28/12/2019


O MAIOR PORTUGUÊS ?! (4)



Não foi só como ministro das finanças que Salazar e grande empreendedor das grandes obras do Estado Novo. Como estadista de génio, é preciso lembrar o papel que desempenhou durante a Guerra Civil Espanhola (1936/1939) e a Segunda Guerra Mundial (1939/1945).
Com o triunfo da Revolução Bolchevique na Rússia, os ideais comunistas começaram a avançar como uma peste pelo centro e sul da Europa. No caso da Espanha, tinham-se juntado ao Partido Republicano que então governava o país, e tinham a intenção de anexar Portugal e impor o regime comunista, tal como a Rússia fizera aos seus vizinhos. Contra aquele partido, opuseram-se os “Nacionalistas” chefiados pelo general Franco.
Este, por sua vez, aglutinara em torno de si todos os partidos de direita e, como é óbvio, a Igreja Católica. Tendo vencido a guerra, Franco assumiu-se como ditador e fascista, corrente que também florescia pela Europa, como se sabe. São modas que, tais como os extremos, tocam-se.
Salazar, como católico que era e sobretudo um GRANDE PATRIOTA, não hesitou em apoiar Franco para impedir que Portugal perdesse a independência e caísse nas garras do comunismo. Porém, acabada uma guerra, começa outra; é o triste destino do bicho homem na sua ganância e estupidez!
No mesmo ano de 1939 deflagra a Segunda Guerra Mundial. Com uma política e sentido de estado excepcionais, Salazar joga nos dois lados conseguindo, assim, gradar a Gregos e Troianos, para além de conseguir que a Espanha também se mantivesse neutra. Assim, a Península Ibérica, manteve-se um oásis de paz numa Europa em fogo, que os espiões de ambos os lados aproveitaram para se vigiarem uns aos outros, tornando-se Lisboa a sua cidade preferida. Entre eles destacou-se o agente-duplo catalão Juan Pujol, um autêntico génio da mentira, que convenceu Hitler que o desembarque dos Aliados no dia “D” se efectuaria em “Pas-de-Calais”, e não na Normandia como veio a acontecer.
Toda a minha geração cresceu a ouvir dizer que Salazar nos tinha livrado da guerra bem como Nossa Senhora de Fátima, “madrinha” de Portugal! Não sei em que ponto aquela mulher interveio no caso, até porque se esqueceu de nós na Primeira Grande Guerra; por isso prefiro homenagear apenas o primeiro, e deixar a segunda em paz “lá no assento etéreo onde subiu” (Camões).
Por outro lado, não se pode negar que havia muita pobreza. Mas, as grandes fortunas estavam na posse de poucas famílias que investiam na economia e industrialização do País; e os bancos não faliam! Hoje temos uma quantidade de milionários feitos pela corrupção e benesses que até o próprio Estado concede em vez de dar o exemplo como fez Salazar.
Quanto mais se ganha, mais subsídios disto e daquilo são concedidos.
No princípio da década de noventa do século passado, aquando de um dos Governos de um pobre idiota chamado Aníbal, surgiram nas empresas públicas os chamados “cargos de estrutura” de que eu fui um dos milhares de felizardos contemplados com tal aberração.
Assim, e contra mim falo, aqueles “tachos” eram concedidos a partir dos chefes de serviço, que era o meu caso na RDP. Assim, passei a usufruir de subsídio de isenção de horário (quantas vezes fiquei, por vergonha, a “fazer” horas até de madrugada) de subsídio de “cargo de estrutura” e cheques para despesas de gasolina, dos quais nem um quarto gastava incluindo as deslocações privadas. Volto a repetir: contra mim falo. “Não sou parvo, nem romancista russo aplicado, e romantismo sim, mas devagar” (Fernando Pessoa). Mas, há mais: os directores, para além de aquelas “benesses” que eram maiores, ainda tinham direito a carro da empresa, podendo ficar com ele após três anos de utilização. Quanto aos administradores, nem vale a pena falar: chegavam ao ponto de mandar mudar as alcatifas dos seus sumptuosos gabinetes se não gostavam da cor!
Tudo isto faz-me lembrar o presidente da Emissora Nacional que tinha, no velho edifício da rua do Quelhas, uma pequena divisão onde trabalhava. Ai Salazar, Salazar!
Fascismo em Portugal nunca houve como afirmou o saudoso historiador Herman Saraiva. Aliás, pode dizer-se que essa palavra só surgiu após o 25 de Abril quando os comunistas e uma dezena de grupelhos de extrema-esquerda como o MRPP, começaram com o slogan “fascismo nunca mais”, logo repetido pelo povo cuja maioria nem sabia o que isso significava.
Porém, nunca os ouvi falar em Rolão Preto, um tipo que em 1932 fundou o Partido Nacional-Sindicalista, cujos membros usavam camisas azuis e faziam a saudação romana adoptada pelos nazis.
Salazar proibiu aquele movimento porque “inspirava-se em certos modelos estrangeiros”, nomeadamente no fascismo italiano. Coisas. Quanto a Rolão Preto, foi preso e exilado em Espanha onde conspirou contra Salazar mesmo, ainda no tempo deste, quando regressou a Portugal.
Será que a “Mocidade Portuguesa” tinha algo que se parecesse com a “Juventude Hitleriana”? Na verdade havia uma educação patriótica (hoje se-se patriota é ser xenófobo e racista excepto no futebol, claro) e um cultivo da saúde física e mental, nada comparável à autêntica preparação militar e lavagem ao cérebro de cariz ultra-racista contra judeus e eslavos. (Quanto aos pretos era como se nem existissem). Nas nossas salas de aula estavam as fotografias de Salazar e do Presidente da República; mas, ninguém era obrigado a levantar-se e estender o braço gritando “viva Salazar”, como acontecia na Alemanha com o famigerado “Heil Hitler” rigorosamente obrigatório desde a instrução primária.
Também a Maçonaria não escapou à perspicaz inteligência de Salazar, colocando essa seita na clandestinidade cujos membros protegem-se sob juramento uns aos outros, devendo mesmo mentir em tribunal em defesa dos seus apaniguados. Deve ser por isso que hoje os processos judiciais arrastam-se durante anos até prescreverem.
Voltando à Ex.ma Doutora Odete Santos, ocorreu-me agora que naquele concurso televisivo referiu-se a o texto do célebre fado “Uma Casa Portuguesa”. Ora a letra não é de Salazar, embora este cultivasse os ideais de pobreza (que não é o mesmo que miséria) e da modéstia. Segundo consta, até odiava o fado, que classificava como o exemplo típico das lamurias nacionais. Quem não conhece aquela cena do filme “A Canção de Lisboa” em que Vasco Santana diz que “o fado é o veneno da Raça”- “Eu sou médico; sou obrigado a curar as chagas de carácter nacional”? Esta era uma piada a Salazar, bem como a frase “beber vinho é dar o pão a um milhão de portugueses” que Ribeirinho profere em “O Pátio das Cantigas”.
No mesmo filme, durante a cena de pancadaria que se desenrola no pátio, Vasco Santana conduz um grupo de crianças para dentro de uma loja que, “por acaso”, tem o nome de Salazar, e diz: “podem estar descansadinhos que aqui não lhes acontece mal nenhum”.
Ora aqui é que vou tocar no ponto que julgo ter levado mais de 40% pessoas a votarem em Salazar: É que havia SEGURANÇA, ORDEM E RESPEITO!

