Comentário ao meu artigo sobre este assunto publicado
em 1 de Abril deste ano. Não conduz a nada nem serve para aliviar o meu fígado,
já que as últimas análises clínicas mostraram estar em boas condições. E isto
apesar dos ataques a que está sujeito por essa divina bebida chamada cerveja. Mas,
como há outros órgãos anatómicos que necessitam ser aliviados, seja por estarem
cheios ou erectos, transfiro essa necessidade para onde muito bem me apetecer.
Continuando a desviar-me do assunto há tempos
prometido por culpa da grata companhia de uma caneca cheia dessa divina bebida
que espuma em cima da secretária (ou 'em cima da mesa' como agora se diz), julgo
prioritário propor à “Santa” Igreja Católica Apostólica Romana a canonização ou
a beatificação de tão sagrada bebida. (Já repararam que com tanta crise, a
Central de Cervejas, tal como as agências funerárias, continua sem problemas? A
explicação é simples e aplica-se às duas: não lhes faltam clientes!)
Mas,
adiante.
Sem querer intrometer-me nos “divinos “assuntos do
Vaticano, julgo que seria interessante utilizar a hierarquia existente entre as
divindades que pululam nos céus segundo essa seita sediada naquela
cidade-estado. E, já que os anos não têm mais dias disponíveis, era fácil
juntá-los em magotes conforme os “milagres” que aquela instituição (e outras
afins) apregoa para encher os cofres à custa da crendice humana.
Assim, quem compra (como eu) o venerando almanaque “Borda d’Água” teria, para além das “previsões”
meteorológicas (para um ano!) onde se lêem coisas muitos compreensivas,
credíveis e científicas como “tempo brusco”, “tempo mudável” ou “calmarias”, as “certeiras” informações astrológicas ou, ainda, que um planeta qualquer vai
ser o responsável por tudo que irá acontecer no ano a que “preside”, encontrar outros santos, beatos e entidades afins. É que são sempre os
mesmos.
Por que não, e para quebrar a monotonia, fazer uma alternância como,
por exemplo, ano sim ano não? Não seria divertido aumentar a rivalidade entre
Lisboa e Porto trocando, periodicamente, o Santo António com o São João? Até se
poderia dar um jeito para que esses feriados municipais caíssem sempre às
Sextas ou Segundas-Feiras.
Mas como isto é impossível, e porque não sofro de
falsa modéstia, proponho que no dia 29 de Novembro, dia de S. Saturnino* (terá
sido algum meu antepassado?) se acrescentem mais estes: Santa Sagres,
protectora dos sequiosos; Beata Superbock, ajudante das drenagens renais; Santa
Cergal, amparo dos faxinas dos urinóis públicos; Santo Tuborg, mártir de
viquingues embriagados de cerveja; Beata Amstel, que continuou a ser virgem
depois de “comida” por um leão no circo de Roma; Santíssima Coral, que
enlouqueceu por ter protegido durante trinta anos o presidente da Região
Autónoma da Madeira; Mártires Cuca e Nocal**, que caíram sob a tirania de uma
família de santos onde pontifica um tal Eduardo dos ditos; Santo Guiness que,
apesar de ser morno, não tinha a solidez necessária para acalmar a avidez dos
diversos tipos de lábios; Santíssima Cristal, padroeira das virgens de um
buraco só; e tantas e tantas outras que, juntas, talvez fizessem o milagre de
convencer as outras entidades celestiais para descerem, de canecas de cerveja
na mão, ao Inferno. À falta de ar condicionado, era uma oportunidade para
refrescar os seus habitantes. E estes diriam, agradecidos: 'Obrigado, Deus
Todo-Poderoso, criador dos Céus e da Terra, por esta divina graça recebida!'
E, é óbvio que só um tipo mesmo idiota acrescentaria: 'e do Inferno e do Purgatório'! Ficaria em seco!
E, agora, vou entrar no assunto há meses prometido.
Antes, porém vou ao frigorífico buscar mais uma garrafa de cerveja. Está
fresquinha e deliciosa, espumando na caneca onde a verto. Ah, meu bom Diabo!
Por tua culpa vou adiar, mais uma vez, o assunto. Mas, como posso culpar-te se
não acredito em ti? Ora, é sempre fácil arranjar um bode expiatório. Por isso
transfiro a acusação para a cerveja. Espero que, para a próxima, não me
obrigues a faltar ao prometido. Além de ser feio, a verdade é que não sou político.
* S. Saturnino de Tolosa: Missionário romano nascido em
Patras (Grécia) enviado com outros “turistas” para cristianizar a Gália no
século III.
** Cervejas angolanas.
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