. Devido o meu interesse inato pela Geografia, já em criança passava horas a ver os atlas pelos quais os meus pais tinham estudado. Depois, no liceu, confrontei-me com mapas de geografia política bastante diferentes daqueles que, à força de tanto ver e rever, tinha decorado; ainda hoje conservo esses atlas bem como os mapas que desenhava e pintava com aguarelas.
É óbvio, que nos outros continentes como a África, a situação só começaria a mudar na segunda metade do século XX mas, como escrevi, vou referir-me apenas à “soberba” Europa.
Exceptuando o Sudeste Asiático, onde se encontram magnificas obras arquitectónicas, acaso poderemos admirar fora da Europa maravilhas como as que se encontram espalhadas por todo o Continente , construidas ao longo de séculos de História conflituosa? Os monumentos da América Pré-Colombiana podem-se comparar, por exemplo, ao Parlamento de Budapeste? E na África Negra? Palhotas e alguns artefactos primitivos para turista comprar.
Poderá argumentar-se que os pretos (perdão, afro-americanos, neologismo importado dos EUA), os índios e oa aborígenes da Austrália eram mais felizes antes da chegada dos europeus; sendo assim, por que é que adoptaram na sua maioria os costumes e toda a maquinaria criada pelo génio dos brancos, os tais que “têm o esperto n’os cabeça”?
A Eugenia, longe de ser uma ciência, procura responder a esta pergunta: porque será que certas raças (perdão, etnias) parem génios (para o melhor e para o pior) e outras não? Sem responder, como é óbvio, a esta pergunta, cito dois exemplos perigosos que atingiram o paroxismo no século passado.
Primeiro, a existência de uma raça superior (a ariana) em detrimento de todas as outras, destinadas à morte e à escravidão; segundo, o Comunismo, uma utopia que pretende a igualdade entre todos e que, posto em prática, teve criar uma polícia política para se manter, até cair como um castelo de cartas. Karl Marx estava profundamente enganado, quando afirmou que o Comunismo nasceria entre as classes evoluídas e industrializadas. Com efeito este só germinou onde reinava a miséria. Alguém já ouviu falar nos partidos comunistas de uma Dinamarca ou de uma Suécia? Eu, não. É no Sul da Europa, desde Portugal à Grécia, que ainda existem alguns pândegos que acreditam nessa “religião”.
Uns tempos atrás, um político europeu disse que os povos do Sul da Europa só pensam em mulheres e vinho. Foi o Diabo! O Mediterrâneo encapelou-se de vergonha ao ouvir tamanha ofensa, e o tal tipo foi obrigado a fazer penitência, justificando-se atrás de uma mera metáfora.
Metáfora, sim; mas que é uma realidade, é. Pela parte que me diz respeito, até achei muita graça. No fim de contas, fizemos a mesma figura dos pretos, para quem é uma espécie de desdém e ofensa serem tratados como tal. Porque é que isto não acontece quando se chama branco a um caucasiano? Só quem esteve algum tempo em África é que pode entender. Mas isso é outra história, e esta retratada no meu livro “secreto”.
Hoje a Europa torna-se asilo daqueles pobres diabos que saíram da escravidão dos brancos para se deixarem escravizar pelos seus próprios irmãos de cor. Mas, o pior é que a Europa vai ficando cada vez mais cheia, o que faz com que a extrema-direita vá ganhando terreno. Como se costuma dizer, cada macaco no seu galho. Se assim não for, não tarda que comecem a haver graves conflitos.
A lei do mais forte e do mais apto começa logo com os espermatozoides; de muitas dezenas de milhões, só poucos conseguem vencer a longa e difícil caminhada que os espera. E destes, só um consegue o seu objectivo, fechando imediatamente a “porta” pois não gosta de concorrências.
É assim este mundo, desde a mais pequena bactéria à maior das baleias.
Soberba e grande em tudo, até serviu para que uma tal Maria (falecida há dois mil anos) aparecesse em alguns locais do seu território; e alberga dentro de si, disfarçada de santidade, a maior máfia do planeta: O VATICANO.

“Eis-aqui , quasi cume da cabeça
De Europa toda, o reino Lusitano;
Onde a terra se acaba, e o mar começa,
E onde Phebo repousa no Oceano.
Este quiz o Céo justo que floreça
Nas armas contra o torpe Mauritano,
Deitando-o de si fóra; e lá na ardente
África estar quieto o não consente.”

“Os Lusíadas”, canto III estância XXI.
Edição de 1865, propriedade do autor.