28/10/2016

“PRAIA-MAR” E “CLIMATÉRICO”!

Estas duas “pérolas” ouvi ontem no noticiário da “SIC”.
É preia-mar e não “praia-mar”, como muita gente, erradamente diz. Preia provém do português antigo e deriva do latim plena, feminino do adjectivo plenus (pleno, cheio) + maris (mar).
Quanto a “climatérico” referindo-se ao clima, embora admitido por alguns dicionários, tanto antigos como modernos, não passa de um galicismo inútil, já que temos as palavras “climático” e “climatológico” como substitutos.
Se bem me lembro, foi o saudoso Prof. Anthimio de Azevedo que explicou porque é que o termo “climatérico” não deve ser usado em português E, a verdade, é que os meteorologistas nunca utilizam aquele galicismo.


19/10/2016

PARA QUE NOS SERVE A TROPA, OFICIALMENTE CHAMADA EXÉRCITO?

O País arde nos Verões, os criminosos roubam e matam, nos chamados bairros problemáticos a polícia é insultada e agredida; e quem é que faz frente a estas desgraças que atingiram o Portugal dito democrático?
São os bombeiros, a GNR e a PSP que acodem com sacrifício da própria vida (e o número de mortes já não tem conta, enquanto a tropa (perdão, o exército) passa a vida a descansar
Curiosamente, no ‘meu tempo’, ainda havia muitos comboios que eram puxados por locomotivas a vapor e deitavam fagulhas, além de que o “portuga”, sempre habituado a deitar fora o que não prestava (como seja escarrar no chão como se fosse a coisa mais natural do mundo) atirava as “beatas” pela janela do carro. E, só muito raramente, havia incêndios florestais.
O maior de que me recordo, ocorreu em 1966 na serra de Sintra, onde morreram 25 militares (possivelmente, na sua maioria milicianos) que, sem preparação para uma luta daquele tipo, se deixaram cercar pelas chamas.
Por essa altura, estava eu apenas há dois meses na “porca da terra”, como costumo designar o território chamado Angola, a cumprir o chamado serviço militar obrigatório.
Lembro-me de, consternado, ver na capa de um semanário daquela parvónia que se chamava “Notícia”, uma imagem da tragédia com o título: “A serra de Sintra desapareceu”! (Sempre o exagero desses amplificadores de catástrofes chamados jornalistas!)
Mas, voltemos à vaca fria, aliás gelada, porque da tropa (exército) nada vem de produtivo. Se ao menos se mantivesse nesse estado físico, apenas gastaria electricidade, mas a verdade é que o seu peso no orçamento o Estado é muitíssimo maior.
No tempo da “antiga senhora” havia guardas florestais que faziam a manutenção das matas, e também os cantoneiros com os seus chapéus característicos que, uma vez por outra, encontrávamos nas estreitas, mas asfaltadas estradas que Salazar mandara construir. Afadigadamente procuravam e tapavam os buracos que encontravam, saudando sempre os condutores dos poucos automóveis que por eles passavam.
Eram outros tempos e o progresso não perdoa. A essas pequenas vias de comunicação sucederam-se as auto-estradas e as vias rápidas e, também, como consequência dos novos tempos, a chamada “época dos incêndios”, coincidindo, ironicamente, com a irmã mais velha, a época balnear.
Em face disto pergunto, no meu modesto saber apimentado por um antimilitarismo primário, qual é a ocupação da tropa (exército) em tempo de paz?
Porque é que morrem bombeiros e elementos da GNR enquanto a tropa (exército) se mantém, placidamente, nos quarteis, embora tenha jurado defender a Pátria até à última gota de sangue? Será que a Pátria a arder não merece ser defendida?
Porque é que essa tropa (exército) faz manifestações, proibidas pelo seu estatuto de militares, alegando estar descontente? E descontente de quê?
Citando Miguel de Sousa Tavares, pergunto como é que se pode estar descontente quando se tem emprego e reforma vitalícios?
Como será o dia-a-dia de um soldado, de um sargento, de um oficial e de toda a enorme hierarquia dessa tropa? (não digo fandanga porque ela marcha a quatro tempos, enquanto o fandango é em compasso ternário)
Brincar aos polícias e ladrões ou a índios e cowboys como todos os da minha geração fizeram, justificando isso como sendo manobras ou exercícios?
Porque é que os Governos não têm coragem de cortar a sério nas despesas com a chamada defesa e aplicar esses milhões na saúde, na educação e na investigação científica, evitando que os nossos melhores cérebros tenham que emigrar? Será que têm medo que a tropa (exército) volte a fazer novos 28 de Maio ou 25 de Abril?
Porque é que esses funcionários públicos são diferentes dos outros e constituem um estado dentro do estado, dividindo os cidadãos em civis e militares?
Se a Força Aérea e a Marinha ainda fazem alguma coisa, como salvamentos e vigiar o nosso espaço aéreo e a costa marítima (mesmo sem os tristemente célebres submarinos que custaram um balúrdio à Nação e se encontram parados) porque não “modernizar” a tropa (exército) instruindo-a nas funções de bombeiros, vigilantes e limpadores das matas florestais e até, porque não, auxiliando a Polícia e a GNR na caça a criminosos, como deveria estar a acontecer neste momento em que se procura apanhar um assassino?
Depois disto tudo, veio-me à ideia o caso da Costa Rica, que extinguiu as Forças Armadas. Segundo disse o oceanógrafo Jacques Yves Cousteau num dos seus maravilhosos documentários, foi um general o autor de tamanho feito! Estranho paradoxo este!
E fico por aqui, não vá aparecer por aí algum militar descontente para me dar tautau.

Nota: Se muito boa gente (e também má) ficou zangada por ter chamado a Angola “porca da terra”, convido-a a ver no youtube o vídeo “Reportagem do New York Times Mostra A Corrupção do Governo Angolano”. Divulguem o mais que puderem.