O MAIOR PORTUGUÊS ?!
“Há que regular a máquina do Estado com tal precisão, que os ministros estejam impossibilitados, pela própria natureza das leis, de fazer favores aos seus conhecidos e amigos”
António de Oliveira Salazar.
Em primeiro lugar declaro que, ainda não há muitos anos, jamais pensaria em defender Salazar, ou melhor: pôr os pontos nos is (e nos jotas que em democracia também têm esse direito) e analisar os prós e os contras dessa grande individualidade da nossa História. Mas os anos passam e a análise crítica dos factos vai-se tornando mais clara e de contornos mais livres das circunstâncias da época em que se dão. É esse o método da História que necessita de eliminar as paixões momentâneas, e analisar os acontecimentos com o máximo de isenção possível
Aquando da realização daquele concurso idiota sobre o maior português - e digo idiota porque naquele caso não há maior nem menor – o País confrontou-se com a esmagadora vitória de Oliveira Salazar. Num artigo anterior já referi-me a este assunto, criticando a triste figura que Maria Elisa fez felicitando a ex-deputada Odete Santos, defensora de Álvaro Cunhal que ficara em segundo ligar, em vez de se dirigir primeiro a Jaime Nogueira Pinto, o “padrinho” de Salazar. Coisas. Custa muito engolir sapos vivos! O Povo Português pode ser tudo o que quiserem, mas não é estúpido e revelou ter boa memória, apesar de a actual maioria já ter nascido ou ser muito jovem aquando do golpe de estado (e não revolução) acontecido no dia 25 de Abril de 1974.
Mas, há outro motivo que me faz escrever este artigo: a rejeição pelos ilustríssimos deputados da Assembleia da República da realização de um Museu Salazar em Santa Comba Dão.
Confesso que só por acaso é que soube dessa “democrática” decisão, mas calculo que os votos contra aquela ideia tenham saído desses fascistas de esquerda que constituem esses partido residual chamado comunista (nas eleições, para disfarçar, designam-se por CDU), do Bloco de Esquerda que ninguém sabe se são marxistas, estalinistas, maoistas, etc.) e de alguns deputados do PS. Porém, se estes votaram por unanimidade, mal vai este partido tão apegado à tolerância de ideias e que, no “Verão Quente” de 1975, até fez uma aliança com o CDS.
Seja como for, e não querendo fazer qualquer comparação com Salazar, deveriam ser proibidos museus como os das torturas da Inquisição instaurada pela santíssima Igreja Católica Romana, o campo da morte de Auschwitz, ou o das vítimas do comunista Pol Pot em Mianmar.
Mas, vamos aos factos.
Cresci ouvindo os meus pais, avós e outras pessoas mais velhas a falarem da trágica barafunda que fora a chamada Primeira República. Ainda hoje recordo com saudade a minha avó paterna a contar que, certo dia, quando passeava com o meu pai ainda criança pela Baixa, teve de entrar dentro de uma loja puxando o meu pai, para fugir a uma saraivada de balas. Tratava-se, “apenas”, de mais uma revolução.
Também nessa época, em que o mundo começava a despertar para o turismo, um folheto publicitário inglês sobre Portugal, expressava a sua culinária, os vinhos, o clima e, com um pouco de sorte, o facto de se poder assistir a uma revolução (tratava-se de humor inglês, como é óbvio). Como
resultado os governos sucediam-se tendo chegado a haver um que “governou” apenas durante um dia! Não foi, assim, difícil, que Portugal tivesse ficado à beira da bancarrota por via do sistema parlamentar, em que os partidos só pensam em si e não no País, tal como agora; mas isto fica para depois.
Após a Revolução de 28 de Maio de 1926 que impôs uma ditadura, foi chamado para ministro das finanças um obscuro professor chamado António de Oliveira Salazar, nascido na aldeia de Vimieiro concelho de Santa Comba Dão. Por essa altura lecionava em Coimbra tendo vindo para Lisboa ocupar o cargo com alguma relutância. Cinco dias depois, desiludido com o estado em que encontrou as finanças portuguesas, abandonou o cargo e regressou a Coimbra.
Foi ao Engº Duarte Pacheco que coube a missão de ir a Coimbra convencer Salazar a voltar para as funções que abandonara, e negociar as condições que ele exigia. Tinha já feito as contas todas, e sabia o que cada ministério podia usufruir. “E não me venham com choraminguisses porque não haverá nem mais um tostão para ninguém”, terá ele afirmado. “Governar um País é como uma dona de casa: não pode gastar mais do que recebe”.
Ora nessa altura a dívida externa portuguesa era 44% do PIB, e a Sociedade das Nações (entidade que precedeu a ONU), já tinha posto Portugal sob uma espécie de ultimato para pagar o que devia.
Perante esta situação catastrófica, a primeira preocupação de Salazar foi sanear as finanças, mantendo estáveis os preços dos bens essenciais (principalmente o preço do pão) e amortizar a dívida. Assim, a dívida externa em 1930 tinha já descido para 32%, em 1935 para 19%, tendo em 1940 atingido a fasquia de 5%!
Este “milagre” económico originou a seguinte quadra:
“Santo António português,
Arranja-me com quem casar;
De um mais um fazias três,
Como faz o Salazar”.
Também o bom humor nacional passou a designar por “salazar” um utensílio de cozinha destinado a raspar o fundo dos tachos; como se depreende, a analogia está correcta.
Uma vez equilibrada a balança comercial, a preocupação de Salazar voltou-se para a agricultura e para as grandes obras públicas.
Sob o impulso vigoroso do ministro das obras públicas, o já citado Engº Duarte Pacheco, Portugal desenvolve-se e moderniza-se.
São dele obras como o Instituto Superior Técnico, a primeira auto-estrada de Lisboa ao Estádio Nacional (também obra sua) e cujo viaduto sobre o vale de Alcântara tem o seu nome. (não sei como não mudaram o nome, pois trata-se da obra de um “fascista”!)
São, também, da sua iniciativa, os bairros sociais que ainda hoje existem, como os da Madre de Deus, da Encarnação e muitos outros que, com uma módica quantia mensal, os trabalhadores adquiriam uma bela moradia de dois andares com jardim, e espaço para uma futura ampliação.
Há que não esquecer ainda que são dessa época a Estrada Marginal de Lisboa a Cascais e o aeroporto da Portela de Sacavém hoje, e muito bem, denominado Humberto Delgado.
Foi curta a vida deste homem extraordinário, pois viria a morrer num acidente de automóvel em 1943, com a idade de 43 anos.
Mas a obra apadrinhada por Salazar não esmoreceu, e o Estado Novo iniciado por Salazar continuou na sua marcha de progresso, graças à sua política financeira; assim, o crescimento económico de Portugal foi o maior da sua História, e o saudoso escudo uma das moedas mais fortes.
“Enquanto houver um Português sem pão e sem lar, a Revolução continua”, afirmou Salazar. (aqui é que a porca torce o rabo mas isso fica para depois)
E, já agora, também fica para depois a continuação deste artigo que promete ser longo.
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