A PAPA DOS PAPAS!
Há dias deu-me vontade de folhear os pouquíssimos
livros de estudo que me restam dos meus tempos de estudante. A maioria
apodreceu há longos anos numa cave.
Pegando na História Geral da Civilização para o antigo
3º ciclo dos liceus, acabei por ler praticamente os dois volumes. E até fiquei
um pouco admirado, ao verificar que a Censura autorizara alguns assuntos sobre
religião. E não só esta, mas também a existência do
malfadado “índex”, catálogo da “Santíssima” Igreja Católica Apostólica Romana, dos livros cuja leitura era proibida sob pena de excomunhão (um grave problema;
que horror!).
Esclareço que o tal Index Librorum Prohibitorum, de seu verdadeiro nome,
foi publicado pela primeira vez em 1559 sob a autorização de Paulo IV. Quatro séculos depois, em 1966, outro Paulo, o sexto, decretou que fosse
abolido.
Mas, vamos ao que interessa, neste caso um jantar
oferecido à corte pontifícia por Luís IX de França (1214 ou 1215- 1270) e
canonizado em 1290, tendo ficado conhecido por
S. Luis. Julgo que também interessa saber que fez parte da 8ª
Cruzada, tendo sido feito prisioneiro pelos “infiéis”, acabando por morrer de
peste em Tunes, na actual Tunísia.
Como a corte principesca do Vaticano não diferia em
nada das outras cortes europeias, o mesmo luxo, os mesmos divertimentos, vinhos
generosos, danças, comédias, bobos e jograis acompanharam o jantar, nada menos,
e pela ordem seguinte:
-Cerejas e pão
alvo
-Favas cozidas
com leite
-Peixe e
lagostins
-Picado de
enguias
-Arroz com
leite de amêndoa salpicado de canela
-Enguias
assadas
-Tortas e
requeijão
-Fruta
Que tal?
Mas, avancemos dois séculos para tomarmos conhecimento
com um dos mais debochados papas que chefiaram (e continuarão a chefiar) a
máfia do Vaticano: Alexandre VI (1431-1503.
Eis uma lista de uma refeição “frugal” daquele
cavalheiro:
-Ovos
-Lagosta
-Melão
apimentado
-Compotas
-Ameixas
-Torta
envolta em folhas douradas
Mas, um grande
número de cristãos escandalizava-se com aquelas vidas faustosas, tendo Fernando
de Aragão comentado: “O papa leva uma vida abominável; não tem qualquer
preocupação com o lugar que ocupa”.
Também os embaixadores estrangeiros, mesmo os
portugueses e espanhóis, ousavam fazer admoestações ao papa. Ameaçavam-no com
um concílio em que seria julgado o seu comportamento; mas, o papa exaltava-se:
“Se continuais a dar-me cabo dos ouvidos, mando-vos
atirar todos à água!”
E, ao embaixador da França, justificava-se com estas
palavras:
“Vós, os Franceses, não conseguis compreender que um
papa é um homem como os outros”.
O meu comentário: nisto, ao menos, tinha razão!
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