19/07/2020


CUIDADO! A NOVA CENSURA ESPREITA!

Chamem-lhe censura ou politicamente correcto. Mas, a verdade é que ela está aí. Nos tempos do Estado Novo, apenas não se podia dizer mal do Governo ou praticar actos contra a segurança do Estado. Pelo menos sabia-se onde estava o risco. Agora tenta-se regular palavras e atitudes para convencer que todos os cidadão são iguais, ou melhor, para que as minorias dominem Portugal. Por isso, aqui vão alguns conselhos:

1- Nunca te refiras a um preto como tal, mesmo que ele seja castanho, mulato ou cabrito. Excepção: Podes dizer que um branco é branco, mesmo que ele esteja chamuscado pelo sol.
2- Se fores branco e naturista, já verificaste que o pénis quando fica erecto, toma o aspecto de um chouriço com aneis brancos e castanhos. Por isso, avisa primeiro a tipa com quem vais ter relações, não vá ela fugir a berrar que fizeste vários enxertos de pilas de brancos e pretos. De qualquer modo, seria uma excelente prova de anti-racismo.
3- Nunca digas raça nem qualquer outro termo que faça a distinção entre os seres humanos. Podes dizer etnia mas é de evitar, pelo menos na comunicação social.
4- Nunca te refiras a um indiano como monhé, e jamais cites o velho ditado que diz que se vires uma cobra e um indiano, mata este último e deixa a cobra em paz.
5- Nunca utilizes a palavra ciganice, pois isso pode ofender essa etnia que, segundo as más línguas, a maioria se dedica ao contrabando e vive em acampamentos rodeados de toda a sucata que encontra.
6- Nunca digas que os Chineses, Japoneses e outros orientais têm os olhos em bico. Nós vemo-los assim porque os nossos olhos são defeituos.
7- Nunca uses o termo judeu quando te referes a usurários. Cada qual utiliza o seu dinheiro como quer, mesmo que seja roubado.
8- Nunca contes anedotas sobre pretos porque podes ofendê-los. Transfere as mesmas para os alentejanos ou outros que não sejam complexados.
9- Nunca digas que eram os próprios régulos africanos que vendiam os da sua raça aos negreiros a troco de chapéus de chuva, espelhos e bugigangas. Isso é uma horrível deturpação da História inventada não sei por quem.
10-Se passares em Belém, baixa a cabeça e não olhes para o Mosteiro dos Jerónimos nem para o monumento dedicado aos Descobrimentos. Eles são a vergonha do nosso Povo porque enaltecem a memória de dezenas de gerações de malandros. Se te custar assumir essa atitude, aproveita e delicia-te com os famosos pasteis de Belem.
11-Jamais te refiras aos territórios portugueses de além mar como Províncias Ultramarinas ou Ultramar Português. O termo correcto é Colónias.
12-Nunca ponhas a hipótese de os pretos viverem pior do que quando estavam lá os brancos. Estes nunca levaram para lá os progressos da medicina e das tecnologias. Aquelas imagens que vemos de crianças esqueléticas, com os ventres inchados e rodeadas de moscas são falsas. Confirma com a Isabel dos Santos.
13-Lembra-te que o racismo só existe nos brancos em relação aos pretos e nunca o contrário. Quando há assassínios de brancos perpetrados por pretos, trata-se de uma simples e natural homicídio; quando há massacres entre tribos de pretos, a culpa também é dos brancos que traçaram fronteiras à régua.
14-Tem sempre cuidado quando falas de racismo. Quando o deputado do “Chega” André Ventura disse no Parlamento que ia dizer algo que poderia ser considerado racismo, foi logo avisado por Sua Excelência o Senhor Presidente da Assembleia da República que “era melhor não fazê-lo”. Mas, sem se intimidar, ele disse que “não há nenhum distrito em Portugal onde não haja problemas com a etnia cigana”. (Eu próprio já tive problemas com eles).
15-Nunca trates por selvagens os povos que ainda vivem praticamente na Idade da Pedra. Apelida-os, simplesmente, de primitivos actuais, embora a etimologia da palavra se refira a quem vive na selva.
16-Tem sempre presente que os pretos que vivem nos Estados Unidos são denominados afro-americanos, como se não houvesse brancos nascidos na África. De qualquer modo, e seja qual for a denominação, trata-se de um lamentável acto descriminativo.
17-Se fores na rua e vires uma pessoa conhecida ao longe, toma cuidado com o gesto que fazes com o braço para lhe chamar a atenção. É que alguém pode julgar que estás a fazer a saudação romana, muito posteriormente adoptada pelo Nacional-Socialismo alemão, mais conhecido por nazismo. Se alguém te chamar a atenção, fecha o punho como símbolo do comunismo. Embora este sistema tenha cometido tantos crimes como o outro, trata-se apenas de pontos de vista políticos.
18-Em presença de “fascistas de esquerda” e por uma questão de boa educação nunca fales dos “Arquipélagos-Goulag”, da “Revolução Cultural Chinesa” ou da imediata transformação do campo da morte de “Auschwitz” noutro campo de extermínio, desta vez sob as ordens de Estaline. Assim, evitas desmentidos e discussões inúteis.
19-Se fores responsável por uma cantina, nunca sirvas carne de porco se lá estiverem muçulmanos. Pede respeitosamente desculpa pela tua ignorância, e vai à cozinha mandar que lhes seja servido outro prato. Mas, primeiro, certifica-te que não há nenhum comensal indiano, não vás cometer uma segunda asneira servindo um bife de vaca. Se ficares enrascado, vai à rua e arranja um burro; há por lá muitos e ninguém notará a diferença.
20-E, para terminar, segue-se os versos de uma canção muito em voga nos anos quarenta do século passado. Duvido que hoje alguma estação de rádio tenha a coragem de a pôr no ar. Também o filme “Chaimite”, sobre a guerra contra os Vátuas em Moçambique, parece ter sido saneado dos programas televisivos dedicados ao cinema português. Coisas!
Voltando à canção, que tem como título “Canção do Cigano”, podem ouvi-la no youtube na voz “melaça” de Alberto Ribeiro, cantor e artista de cinema português (1920-2000).


