29/07/2014

“NE, SUTOR, ULTRA CREPIDAM” : SAPATEIRO, NÃO PASSES DO CALÇADO.

Esta frase, latinizada pelo historiador romano Plínio, o “Velho” (23dC-79dC), é atribuída a Apeles, pintor da Grécia Antiga, (352aC-308aC) que tinha por costume esconder-se quando expunha os seus quadros, mas a distância suficiente para ouvir os comentários daqueles que os contemplavam.
Certo dia, ouviu um sapateiro criticar alguns pormenores das sandálias de uma figura presente num dos quadros expostos. Apeles saiu da sombra e fez as emendas segundo os conselhos do sapateiro. Este, porém, resolveu apontar outros defeitos no quadro, o que motivou a resposta do pintor, que hoje continua a ser sinónimo do provérbio que diz, entre várias versões, “não fales ou não opines sobre assuntos que desconheces”.
É claro que a maioria das pessoas não respeita esta máxima. Eu próprio me penitencio porque já o fiz algumas vezes, quanto mais não fosse pelo gosto de contrariar o interlocutor que, por seu lado, fazia o mesmo. Contudo, procuro sempre não entrar em assuntos sobre os quais, infelizmente, pouco ou nada sei como as artes plásticas; ou, se entro, é para aprender com o interlocutor quando este é versado no assunto.

Este artigo já estava preparado há algum tempo, e destinava-se a divertir os melómanos com uma série de traduções que se encontram na minha colecção de catálogos de discos fonográficos. São de morrer a rir e um autêntico “suplício do disparate”!
Mas isto ficará para próximo tema pois, como prometi, vou dar uma explicação à senhora Inês Gonçalves sobre a órbita da Terra. 
É pouco provável que a leia, mas fico, como de costume, com o fígado mais aliviado. 
Antes, porém, quero dizer que sobre este assunto, escrevi há muitos anos para o semanário “Tal e Qual” por causa de uma apresentadora da “SIC” ter dito o mesmo disparate; a este juntei “pérolas” ditas na mesma altura na televisão, tais como ‘a Nova Guiné ficar situada na África’, ‘haver tigres de Benguela’ e, como era Secretário de Estado da Cultura o senhor Santana Lopes, aproveitei para fazer referência à sua extraordinária e mundialmente famosa “descoberta” dos ‘concertos para violino de Chopin’. Aquele antigo semanário deu-me a honra de publicar o meu texto, acompanhado de um cartoon com a legenda “uma coltura de sucesso”!

A primeira das três leis de Kepler diz o seguinte: as órbitas dos planetas são elipses, ocupando o sol um dos focos. Ao mencionar isto não pretendo que todos os que andaram no liceu se recordem daquelas leis espantosamente descobertas pelo célebre astrónomo quinhentista com os meios rudimentares de que dispunha.
O mais provável é não saberem quem foi Johannes Kepler nem o que é uma elipse (não confundir com a elipse gramatical), um dos três tipos de cónicas juntamente com a hipérbole e a parábola. (Não confundir, também, com as parábolas atribuídas a Jesus Cristo e, por favor, não deturpem a palavra cónica)!
O facto mais simples e notório que advém de as órbitas dos planetas serem elipses, é a variação da distância ao Sol que se verifica nas suas órbitas. Como no caso da Terra a variação é muito pequena (cerca de dois milhões e meio de quilómetros numa órbita média de pouco mais de cento e quarenta e nove milhões) a distância, em termos astronómicos, pode ser considerada quase sem variação. Ora o que faz as diferenças de temperatura anuais, bem como a duração dos dias e das noites, é a inclinação do eixo da Terra cuja superfície recebe, por isso, a radiação solar sob ângulos diferentes. O resultado são as conhecidas estações do ano que todos aprendemos em criança e que a maioria das pessoas julga serem extensíveis a todo o planeta, já que as suas mentes não conseguem sair, geograficamente, do local onde nasceram e vivem. 
Se a senhora Inês Gonçalves pensasse um bocadinho não teria dito aquela asneira, uma vez que no hemisfério sul começava o Inverno! Será que, por artes mágicas, a outra metade da Terra estava mais afastada do Sol? E por onde andavam as regiões equatoriais, que não têm estações do ano? Sem comentários!

