PARA QUE NOS SERVE A TROPA, OFICIALMENTE
CHAMADA EXÉRCITO?
O País arde nos Verões, os criminosos
roubam e matam, nos chamados bairros problemáticos a polícia é insultada e
agredida; e quem é que faz frente a estas desgraças que atingiram o Portugal
dito democrático?
São os bombeiros, a GNR e a PSP que
acodem com sacrifício da própria vida (e o número de mortes já não tem conta,
enquanto a tropa (perdão, o exército) passa a vida a descansar
Curiosamente, no ‘meu tempo’, ainda
havia muitos comboios que eram puxados por locomotivas a vapor e deitavam fagulhas, além de que o “portuga”,
sempre habituado a deitar fora o que não prestava (como seja escarrar no chão
como se fosse a coisa mais natural do mundo) atirava as “beatas” pela janela do
carro. E, só muito raramente, havia incêndios florestais.
O maior de que me recordo, ocorreu em
1966 na serra de Sintra, onde morreram 25 militares (possivelmente, na sua
maioria milicianos) que, sem preparação para uma luta daquele tipo, se deixaram
cercar pelas chamas.
Por essa altura, estava eu apenas há
dois meses na “porca da terra”, como costumo designar o território chamado
Angola, a cumprir o chamado serviço militar obrigatório.
Lembro-me de, consternado, ver na capa
de um semanário daquela parvónia que se chamava “Notícia”, uma imagem da
tragédia com o título: “A serra de Sintra desapareceu”! (Sempre o exagero desses
amplificadores de catástrofes chamados jornalistas!)
Mas, voltemos à vaca fria, aliás gelada,
porque da tropa (exército) nada vem de produtivo. Se ao menos se mantivesse
nesse estado físico, apenas gastaria electricidade, mas a verdade é que o seu
peso no orçamento o Estado é muitíssimo maior.
No tempo da “antiga senhora” havia
guardas florestais que faziam a manutenção das matas, e também os cantoneiros com os seus chapéus característicos
que, uma vez por outra, encontrávamos nas estreitas, mas asfaltadas estradas
que Salazar mandara construir. Afadigadamente procuravam e tapavam os
buracos que encontravam, saudando sempre os condutores dos poucos automóveis
que por eles passavam.
Eram outros tempos e o progresso não
perdoa. A essas pequenas vias de comunicação sucederam-se as auto-estradas e as
vias rápidas e, também, como consequência dos novos tempos, a chamada “época
dos incêndios”, coincidindo, ironicamente, com a irmã mais velha, a época
balnear.
Em face disto pergunto, no meu modesto
saber apimentado por um antimilitarismo primário, qual é a ocupação da tropa
(exército) em tempo de paz?
Porque é que morrem bombeiros e
elementos da GNR enquanto a tropa (exército) se mantém, placidamente, nos
quarteis, embora tenha jurado defender a Pátria até à última gota de sangue?
Será que a Pátria a arder não merece ser defendida?
Porque é que essa tropa (exército) faz
manifestações, proibidas pelo seu estatuto de militares, alegando estar
descontente? E descontente de quê?
Citando Miguel de Sousa Tavares,
pergunto como é que se pode estar descontente quando se tem emprego e reforma
vitalícios?
Como será o dia-a-dia de um soldado, de
um sargento, de um oficial e de toda a enorme hierarquia dessa tropa? (não digo
fandanga porque ela marcha a quatro tempos, enquanto o fandango é em compasso
ternário)
Brincar aos polícias e ladrões ou a
índios e cowboys como todos os da minha geração fizeram, justificando isso como sendo manobras ou exercícios?
Porque é que os Governos não têm coragem
de cortar a sério nas despesas com a chamada defesa e aplicar esses milhões na
saúde, na educação e na investigação científica, evitando que os nossos
melhores cérebros tenham que emigrar? Será que têm medo que a tropa (exército)
volte a fazer novos 28 de Maio ou 25 de Abril?
Porque é que esses funcionários públicos
são diferentes dos outros e constituem um estado dentro do estado, dividindo os
cidadãos em civis e militares?
Se a Força Aérea e a Marinha ainda fazem
alguma coisa, como salvamentos e vigiar o nosso espaço aéreo e a costa marítima
(mesmo sem os tristemente célebres submarinos que custaram um balúrdio à Nação
e se encontram parados) porque não “modernizar” a tropa (exército) instruindo-a
nas funções de bombeiros, vigilantes e limpadores das matas florestais e até,
porque não, auxiliando a Polícia e a GNR na caça a criminosos, como deveria
estar a acontecer neste momento em que se procura apanhar um assassino?
Depois disto tudo, veio-me à ideia o
caso da Costa Rica, que extinguiu as Forças Armadas. Segundo disse o oceanógrafo
Jacques Yves Cousteau num dos seus maravilhosos documentários, foi um general o
autor de tamanho feito! Estranho paradoxo este!
E fico por aqui, não vá aparecer por aí
algum militar descontente para me dar tautau.
Nota: Se muito boa gente (e também má)
ficou zangada por ter chamado a Angola “porca da terra”, convido-a a ver no youtube o vídeo “Reportagem do New York Times
Mostra A Corrupção do Governo Angolano”. Divulguem o mais que puderem.