PARABÉNS, PADRE MÁRIO DE OLIVEIRA!
Parabéns e todas as saudações possíveis
a um padre que tem a coragem de desafiar o mito de Fátima que os seus chefes
impõem. E quantos mais haverá que, por medo, fanatismo, sadismo ou vergonha não
são capazes de fazer o mesmo.
“Conheci” o padre Mário num programa do
canal Odisseia, transmitido em 2008 e que, felizmente, gravei devido ao
interesse do tema focado: FÁTIMA!
Há dias soube que tinha saído um livro
escrito por um padre chamado Mário de Oliveira, com o sugestivo título “Fátima
S.A.”
Curioso, procurei na Internet informações sobre o autor e, quando o
vi durante uma entrevista televisiva, notei que aquela cara não me era
estranha.
Revi o programa gravado e tive o prazer
de verificar que era o mesmo padre que, com linguagem maravilhosamente simples
e chamando as coisas pelos seus nomes sem qualquer receio, punha a nu toda a
fantochada do “teatrinho das aparições”.
Já o escritor João Ilharco, no tempo da
chamada ‘primavera marcelista’, publicara um livro intitulado “Fátima
Desmascarada” que consegui adquirir à socapa. Ainda hoje faz parte da minha
biblioteca.
Passado tanto tempo, apenas me lembrava
dele quando era “apanhado” pelas intermináveis transmissões que a televisão
pública deste Estado, dito laico, oferece aos telespectadores a troco da taxa e
da publicidade, tantas vezes enganosa.
Tive agora a grata satisfação de comprar
o livro do Padre Mário de Oliveira e tomar conhecimento de que já escrevera
outro intitulado “Fátima Nunca Mais”, que vou comprar a seguir.
A minha satisfação aumentou (e
espantou-me) ao saber que o primeiro teve onze edições e que o actual, embora
saído há apenas três meses, já vai na terceira! Parece de haver muita gente a
querer abrir os olhos, embora eu não partilhe desse optimismo; maior que o
Universo, só a crendice humana.
Recordo, a este propósito, uma frase que
li quando era garoto num livro de ficção científica e que já citei neste
blogue: “todos aqueles que não têm espírito de crítica por tudo o que julgam
ter uma certeza ou uma finalidade, estão condenados a alimentarem-se de
sombras”!
Mas o ser humano, como disse José
Saramago, precisa de acreditar em alguma coisa; concordo plenamente, porque as
pessoas têm de se entreter seja com o que for para quebrar a rotina e as
religiões, sendo o “ópio do povo”, são o que melhor se presta a esse objectivo.
Porém, o que me irrita é quando as
crenças atingem as raias do absurdo e, por imposição própria ou por terceiros (como
aconteceu comigo), têm de ser aceites como um dogma.
Aos poucos que lutam contra estes tipos
de droga, resta a consolação do apoio de uma minoria que, pelo menos, duvida e,
por isso, investiga.
É o caso do Padre Mário de Oliveira, em
relação às “aparições de Fátima”, mas crente em Deus.
Por mim, e como tenho escrito, sou
agnóstico. Não posso provar que Deus existe como também não posso afirmar que
não.
Mas, no Deus da Bíblia é que não
acredito mesmo. As contradições entre as suas qualidades e o mundo que vemos são
tantas, que nem merecem qualquer debate sobre o assunto.
Religiões, aparições, milagres, bruxarias,
astrologia e afins, são temas que ninguém consegue impingir-me. Tentaram
fazê-lo quando era garoto mas, felizmente, nasci com o dom de tentar esclarecer
as coisas e não aceitar princípio algum que não possa ser explicado. Se não é,
então fico na dúvida; prefiro isso a viver enganado.
A designação de “virgem parideira” usada
pelo Padre Mário de Oliveira fez-me rir. E até está certo, já que, embora
continue virgem, condição fundamental que a igreja de Roma exige para a “decência”
das mulheres, teve mais filhos como a Bíblia refere. Mas, isso é tabu! (Mas,
por que diabo me lembrei de um tal Aníbal? Já é obsessão!)