Mas, falar primeiro e pensar depois (se é que pensam) é uma propriedade inata à maioria dos seres humanos. Muitos animais, como os cães que por vezes rosnam a quem lhes vais dar mimos, ou abanam a cauda e aproximam-se, prazenteiros, para depois levarem um enxerto de porrada de algumas bestas humanas, fazem o mesmo. Mas estes, segundo se diz, são irracionais! 


(Nota: Qualquer comentário escrito segundo o chamado 'acordo ortográfico' será considerado como tendo erros grosseiros e, como tal, corrigido).

13/07/2014


SEGUNDO UMA APRESENTADORA DA RTP, NO INÍCIO DO VERÃO O SOL ESTÁ MAIS PRÓXIMO DA TERRA!

Embora um pouco fora de tempo, não posso deixar escapar mais uma asneira em que os jornalistas são pródigos.

Foi no dia 20 de Junho que Inês Gonçalves, acompanhada por Jorge Gabriel num programa sobre futebol, em vez de se limitar ao evento (o começo do Verão), resolveu acrescentar que naquela data "A Terra  está mais perto do Sol". É um erro muito comum mas, para quem comunica com os outros, principalmente através de um meio tão abrangente como é a televisão, mais vale estar calado do que dizer asneiras; ou melhor, não fazer comentários sobre o que não sabemos, até porque errare humanum est.

É assim que o disparate, esse autêntico suplício, razão primeira deste blogue, vai correndo de boca em boca até se tornar numa verdade. E, assim, a ignorância expande-se depressa, ao contrário do saber porque, afinal, este só interessa a alguns.

No próximo artigo, cujo título será em latim, explicarei a razão de ser daquele disparate. Apesar de não saber aquela língua dita morta, convenhamos que soa a erudição, por mais falsa que seja. E eu, como humano que sou, também gosto de me exibir.

Entretanto, ponho esta interrogação a quem julga que no solstício de Verão a Terra está mais próxima do Sol: como explicar, então, que no hemisfério Sul comece o Inverno?



(Nota: Qualquer comentário escrito segundo o chamado acordo ortográfico será considerado como tendo erros grosseiros e, como tal, corrigido).



09/07/2014

POLÍTICO NA VARANDA...Comentário

Os Deuses vendem quando dão.
Compra-se a glória com desgraça.
Ai dos felizes, porque são 
Só o que passa!
(Fernando Pessoa in “Mensagem”)


Finalmente, aqui está o meu comentário sobre o artigo que publiquei em Abril. Desta vez não vou deixar que a cerveja, a canonização de novos santos ou as asneiras que se dizem na RTP (esta última será o alvo do próximo artigo) me impeçam de cumprir o prometido.

Durante o tempo que levo até conseguir adormecer, em vez de ler qualquer coisa disparatada como a lista telefónica, deu-me, mais uma vez, para folhear o “Resumo da História de Portugal” da autoria de Tomás de Barros, e oficialmente aprovado pelo regime do Estado Novo (edição de 1948).
Comprei-o há poucos anos, juntamente com outros livros escolares da época em que nasci e onde aprendi o que, oficialmente, se ensinava na instrução primária e no liceu.
Eram os chamados livros únicos que depois de examinados e censurados, eram definitivamente aprovados pelo Ministério da Educação Nacional.
Em boa hora foram reeditados para o saudosismo de velhos como eu, para conhecimento da juventude actual (se é que esta quer saber alguma coisa do tempo em que os pais viveram) e, principalmente, para historiadores não facciosos.
A sua leitura é imensamente pedagógica no aspecto em que, se por um lado mostra a realidade da vida portuguesa naquela época onde havia ordem e respeito, por outro, como se contornava e deturpava a verdade histórica, não fosse esta ofender a “moral e os bons costumes”, a doutrina básica do Estado Novo baseada na trilogia “Deus, Pátria e Família”.

