Peço desculpa àqueles que me lêem por não
cumprir, para já, a promessa de fazer uma breve resenha histórica sobre
política, conforme prometi no artigo anterior. Porém, o momento de grandeza
espiritual que vivemos graças à entrada de mais dois santos na infinita corte
celestial, não poderia passar sem um pequeno comentário. Assim, e como herege que me orgulho de ser, declaro:
Abençoada sejas, Igreja Católica e
Apostólica Romana, que te dizes monoteísta mas engendraste para os crédulos
todo um exército de deuses e semi-deuses a que, para não seres acusada de
machista, incorporaste também muitas mulheres, embora estas com estatuto secundário.. Eles e elas servem, segundo
tentaram doutrinar-me em criança, para interceder perante a justiça do Deus-Chefe
a fim de defenderem os pecadores das tentações do Diabo que o seu Criador não "aceita mas tolera"! Trata-se de um Deus bizarro que cria o instigador do pecado e, apesar de ser infinitamente bom e que tudo perdoa, castiga
com suplícios eternos (o Inferno) ou temporários (o Purgatório) aqueles que lhe
desobedecem. Não sei onde estudaram Direito mas, com maior ou menor retórica, são
tão inúteis como os advogados oficiosos. Até porque "serão muitos os chamados e poucos os escolhidos"! Logo, há que ter muito medo e respeito por essa divindade para ser totalista no "euro-milhões" do Paraíso.
Assim, e por mais que queiras, Igreja de Roma, és como as religiões antigas ou ditas
pagãs, onde há sempre um Deus principal, o chefe que, como os seres humanos, tem
todas as suas qualidades e defeitos. Esqueces-te porém, ou fazes por esquecer e
muito menos divulgar a corja de bandidos que foram “Santos Padres” como lhes
chamas. E ainda tens a “lata” de declarar que são criaturas infalíveis, e que os cardeais os elegem inspirados pelo Deus que inventaste.
Desafio-te, apesar de seres uma seita de cobardes, a teres a coragem de
canonizar um Alexandre VI e outros canalhas da sua espécie. E, já agora, e para mostrar que não és machista, lembra-te da papisa Joana, eleita quando Deus que, "se não dorme", por vezes está distraído.
Grandes homens foram João XXIII e João
Paulo II, não nego mas, o que fizeram para serem santos? Até dizem que o segundo
foi o Papa que mudou o mundo! Perante isto, chego a pensar que as notícias que
nos chegam continuamente de todo o lado, devem-se, apenas, à mania que os
jornalistas têm de fazer “caixa alta” de todas as tragédias que continuam a
afligir este planeta. Após essa “grande mudança”, seria muito mais realista
divulgar na Comunicação Social (os media,
como agora se diz) apenas coisas “felizes”, tais como as gravidezes das
princesas, o acariciar das nádegas de uma rainha ou, para criar um ambiente
mais erudito, contar a história de “As Alegres Comadres de Windsor” de
Shakespeare, genialmente adaptada por Verdi na sua última ópera, “Falstaff”. Ao
menos divulgava-se um pouco de Cultura!
Mas, esquecendo, como convém, João Paulo
I (porque, presumivelmente, foi assassinado) e o protector dos pedófilos Bento
XVI, viras-te para o passado recente e para o actual Francisco, talvez outro
candidato à santidade. Mas, afinal não é já o Santo Padre? Porque não tem a
coragem de tornar verdadeiro o tema utópico do filme “As Sandálias do Pescador”, protagonizado por
esse extraordinário actor que foi Anthony Quinn? Será porque os incalculáveis
tesouros, que jazem nas caves do Vaticano, ainda fedem à carne queimada nas
fogueiras da Inquisição, ou ainda retêm os ecos dos gritos lancinantes das suas
vítimas? Os esfomeados deste mundo "mudado" não dariam por isso. Antes, dariam graças a Deus ou gritariam que Alá é grande!
Vá, Igreja Católica, continua a deitar
poeira nos olhos dos teus milhões de sectários. Continua a violar o mandamento
que proíbe a feitura de estátuas, a adoração de relíquias e necrofilias afins.
Baralha a estranha mentalidade dos homens com a história de “um só Deus em três
pessoas distintas”, da “virgem concebida sem pecado” mãe do teu Deus que, segundo a tua estranha lógica, não existia
antes do filho”. Até o próprio marido, o tal José, também é santo, talvez por
ter suportado estoicamente a armação craniana “afastando-se da sua mulher”,
como diz a Bíblia.
Coitado do Cristo se pudesse voltar a este
mundo e visse no que degenerou a religião que fundou com tão boas intenções.
Ele, que segundo dizem, ressuscitava os mortos (para morrerem mais tarde, como
é óbvio) fazia ver os cegos e andar os paralíticos, talvez desse mais valor a
um Pasteur ou a um Fleming. A estes, e a um número infindável de beneméritos que
nunca serão santificados, e cuja memória talvez desapareça na voragem do tempo, já que não
há mais dias do ano para recordá-los, preenchidos como estão por todos os
Deuses e Deusas inventados pela “Santa” Igreja de Roma.
Esses é que continuarão a ser invocados
e representados pela repugnante estatuária pagã que infesta as igrejas que
seguem o Papa! E há que não esquecer todas as “virgens” ou “senhoras (de
Fátima, de Lourdes, das Dores, do Socorro, etc. cujos nomes enfeitam as caixinhas que emporcalham as igrejas, pedindo aos pobres devotos, qual banco que propagandeasse que quem não tiver lá conta, não terá os pecados perdoados.
Quanto aos outros semi-deuses como os Querubins
e os Serafins, devem ser o refugo da maravilhosa sociedade celestial, já que
não têm direito a nome próprio e a representações idólatras. Talvez não passem de empregados
de limpeza pot "todos os séculos dos século" Ámen!
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Ao tomar conhecimento da
morte de Vasco Graça Moura, resolvi "enviar-lhe" esta mensagem, plagiando Camões: Se lá no assento etéreo onde subiste,
memória desta vida se consente, perdoa ao Sousa Lara e ao Mário David que,
na sua tacanhez de modernos inquisidores, quiseram votar José
Saramago ao ostracismo por causa do seu romance "Caim", e da revelação que a leitura da Bíblia já esteve proibida em Portugal.
E há que não esquecer a oposição a essa vergonha nacional que é o "Acordo Ortográfico", principalmente enquanto director do Centro Cultural de Belém. Será que irás ser substituido por um Miguel de Vasconcelos da Língua Portuguesa? É o mais provável neste desditoso País de lacaios de tudo o que é estrangeiro!
E há que não esquecer a oposição a essa vergonha nacional que é o "Acordo Ortográfico", principalmente enquanto director do Centro Cultural de Belém. Será que irás ser substituido por um Miguel de Vasconcelos da Língua Portuguesa? É o mais provável neste desditoso País de lacaios de tudo o que é estrangeiro!
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