E, por hoje, chega; continua no próximo ano.

07/12/2019

O MAIOR PORTUGUÊS ?! (3)

Continuando com este polémico artigo, lembrei-me do já tão longínquo ano de 1954, em que fui morar com os meus pais, irmã e avó materna para o novo bairro lisboeta de Alvalade. A razão foi a de o meu pai não poder suportar a renda de casa na Av. Marquês de Tomar onde, então, morávamos.
Ora no bairro de Alvalade as casas eram de renda limitada, além de esta ser mas barata. Quer isto dizer que, dado ao facto de practicamente não haver inflação, os senhorios não poderiam aumentar as rendas por tempo indeterminado. Assim, a renda que o meu pai pagou durante vinte anos, foi sempre de 950$00. Depois, veio o 25 de Abril, e os “revolucionários”, dando cabo das finanças e da economia do País, provocaram o caos, tanto para inquilinos como para senhorios. Mas, se tivesse sido só nisto...
Naquele bairro novo nada faltava no que respeita ao comércio; na segunda parte da Av. da Igreja, todas as actividades relacionadas com o indispensável para uma vida modesta mas digna. “Até há uma casa de gelados”, dissera entusiasmado o meu pai quando a descobrira. Chamava-se “Gelataria Alfo Tarlatini” e não sei se ainda existe.
Parece impossível como vocês foram morar para tão longe”, comentavam familiares e amigos” ao que a minha mãe, de quem talvez tenha herdado o espírito de contradição por não me entender neste mundo, retorquía explicando que não precisava de ir à Baixa pois tinha tudo perto de casa e mais barato. E, quanto a transportes, tínhamos mesmo em frente da porta a paragem da carreira 21 de autocarros que, por 1$50, nos conduzia à Praça dos Restauradores.
É claro que podem dizer que eu falo assim por ser menino da cidade; porém, os livros das 3ª e 4ª classes faziam gala em mostrar a vida no campo, já que Portugal era e é um país essencialmente agrícola.
Aqueles livros focavam os assuntos mais diversos entre os quais a necessidade de se aprender a ler e a escrever. Se, como afirmou naquele concurso a ex-deputada comunista Odete Santos (que deve estar podre de rica) que Salazar dissera que um povo culto é ingovernável, esta noção só se poderia aplicar à cultura política. Na verdade, o comunismo era apresentado como um regime monstruoso, o que afinal se veio a verificar após após o desabar da União Soviética. Comparados com a polícia política soviética (KGB) e a sua homóloga nazi (Gestapo) os tipos da “PIDE” não passavam de meninos de coro! Por muito que seja condenável a existência das prisões de Caxias, Peniche ou do Tarrafal, onde morreram algumas dezenas de comunistas, estas não se podem comparar com os “Arquipélagos Goulag” soviéticos onde trabalharam até à morte milhões de presos políticos. Parece incrível mas na nossa Assembleia da República, onde marcam presença (quando não faltam) dezenas de oportunistas, este assunto continue tabu. Talvez o tipo do “Chega” ou lá o que é, ou a preta gaga que só vê racistas por todo o lado, um dia atire isto à cara do Sr. Jerónimo ou da dona Catarina, mas não acredito. Há que defender o “tacho” que a “populaça na praça” (nome de dois artigos deste blogue publicados em Abril e Junho de 2014) lhes ofereceu. E basta por hoje. 
Mais uma vez vou deixar o assunto “em cima da mesa”. Mas não sem antes recordar aquela quadrinha do poeta brasileiro Luiz Vieira, que reza assim:

Se bicudo vem de bica,
E se grota* vem de gruta,
Conforme a palavra indica,
Deputado vem de puta.

  *Grota do italiano grotta através do latim Cripta; galeria escura, subterrâneo, caverna.