11/06/2015

EM 2017 VEM AÍ O CHICO.
OREMOS!

Habemos Papam!
Estas palavras em latim, eram pronunciadas pelos tipos que, depois da bronca da papisa Joana, confirmavam que o papa eleito por “inspiração divina” era macho!
Para isso, o representante na Terra do “astronauta” Jesus Cristo tinha que se sentar numa cadeira com um buraco em que os penduricalhos (vulgo testículos e não só) faziam jus àquele nome.
Para quem conhecia instrumentos musicais, a tarefa talvez fosse mais fácil, já que poderia distinguir com um simples toque se se tratava de uma gaita-de-foles ou de uma gaita-de-beiços. Assim, a hipótese de o eleito ser capado era imediatamente excluída. Tinham-lhos cortado, mas era homem. Deo gratias!

Vem isto a propósito da anunciada visita do papa Francisco a Portugal, no centenário das “aparições” de Fátima. Cada qual engole o que quer ou é obrigado a engolir, nem que seja por questões de sobrevivência ou de não querer ser desmancha-prazeres.
Se eu for vivo, e ainda existir o programa da RTP “Prós-e-Contras” ou similar, terei a oportunidade de blasfemar mais uma vez sobre a visita de mais um papa “que mudou o mundo”!
Talvez nesse já tão próximo ano (o tempo passa a correr) até tenhamos Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República. Desta vez a saudar tão augusta visita, não apenas com o seu característico “nós, os católicos”, mas em nome de toda a Nação Portuguesa. Mas, seja quem for, (há vários pretendentes ao poleiro do “Palácio dos Pasteis”), será sempre melhor que o senhor Aníbal, pelo menos no que respeita a cultura e saber portar-se em público.

E virão milhares de peregrinos despejar os seus bolsos para gáudio dos comerciantes de Fátima (não os condeno porque andamos todos ao mesmo) e enriquecimento da 'máfia' do Vaticano e de todos os corruptos e ladrões que se governam à custa da chamada democracia (à portuguesa).
É claro que o facto de ter ou não testículos, é apenas uma convenção de poder aliada à masculinidade. Não sei se o papa Francisco os tem e como os usa, além de ter, como todos os homens, o problema de arrumá-los nas cuecas. Há sempre o esquerdo que, mais proeminente que o companheiro, tende a escapar daquela peça de roupa que os aprisiona.
Mas, com ou sem eles, e pelo menos até hoje, o Sr. Francisco não teve coragem para seguir o exemplo do filme “As Sandálias do Pescador”, protagonizado por esse génio do cinema que foi Anthony Quinn. Até porque pode acontecer-lhe aparecer morto na cama, como João Paulo I!
Assim, toneladas de cera (ou estearina) serão queimadas e recicladas, e toneladas de souvenires, incluindo os comprados na “sex-shop” local, livrarão os crentes da maldição do extinto Inferno.

E, a terminar e como é costume, teremos lágrimas e lenços no 'adeus à virgem'. Como é de gesso, é natural que se mantenha nesse estado “puro”, com a magnífica coroa, maior que a cabeça, enfiada na dita.
Até pode ser que o sol volte a “dançar”. Não se esqueçam que hoje, com as novas tecnologias, é fácil fazê-lo bailar em qualquer ritmo, mesmo sem o regime de aguaceiros que ocorria naquele dia treze de Outubro de 1917. Qualquer pessoa com um mínimo de aptidão para a meteorologia, pode observar esse fenómeno quando as condições são favoráveis; são semelhantes às que provocam os arco-íris. Mas, mesmo que apareça qualquer deles, tornar-se-á num milagre.

E termino pedindo que urinemos pela próxima visita papal.

Nota
Depois de rever o texto, peço desculpa aos crentes, mas a verdade é que queria escrever OREMOS! A culpa foi da bexiga que começou a apitar avisando que estava repleta de cerveja.

 ***
(Adenda)

«Parecer da Santa e Geral Inquisição:

"Já é tempo que este nosso querido irmão, que o demo possui, abjure das suas heresias. Mas, se continuar, seremos forçados a entregá-lo ao Braço Secular pedindo, com é hábito do Santo Ofício, solicitar compaixão e piedade para com esta alma perdida.
Assim, pedimos que, no caso de não haver arrependimento, a lenha utilizada na fogueira, seja composta por ramos verdes, para não provocar um súbito e incómodo aquecimento."

