ÓPERA, NAFTALINA E... PANELEIROS*
(Terceira parte)
Nota: qualquer comentário a este artigo escrito segundo o chamado acordo
ortográfico será considerado como tendo erros grosseiros e, como tal, corrigido
A ópera nasceu na Itália no século XVII.
Nos primeiros tempos, as figuras e histórias lendárias da Antiguidade Clássica
foram os temas preferidos pelos libretistas e compositores. Foi uma
consequência do Renascimento, após a “longa noite medieval” onde a crendice e
estupidez humanas atingiram na Europa um dos seus pontos mais altos.
Centenas de óperas, não estou a
exagerar, foram escritas por muitos compositores, alguns deles tornados
célebres, sobre aqueles motivos, tendo a maior parte sido perdida ou esquecida.
Para desempenhar os papeis daqueles
heróis, e devido à interdição dos palcos às mulheres, utilizavam-se os castrati, ou seja, homens que, em
garotos, tinham revelado excelentes vozes mas que a puberdade iria destruir.
Assim, era natural o consentimento dos pais na ablação dos testículos, para
manter a mesma qualidade de voz dos filhos bem como do rendimento familiar.
Surgiram, assim, as mais ridículas
personagens ornamentadas com plumas e adornos espampanantes de toda a espécie
que, com voz de falsete, faziam o papel de um Hércules, de um Aquiles ou de um
Ulisses.
Típicas eram também as rivalidades que
surgiam entre eles; usando como armas as vozes e atitudes a que hoje dizemos
serem próprias de bichas, desrespeitavam as partituras, entrando
em disputas canoras pseudo-artísticas que, não raras vezes, conduziam a
agressões em pleno palco.
É claro que o público delirava com este
tipo de cenas, baixando a ópera a um nível em que o mau gosto aumentava proporcionalmente
às exibições. Até a música, se em alguns casos tinha qualidade, descambou em
partituras medíocres, razão pela qual a maioria foi esquecida como já foi dito.
Por outro lado formavam-se elites, e era
de bom tom os grandes senhores ficarem a conversar fora dos camarotes, permanecendo
nestes os criados incumbidos de chamá-los quando se aproximavam as árias ‘ditas’
principais ou mais conhecidas.
Embora com métodos diferentes, existia
uma certa analogia com as récitas a que assisti no S. Carlos e em Luanda,
conforme relatei nas duas primeiras partes deste artigo. Ir à ópera ia-se tornando
um espectáculo de elite, quer se gostasse ou não. Talvez o único país onde isto
não aconteceu foi a Itália, sempre pronta a apreciar aquele espectáculo como
pertencente aos verdadeiros amantes do belcanto,
fossem eles aristocratas ou plebeus. Mas, como é costume dizer-se, ‘os
italianos já nascem a cantar’.
Os anos passaram e, devido à minha
profissão, assistir a récitas de ópera no S. Carlos iria tornar-se numa rotina.
Mas, o trabalho preliminar que tinha de fazer para assegurar a transmissão pela
rádio (e também pela RTP onde fiz alguns biscates) permitiram-me penetrar no
âmago da “arte suprema”.
Não vou falar de todos aqueles que põem
de pé tão grande edifício como é uma récita de ópera. Desde carpinteiros, costureiras,
electricistas, encenadores (e tantos outros a quem peço desculpa por não
mencionar), até aos músicos, maestros e cantores, lidei com dezenas de
profissionais cujo empenho era produzir o melhor que podiam e sabiam.
Mas, deixemos os artífices e passemos à
assistência que aprendi a classificar em três grupos:
1º Os verdadeiros amantes de ópera, um
tanto incómodos porque aplaudem com os indispensáveis “bravos” o final de uma
ária, mantendo uma tradição que, muitas vezes, faz com que não se oiça o que
vem a seguir.
2º As elites, que julgo ainda existirem
porque os chamados novos-ricos devem ter substituído o que resta da também
chamada aristocracia.
3º Finalmente, temos os derivados dos
fabricantes de panelas, cientificamente classificados como homossexuais (também
conhecidos na linguagem popular como “bichas” e, mais recentemente, como gays!
Em relação à primeira classificação
recordo que, há muitos anos, o grande humorista e contestatário brasileiro Juca
Chaves fez um trocadilho com primeiro termo dizendo que Omo*sexual era sabão em pó para lavar vaginas.
Os gritos histéricos desses cavalheiros,
bem como a sua estranha paixão pelas vozes femininas (de preferência
meio-soprano e contralto) ainda hoje ecoam na minha já velha cabeça.
Como exemplo máximo a que pude assistir
por várias vezes, destacava-se um tipo cujo nome não vou mencionar, mas que era
conhecido no meio pelo cognome de “lombriga maluca”.
Além de ser o tipo de “bicha” que gosta
de exibir as suas preferências sexuais, aliava este hábito a defeitos físicos
que o obrigavam a deslocar-se de canadianas. Quando andava, salientando o rabo
e com todo um conjunto de tiques próprios das “bichas”, até aqueles aparelhos
ortopédicos pareciam fazer parte dele.
Poderá ser triste e até ofensivo
mencionar este facto mas, no meu modo de ver, a realidade deve ser revelada por
mais cruel que seja.
As atitudes daquela personagem
tornaram-se tão incómodas que, segundo consta, implicaram a proibição de entrar
no S. Carlos. Se é verdade ou não, declino qualquer responsabilidade, até
porque numa conversa recente com um amigo, soube que tão ridícula personagem já
faleceu. Se acreditasse na alma, desejar-lhe-ia a paz eterna, até porque dizem
que era uma excelente pessoa. Se fosse muçulmano lamentaria as não sei quantas
virgens que esperam que apareça um tipo qualquer que as livre de tão vergonhosa
situação.
Como conclusão, acrescento que ir à
ópera, por vontade ou por motivo profissional, tornou-se uma chatice para mim,
não só pela histerias mencionadas, mas também pelas anedóticas encenações que
há já bastante tempo infestam o mundo da ópera, como os Nibelungos a escreverem
à máquina, Violeta Valery (La Traviata) a
morrer tuberculosa mas com uma garrafa de soro fisiológico pendurada a seu
lado, ou um personagem vestido de smoking
a fazer de Wotan mas que, por necessidade do texto, saca de uma espada.
Mas a ópera é mesmo assim e, com ou sem
razão, como em quase tudo, a maioria é que vence. Mas, o que será a razão?!
Posto isto, e como vivo dentro do
possível à parte deste mundo, prefiro ver e ouvir, ou só ouvir, conforme seja
em DVD ou CD, gozando na tranquilidade da minha casa, todo esse vasto mundo que
é a ópera sem ter de aturar os bravos, as tosses e os espirros dos assistentes,
bem como as manifestações histéricas dos derivados dos fabricantes de panelas!
*OMO: Um dos primeiros detergentes para lavar roupa.
(O detergente em pó OMO foi criado pelo grupo inglês Unilever na década de 1930)
(O detergente em pó OMO foi criado pelo grupo inglês Unilever na década de 1930)
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