P’la raia de Espanha, nas sombras da noite,
Passava um cigano no seu alazão, (1)
O vento brandia seu nórdico açoite,
E as folhas rangiam caídas no chão.

E já embrenhado no Alto Alentejo,
Nas sombras da noite tingidas de breu,
Nem mais uma praga, nem mais um desejo,
Aos ecos distantes o pobre gemeu.

Não há maior desengano,
Nem vida que dê mais pena,
Do que a vida de um cigano;
Atravessar a fronteira,
Para ser atravessado
Por uma bala certeira.
E tudo porque o destino,
Só fez dele um peregrino.
Companheiro do luar,
Um pobre judeu errante
Que não tem pátria nem lar.

E o contrabandista temido e valente,
Voltava de Espanha no seu alazão,
Um tiro certeiro, um braço dormente,
E um rasto de sangue marcado no chão.

E já embrenhado no Alto Alentejo...
(o texto é todo repetido até ao fim)

(1) Para quem não saiba, alazão é uma raça (perdão, etnia) de cavalos.





06/07/2020

AVÉ-MARIA DE SCHUBERT OU DE GOUNOD?

O jornalista José Alberto Carvalho (está na berlinda) disse que o presidente Bolsonaro mandou tocar a “Ave-Maria” de Schubert a respeito já não sei de quê. Ora o que ouvimos foi a “Ave-Maria” de Gounod, ou melhor, de Bach/Gounod. Parece estranho, não é? Mas eu explico. O primeiro prelúdio da monumental obra de Bach “Das Wohltemperierte klavier" (O cravo bem temperado) serviu de base (vulgo acompanhamento) à célebre melodia que Charles Gounod compôs cerca de dois séculos depois. O efeito, como se sabe, é excelente e quase toda a gente a conhece, tal como a outra “Ave-Maria”, a de Franz Schubert.
Depois de ter ouvido a primeira na transmissão televisiva do Brasil, num detestável e desafinado arranjo (julgo que para violino e acordeão), fiquei admirado por José Alberto Carvalho não ter corrigido. Será que não conhece estas duas “Ave-Marias”? Duvido, já que se trata, repito, de duas pequenas obras-primas que quase toda a gente conhece. 
Ou, então, foi o Bolsonaro que baralhou tudo; dele e do Brasil tudo é de esperar.