Por tudo isto tenha cuidado, Padre Mário
de Oliveira. Olhe que os actuais inquisidores estão atentos. Se fanáticos como
Sousa Lara ou Mário David, são conhecidos porque, como muitos outros, se meteram
na política para “caírem para cima” se fizerem asneiras, outros estão na sombra
esperando a oportunidade para o atacar. Valha-lhe a sorte de não ser famoso e de
não ter recebido o Prémio Nobel da Literatura.
Tal como outras situações, as religiões
são uma das maiores causas de guerras. O que hoje se passa com o chamado
“estado islâmico” não é mais do que a continuação da história.
Muçulmanos atacam Muçulmanos (e não só
os que não o são), como os Cristãos fizeram entre si na “matança da Noite de S.
Bartolomeu” iniciada em Paris em Agosto de 1572 e que se prolongou por toda a
França durante meses. François Dubois pintou um quadro sobre esse tema que se
tornou célebre.
Se Cristo e Maomé voltassem a este
mundo, certamente que ficariam horrorizados ao verem no que se tornaram as suas
mensagens de harmonia entre os homens.
E, para terminar, vou referir dois casos
relacionados com Fátima e que testemunhei.
A minha mãe, irmã e avó materna, com
quem vivia, eram católicas praticantes, tal como toda a minha grande família.
Que eu saiba, apenas o meu pai não era
uma coisa nem outra, embora não o manifestasse devido ao seu temperamento
conciliador.
Um dia, era eu ainda criança, a minha
mãe convenceu o meu pai a ir a Fátima para falar com a mãe de Lúcia.
Eu também fui e, ao fim de longas horas
pelas estradas da época, chegámos a Fátima.
Uma vez encontrada a morada da mãe da
“vidente” que se encontrava sequestrada, situação que manteve até ao fim da
vida, deparámos com uma senhora velhinha, vestida de preto, sentada em frente
de uma casita.
Às perguntas que a minha mãe lhe fez,
recordo apenas esta frase como resposta: “eu ouvia a minha filha a falar”. É
curioso como da ‘entrevista’, que a pobre velhota devia repetir a todos os que
a procuravam, só aquela frase me venha à cabeça. Do “outro lado” parecia não
haver interlocutor.
Este facto foi comentado pelo meu pai,
já durante o regresso a Lisboa, e julgo que a minha mãe “engoliu em seco”, mas
até ao fim da sua vida continuou com a sua crença.
O segundo caso deu-se alguns anos
depois, era já adolescente e céptico com tudo o que se relacionasse com
religiões.
Nessa época tínhamos uma mulher-a-dias que
foi convencida pela minha mãe e avó a ir a Fátima, não me recordo porque
motivo.
Como o marido tinha uma lambretta (espécie de moto muito em voga
nos anos cinquenta), resolveram fazer a viagem. Mas as coisas correram mal; uma
avaria abortou as suas intenções peregrinas e voltaram para trás.
Muito agastada, a mulher contou o que se
passara e disse que nunca mais se meteria em semelhante aventura.
A minha mãe ainda tentou explicar-lhe
que “nossa senhora” tem por hábito testar as pessoas para pôr à prova a sua fé
mas, espertalhona como era, a mulher não se deixou convencer.
E tinha razão! Como são estranhas as
religiões que apregoam a omnisciência das suas divindades, mas reconhecem que
não prevêem o futuro.
E concluo, citando o velho provérbio relembrado
pelo Padre Mário de Oliveira no seu livro: “fia-te na virgem e não corras;
verás o tombo que levas”.
Deve ser por isto que, apesar da sua fé,
pelo seguro, os peregrinos caminham pelo lado esquerdo da estrada, o que,
aliás, não impede os acidentes. Coisas…
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