Parece que o chamado astro rei não
tem juízo quando a recordação de uma virgem(?), falecida há dois mil anos, lhe
provoca tão estranha excitação que lhe dá para dançar. Talvez seja a ausência
de um pénis para resolver aquela questão tão querida (e importante) para os
Cristãos, que o põe em passos de dança.
Que pena eu tenho dessa mulher; dois
séculos após ter posto o velho marido para trás (possivelmente já impotente)
terá arranjado conforto nos braços (e não só) de um soldado romano. Porém, a
coscuvilhice e a má-língua, tão típicas dos seres humanos, ainda hoje não a
deixam em paz.
Mas, deixemo-nos de “heresias”, e
falemos a sério. Como é possível que num país europeu, no séc. XXI, a fé embote
e cegue tão completamente pessoas, que em princípio têm estudos (não estamos em
1917) ao ponto de verem um milagre num banal fenómeno meteorológico? Ser
crente, é uma coisa que respeito; a crendice elevada ao nível da estupidez,
é-me muito difícil de suportar! Se não sabem o que provoca aquele
fenómeno, eu explico. Acontece quando nuvens de densidades diferentes ofuscam o
sol, normalmente durante um regime de aguaceiros. Esta era a situação meteorológica
durante a ocorrência deste último “milagre”, tal como em 1917. Acrescente-se,
ainda, que a tentativa, logo abortada, de se olhar directamente para o sol,
provoca reflexos coloridos na retina que se mantêm durante algum tempo. Além
disto, o rápido movimento das nuvens cria a ilusão que é o sol qua se move, do
mesmo modo que quando viajamos de comboio, parece ser a paisagem que se move.
Isto aprendia-se, no meu tempo, na Instrução Primária! Conclui-se, assim, que a
chamada democracia pouco mudou! Eu próprio, sempre interessado em meteorologia
e outras ciências, já presenciei várias vezes o tal “milagre”.
E, para terminar, uma pergunta:
porque não se apregoa a mesma balela na presença de um arco-íris? Será preciso
a passagem de uma estátua de uma espécie de deusa (um atentado ao segundo
mandamento) para se gritar milagre, milagre?Julgo que a resposta reside no facto
de a esmagadora maioria das pessoas só olhar para o chão, como os burros, e o
arco-íris, além de mais vulgar e mais feérico, parece tocar no solo, sendo
assim mais facilmente visto.
Aviso vindo do além: "cuidado João Daniel, não
abuses nas tuas heresias senão ainda podes ter problemas com o Sousa Lara, o
Mário David e os outros fanáticos da seita a que pertencem. Lembra-te que José
Saramago, num debate (inútil) com o padre Carreira das Neves, salientou que na
Declaração dos Direitos do Homem, faltam os direitos à heresia e à contestação!"
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