Hoje, e apesar da propaganda anti-salazarista primária que surgiu após a revolução de 25 de Abril, e da qual fui um grande entusiasta como quase todos os portugueses, começo a olhar para trás e a compreender porque a História só se escreve anos depois dos acontecimentos e, na maioria dos casos, se repete.

Ao abrir ao acaso as primeiras páginas referentes à Fundação de Portugal, recordei factos que éramos obrigados a saber de cor e papaguear nos exames das terceira e quarta classes, bem como no de admissão aos liceus.
Decorava-se, repetia-se, e nem nos passava pela cabeça imaginar como a trilogia atrás referida podia justificar as lutas entre familiares para alcançar o poder sob a vigilância de um Deus que protegia alguns em detrimento de outros.
Bastava saber de cor nomes, datas e locais e não fazer perguntas incómodas. Além disto, ainda havia a obrigação de decorar as montanhas, os rios e seus afluentes e as linhas de caminhos-de-ferro, tanto em Portugal Continental como nas Colónias e Ilhas Adjacentes. Aliás, era este o título que encabeçava o mapa do Portugal da época, afixado junto ao quadro preto e acompanhado por uma cruz e as fotografias de Salazar e do presidente Óscar Carmona. Vieram, depois, as de Craveiro Lopes e Américo Thomás, mas a de Salazar permanecia como se fosse eterna.
Todas aquelas lutas, fosse entre pais e filhos, irmãos, sogros e genros e outros graus de parentesco, a que se juntavam os filhos ditos bastardos ou naturais, eram “engolidos” com uma única justificação: o nome de Portugal, pátria de santos e heróis cuja História era a mais bela de todas!

Mas se não se podia explicar o que eram filhos bastardos ou naturais, o autor Tomás de Barros arranjou uma engenhosa maneira de contornar a definição de amante. Refere-se ao conde Fernão Peres de Trava como receptante dos favores de Dona Teresa, mãe de D. Afonso Henriques. E sobre estes ou qualquer outro pormenor mais delicado, não havia que fazer perguntas; até porque o professor poderia ficar embaraçado e, na melhor das hipóteses, mostrar apenas a régua.
E, depois, havia os moiros que, não tendo abraçado a fé cristã como os Visigodos, eram classificados de Infiéis. Era motivo suficiente para lhes roubar as terras que eles, por sua vez, tinham roubado aos que já estavam na Península Ibérica depois de os vencidos terem feito o mesmo aos que já lá se
encontravam, e...etc, etc! Uma variante da conhecida interrogação sobre quem apareceu primeiro: o ovo ou a galinha.

E continuei a folhear o livro, parando aqui e ali, como no episódio de D. Pedro I e Inês de Castro, em D. Sebastião e Alcácer-Quibir ou no assassinato de D. Carlos e de seu filho, poucos anos depois seguido pelo do presidente Sidónio Pais.
Curioso por recordar tantos factos históricos, mas indiferente a toda a série de crimes que a ânsia do poder, a cobiça e a cupidez tornam o ser humano o maior inimigo de si próprio, voltei atrás e detive-me na parte que dá início à era dos Descobrimentos. Aí, pode ler-se: “Portugal sentia necessidade de expandir-se”. “Os filhos mais velhos de D. João I, D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique, querendo mostrar o seu valor militar, resolveram continuar a luta contra os moiros, em África. Por isso, lembraram ao pai a conquista de Ceuta, cidade muçulmana, rica e importante, no norte daquele continente”. (sic)

Isto recordou-me um facto ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, quando Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino-Unido, se encontrou com Theodore Roosevelt, presidente dos Estados Unidos da América, na Terra Nova em 1941.
À rasca com o bloqueio que os submarinos alemães impunham à sua ilha, e que quase fez os Ingleses morrerem de fome, a ideia de Churchill era convencer Roosevelt a entrar na guerra ao lado dos Aliados.
Há um relato de Elliot Roosevelt, filho do presidente que assistiu à reunião, e do qual faço o seguinte resumo: “a certa altura o meu pai fez referência ao Império Britânico e à exploração desses territórios pelos Ingleses sem qualquer
contrapartida”.
“Contrapondo à resposta de Churchill que esses territórios eram intocáveis, pois pertenciam à Coroa Britânica, o meu pai deu a entender que era isso que a Alemanha (Hitler) estava a fazer na Europa”. (texto adaptado).

