JOÃO PAULO II NÃO ERA LÚCIDO
E O CARDEAL ALFONSO TRUJILLO ERA MENTIROSO!
Maravilhoso mundo de coincidências! Na altura em que estou a ler o livro de Christopher Hitchens “Deus não é Grande” (como a religião envenena tudo), aparece o Senhor Cardeal Joseph Alois Ratzinger, vulgo Bento XVI, Papa, Sumo Pontífice, Santo Padre, etc., a permitir o uso de preservativos “em certas condições?!" quanto mais não seja para dar maior estímulo aos fabricantes no que respeita a cores, sabores e demais decorações com que esse pedaço de látex pode ser mimoseado. Principalmente quando se trata de um apetrecho que tem a honra de gerar tanta controvérsia e até ser um dedicado amigo da deusa Vénus no que respeita a vestuário. Pena é que o planeta que porta o seu nome não possa ser explorado por astronautas devido às terríveis condições que lá existem. Assim esperamos apenas que um dia sejam importadas gravatas de Marte, já que camisas do outro são impossíveis.
Vem o título deste texto a propósito da declaração do padre Manuel Morujão, da Conferência Episcopal Portuguesa, a quem já aludi neste blogue a propósito do programa “Prós e Contras” dedicado à visita do Papa a Portugal.
Segundo aquele iminente prelado, Bento XVI ao fazer tal concessão, mostra a sua grande lucidez. Logo, das duas uma: ou João Paulo II não era lúcido, e por isso andou a propagar indirectamente a SIDA por este ditoso planeta, ou então fê-lo de propósito, já que para as religiões o mais importante é manter a fé cega dos crentes, por maiores males que daí advenham.
E quanto ao cardeal Alfonso López Trujillo, Presidente do Conselho Pontifício para a Família (pela minha parte não lhe passei nenhuma procuração) que declarou peremptoriamente que os preservativos tinham buracos microscópicos por onde os vírus passavam? Pois é verdade. Ouvi esse senhor, genial obra da criação do deus dele, fazer essa afirmação num programa televisivo, facto que é mencionado no livro de Christopher Hitchens e cuja leitura aconselho vivamente. Mas para quê fazê-lo quando a maioria dos crentes faz como a avestruz ou, melhor dizendo, imitam aqueles que se recusaram a espreitar pelo telescópio de Galileu, com receio de ver que, na verdade, o planeta Júpiter com os seus satélites constitui outro sistema planetário? O espantoso é que esse facto se deu há quatrocentos anos, e hoje continua a haver gente com a mesma mentalidade. Será por medo do Inferno? Mas o anterior Papa acabou com ele, colocando assim o Diabo e respectivos funcionários no desemprego. É a crise!
Se o autor de “Deus não é Grande” fosse português, viriam logo os dois actuais Grandes Inquisidores, que dão pelos nomes de Sousa Lara e Mário David, pedir no mínimo, que mudasse de nacionalidade, já que o tempo das fogueiras é na época festiva dos Santos Populares, e as leis já não permitem churrascos de seres humanos, de preferência vivos, para desgosto de muitos católicos.
Mas a esses dois patuscos senhores já me referi quando escrevi dois longos textos sobre “Caim” de José Saramago. De resto são personagens tão pequeninas perante o genial escritor, que nem merecem qualquer citação, não fosse a cegueira voluntária que manifestam.
No entanto, em todas as polémicas aparecem sempre alguns moderados, espertalhões e com sentido de humor. Foi o caso do padre Carreira das Neves quando afirmou, a propósito do livro “Caim”, que Saramago “inventa, cria e tem direito a isso, porque se o autor é romancista tem direito à ficção”. Depois esclarece que a obra o “encanta porque é uma sátira”. Dou-lhe os mais sinceros parabéns. Muitas vezes a esperteza supera a inteligência. Foi isto que faltou a João Paulo e a Alfonso Trujillo.
E agora vou continuar a ler o aludido livro. Ainda vou no meio, mas confesso que já me provocou o riso mas também vontade de chorar. Porque, às vezes, ter contacto com a realidade nua e crua, transforma-se numa tragicomédia para quem procura manter uma certa lucidez e ver o mundo tal como é, muito longe das “maravilhas” apregoadas por fanáticos para iludir a populaça ignorante e manter a clientela em seu proveito, por mais absurdas que sejam as suas palavras e actos. As tragédias que as religiões provocaram e provocam, superam de tal maneira a comédia, que também esta acaba por se transformar num vale de lágrimas.
E fico por aqui.
Apesar de muitas vezes “andar nas nuvens”, digo como Fernando Pessoa: MERDA, SOU LÚCIDO!
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