18/10/2017

A PAPA DOS PAPAS!

Há dias deu-me vontade de folhear os pouquíssimos livros de estudo que me restam dos meus tempos de estudante. A maioria apodreceu há longos anos numa cave.
Pegando na História Geral da Civilização para o antigo 3º ciclo dos liceus, acabei por ler praticamente os dois volumes. E até fiquei um pouco admirado, ao verificar que a Censura autorizara alguns assuntos sobre religião. E não só esta, mas também a existência do malfadado “índex”, catálogo da “Santíssima” Igreja Católica Apostólica Romana, dos livros cuja leitura era proibida sob pena de excomunhão (um grave problema; que horror!).
Esclareço que o tal Index Librorum Prohibitorum, de seu verdadeiro nome, foi publicado pela primeira vez em 1559 sob a autorização de Paulo IV. Quatro séculos depois, em 1966, outro Paulo, o sexto, decretou que fosse abolido.
Mas, vamos ao que interessa, neste caso um jantar oferecido à corte pontifícia por Luís IX de França (1214 ou 1215- 1270) e canonizado em 1290, tendo ficado conhecido por S. Luis. Julgo que também interessa saber que fez parte da 8ª Cruzada, tendo sido feito prisioneiro pelos “infiéis”, acabando por morrer de peste em Tunes, na actual Tunísia.
Como a corte principesca do Vaticano não diferia em nada das outras cortes europeias, o mesmo luxo, os mesmos divertimentos, vinhos generosos, danças, comédias, bobos e jograis acompanharam o jantar, nada menos, e pela ordem seguinte:

  -Cerejas e pão alvo
  -Favas cozidas com leite
  -Peixe e lagostins
  -Picado de enguias
  -Arroz com leite de amêndoa salpicado de canela
  -Enguias assadas
  -Tortas e requeijão
  -Fruta

Que tal?
Mas, avancemos dois séculos para tomarmos conhecimento com um dos mais debochados papas que chefiaram (e continuarão a chefiar) a máfia do Vaticano: Alexandre VI (1431-1503.
Eis uma lista de uma refeição “frugal” daquele cavalheiro:

   -Ovos
   -Lagosta
   -Melão apimentado
   -Compotas
   -Ameixas
   -Torta envolta em folhas douradas

Mas, um grande número de cristãos escandalizava-se com aquelas vidas faustosas, tendo Fernando de Aragão comentado: “O papa leva uma vida abominável; não tem qualquer preocupação com o lugar que ocupa”.
Também os embaixadores estrangeiros, mesmo os portugueses e espanhóis, ousavam fazer admoestações ao papa. Ameaçavam-no com um concílio em que seria julgado o seu comportamento; mas, o papa exaltava-se:
“Se continuais a dar-me cabo dos ouvidos, mando-vos atirar todos à água!”
E, ao embaixador da França, justificava-se com estas palavras:
“Vós, os Franceses, não conseguis compreender que um papa é um homem como os outros”.

O meu comentário: nisto, ao menos, tinha razão!



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