Quando recordo este episódio interrogo-me porque é que Churchill não lhe atirou à cara o massacre e quase extinção dos índios, comparável à dos judeus, com a única diferença de os métodos utilizados serem outros. Mas, como sabemos, os alemães são um povo altamente industrializado, e, por isso,
utilizaram as câmaras de gás. Estas tinham a grande vantagem de não fazer feridos ou derramar sangue, coisa que horrorizava Himmler, o chefe da polícia política nazi.

Assim, os dois “geniais” políticos, um a pedir socorro e o outro a hesitar na ajuda, teriam ficado empatados, o que não alteraria em nada a máxima que diz: “fazer a guerra para conseguir a paz”; e eu troco esta sequência dizendo: fazer a paz para conseguir a guerra. É outro empate, embora bastante mais pacífico, já que se trata de um simples jogo de palavras.
Quando se lê um livro de História, do princípio ao fim só encontramos alusões a guerras, batalhas, massacres e usurpações festejadas pelos vencedores, e despertando o sentimento de vingança nos vencidos. Esta, se possível, não
tardará a realizar-se, e, de ambos os lados, haverá sempre heróis, por mais ou menos crimes que tenham cometido.
Mas a memória e a ignorância dos homens são curtas. Além disto existem uns pândegos que se incriminam, a si e aos da sua raça (perdão, etnia!), arranjando justificações para tudo e acreditando que todos os homens são iguais.

Citemos, por exemplo, o caso da África. Esses esclarecidos analistas da História, dizem que os conflitos existentes na África se devem ao facto de os brancos terem feito fronteiras “à régua”. É verdade. Mas, será que aqueles povos viviam num autêntico Eldorado antes da chegada dos Europeus? Por
favor: não brinquem comigo.
Quando começou o comércio esclavagista, eram os próprios sobas que vendiam os seus súbditos aos negreiros a troco de algumas missangas, espelhos ou chapéus-de chuva. E, foi preciso ter estado em Angola na Guerra Colonial, paracompreender muitas coisas. Hoje, e apesar de ter tentado fugir a esse conflito, não estou nada arrependido de ter participado nele. Isso dá-me o direito de falar porque estive no local, ou “no terreno”, como agora se diz.

Aos tais pândegos “de biblioteca”, proponho a seguinte questão: será que o “Tratado de Versalhes”, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial não fez o mesmo na Europa?
Desmembrou o Império Austro-Húngaro, já de si uma amálgama de povos, línguas e cultura, para reuni-los em novas fronteiras. Foi dar de mão beijada o pretexto a Hitler para desencadear, pouco mais de vinte anos depois, a Segunda Guerra Mundial.
E isto apesar de os políticos, horrorizados com as primeiras imagens que o cinema realizou no teatro da guerra, terem declarado: “uma loucura destas nunca mais se repetirá!”
Viu-se e continua a ver-se que nem com as mais violentas imagens de morte e destruição hoje acessíveis a todos, o homem não consegue viver em paz. Não passamos de seres vivos tais como os outros, que necessitam de “espaço vital”
para sobreviver, seja de que modo for.

Em criança tive de aturar aquela “cançoneta”, ainda hoje em moda em Fátima que, a certa altura, diz assim: “imaculada rainha do céu...faz com que a guerra acabe na terra”.
Mas essa rainha, não sei de que galáxia ou se de todas, ou é surda ou está-se nas tintas para este minúsculo e disparatado planeta. Porém, parece-me muito mais plausível e justo atribuir essa incapacidade ao facto de essa mulher, mãe de vários filhos entre os quais um chamado Jesus, ter morrido há vinte séculos. E isto se é que na verdade, tal dama existiu.
É esta a verdadeira História do Mundo onde, só por excepção, surge um político, um governante, um chefe, ou como lhe queiram chamar, HONESTO!
Mas, seja ele quem for, a populaça (na praça) aplaude sempre qualquer aventureiro que apareça a proclamar mundos e fundos e que as coisas vão melhorar. Para ele, familiares e amigos, como é óbvio.