Os Inquisidores deste Estado (dito) Laico:

Kruz Abecassis, o destruidor do Cine-teatro Monumental, que em 1988 ameaçou destruir o cinema que apresentou o filme "Je vous salue Marie". Já falecido, mas que lá do além deve recordar o incêndio do Chiado e os canteiros que 'plantou' na Rua do Carmo e muito dificultaram a passagem dos bombeiros aquando do grande incêndio de Agosto de 1988.  
Sousa Lara, que mandou cortar o escritor José Saramago da lista dos candidatos ao Prémio Literário Europeu
Mário David, que exortou José Saramago a renunciar à cidadania portuguesa por se sentir "envergonhado" com as declarações do Nobel da Literatura sobre a Bíblia. »



04/06/2015

POR FAVOR, NÃO DIGAM CORÃO!

No primeiro artigo deste blogue inventei um pequeno texto sobre este tema e expliquei porque é que o artigo invariável árabe “al” é um prefixo que não pode ser omitido nas cerca de seiscentas palavras portuguesas derivadas daquela língua.
Até o Dr. Suleiman Valy Mamede, presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, explicou isso no prefácio da edição do Alcorão que possuo.
Mas, volta e meia, temos de ouvir muitos jornalistas a omitirem aquele prefixo, imitando, como sempre, o que ouvem noutras línguas. Excepto em espanhol, como é evidente por razões históricas.
Trata-se de mais alguns “apátridas da língua”, como tão bem classificou Pacheco Pereira em relação aos que adoptaram o chamado acordo ortográfico.

É gente mais papista que o papa ou ignorante, uma vez que (julgo eu, pois já não sei nada) tal asneira não faz parte das outras que proliferam no aludido acordo.
Sei que muitos jornalistas estão contra mais esta traição à nossa língua, mas têm de cumprir as ordens dos directores, por sua vez lacaios do Poder. No fim de contas, é preciso ganhar a vida.
Num exemplar de “O Correio da Manhã” que, como já escrevi, folheio uma vez por semana num clube que frequento, li um artigo do excelentíssimo vice-director daquele jornal, onde dizia que “era preciso acabar com a distinção entre os que seguem, ou não, a ‘nova ortografia’”. Mas, quem é esse senhor para emitir semelhante opinião? Cumpra as ordens e não critique os outros, ou talvez fosse melhor ir plantar batatas, porque há muita fome no mundo.

Hoje telefonei a uma velha amiga, ‘velha’ de mais de cinquenta anos, que reside no Brasil e aproveitei para saber o que por lá se diz sobre o assunto.
Fiquei a saber que cada qual escreve como quer (incluindo a imprensa) e, como já calculava pelo que se lê na Internet a maioria não acerta numa palavra.
Falei depois com outra amiga que é tradutora, e que tem recebido reclamações do estrangeiro devido aos supostos “erros” que estão a surgir nas traduções. Quando esclarecidos, os Ingleses acham tudo muito estranho e confuso!
E concluiu: “o que diriam os norte-americanos, os australianos e demais países de língua oficial inglesa, se a Inglaterra modificasse a sua grafia e quisesse chegar a acordo com eles?” O mais provável era fazerem 'aquele gesto' bem português atribuído a Rafael Bordalo Pinheiro.
Querem apostar que nos países da chamada Comunidade de Povos de Língua Portuguesa, acaba por ficar tudo em águas de bacalhau, pois não é com a assinatura de um político que se impõe uma língua ou um modo de escrever?
Se isso acontecer, lá ficaremos mais uma vez “orgulhosamente sós” impregnados de saudade e empenhados, não só em dinheiro, mas em arranjar outro modo de voltarmos ao tempo das caravelas.

Nota:
Para quem não queira procurar no blogue o que escrevi a respeito da palavra ‘Alcorão’, vejam o excerto a seguir. 
“Presunção e água benta, cada qual toma a que quer”, lá diz o velho rifão.

 (Excerto)
Uma vez resolvi passar um fim-de-semana em ‘Bufeira, no ‘Garve.
Assim, abandonei cedo as ‘mofadas, vesti uma camisola de ‘godão, meti algum dinheiro na’gibeir, e lá fui na minha carripana.
Passei o vale de ‘Cântara, atravessei a ponte dita 25 de Abril, e deixei ‘Mada para trás.
Chegado a ‘Cácer do Sal, parei para comer umas ‘môndegas de ‘catra, acompanhadas de com salada de ‘face temperada com um excelente ‘zeite*.
Prossegui viagem, e tendo passado por ‘Justrel, aproveitei para beber uma cerveja sem ‘cool e ver uma antiga ‘zenha*
Finalmente cheguei a ‘Bufeira onde, para meu espanto, não encontrei nenhum odor relacionado com essa palavra, a qual parece mais empestar a Língua Portuguesa do que as narinas dos cidadãos!

*O alfabeto árabe distingue dois tipos de consoantes, as lunares e as solares.
Se a primeira consoante for lunar soará “al”. (Ex. al-qaçr);
Se for solar, o “l” passa a “z”. (Ex. az-zait).