E, continuando a folhear a História de Portugal, detive-me nas últimas páginas onde surge a figura de Salazar. O motivo deve-se, talvez, ao facto de ter sido “educado” por ele. Por isso voltarei a referir-me a este período da nossa História num dos próximos artigos que terá por título “40 anos após o 25 de
Abril”. Entrementes surgirá uma pequena crítica à jornalista da RTP Inês Gonçalves sobre o começo do Verão.

Conclusão:
Para quê mais citações históricas? Só os idealistas é que dizem que caminhamos para um mundo melhor. Tecnologicamente isto é verdade mas, tal como tudo, a tecnologia serve as duas forças opostas, o bem e o mal. Mas, pergunto: onde está a fronteira? Será que algum dos chamados filósofos consegue defini-la com exactidão?

A realidade é que cada um puxa a brasa à sua sardinha. Seja por razões económicas, territoriais ou hierarquia social. O problema é que, e principalmente nesta última, aplica-se o “Princípio de Peter”. Mas a populaça (na praça) não sabe ́, nem quer saber, o que é. Crer, crer e mais crer, mesmo sem ver, em tudo que lhe impingem.

O ser humano, como todo o ser vivo, é um ladrão porque não pode sobreviver sem se alimentar à custa de outros seres. A vida, tal como a conhecemos, tem de alimentar-se de si própria, senão não consegue sobreviver. Não sei o porquê nem para quê existe esta força inata, mas quem souber a explicação, peço que me elucide. Imploro, apenas, que não me venha com a chamada metafísica. Como escreveu Fernando Pessoa, esta “é uma consequência de estar mal disposto” e já me chegam as indisposições que tenho.

Para atingir o Eldorado, seria necessário desumanizar o homem. Mas, e voltando a citar o poeta, isso exigiria “um estudo profundo, uma aprendizagem de desaprender”.
Nós, europeus, que vivemos actualmente num mundo onde nada falta (comparado com a miséria e os esqueletos vivos das crianças da maior parte do mundo), continuamos a queixarmo-nos de tudo e de todos, quanto mais não seja porque a máquina de lavar se avariou, ou porque o preço de tal produto subiu. Será que pensam no trabalho quase escravo dos que o fabricaram nos chamados países emergentes, ou nos lucros que intermediários e revendedores obtêm? Claro que não! Isso não interessa porque essa gente está muito longe, e ninguém quer baixar de cavalo para burro. Se tenho quatro televisores em casa, como é que vou viver só com três devido a avaria de um deles?
Neste aspecto nós, Portugueses, somos useiros e vezeiros nas lamentações e comparações erradas. Frases como “isto é que vai uma crise”, lá fora é que é bom”, “coisas destas só neste país”, etc. fazem parte do reportório das lamúrias nacionais.
Porém, a verdade é que, para melhor ou para pior, vamos fazer nove séculos de História; e, com algumas pequenas variações, temos as mais antigas fronteiras do mundo! E, embora a nossa privilegiada posição geográfica seja uma das razões, a verdade é que há mais de duzentos anos não sofremos a humilhação de ver o nosso Portugal ocupado ou partilhado por abutres vencedores de todas as guerras que são o dia-a-dia da Humanidade. Como única excepção, temos a ocupação espanhola do tempo dos “Filipes” mas da qual, (rapidamente em termos históricos) nos livrámos. Até fomos reconquistar Angola e o Brasil aos Holandeses, além de termos aguentado a Guerra da Restauração durante vinte e oito anos.

E vou ficar por aqui. Para contradições naquilo que penso e escrevo, já basta nunca me ter entendido com este mundo, o maldito, famigerado ou disparatado planeta, como costumo chamá-lo.

Para mais esclarecimentos, sugiro às pessoas que leiam História. Isto apesar de todas as inexactidões e incoerências que contém.


Nota: Qualquer comentário a este artigo escrito segundo a ortografia do chamado Novo Acordo Ortográfico, será considerado como contendo erros grosseiros e, como tal, corrigido.