O
MAIOR PORTUGUÊS ?! (4)
Não
foi só como ministro das finanças que Salazar e grande empreendedor
das grandes obras do Estado Novo. Como estadista de génio, é
preciso lembrar o papel que desempenhou durante a Guerra Civil
Espanhola (1936/1939) e a Segunda Guerra Mundial (1939/1945).
Com
o triunfo da Revolução Bolchevique na Rússia, os ideais comunistas
começaram a avançar como uma peste pelo centro e sul da Europa. No
caso da Espanha, tinham-se juntado ao Partido Republicano que então
governava o país, e tinham a intenção de anexar Portugal e impor o
regime comunista, tal como a Rússia fizera aos seus vizinhos. Contra
aquele partido, opuseram-se os “Nacionalistas” chefiados pelo
general Franco.
Este,
por sua vez, aglutinara em torno de si todos os partidos de direita
e, como é óbvio, a Igreja Católica. Tendo vencido a guerra, Franco
assumiu-se como ditador e fascista, corrente que também florescia
pela Europa, como se sabe. São modas que, tais como os extremos,
tocam-se.
Salazar,
como católico que era e sobretudo um GRANDE PATRIOTA, não hesitou
em apoiar Franco para impedir que Portugal perdesse a independência
e caísse nas garras do comunismo. Porém, acabada uma guerra, começa
outra; é o triste destino do bicho homem na sua ganância e
estupidez!
No
mesmo ano de 1939 deflagra a Segunda Guerra Mundial. Com uma política
e sentido de estado excepcionais, Salazar joga nos dois lados
conseguindo, assim, gradar a Gregos e Troianos, para além de
conseguir que a Espanha também se mantivesse neutra. Assim, a
Península Ibérica, manteve-se um oásis de paz numa Europa em fogo,
que os espiões de ambos os lados aproveitaram para se vigiarem uns
aos outros, tornando-se Lisboa a sua cidade preferida. Entre eles
destacou-se o agente-duplo catalão Juan Pujol, um autêntico génio
da mentira, que convenceu Hitler que o desembarque dos Aliados no dia
“D” se efectuaria em “Pas-de-Calais”, e não na Normandia
como veio a acontecer.
Toda
a minha geração cresceu a ouvir dizer que Salazar nos tinha livrado
da guerra bem como Nossa Senhora de Fátima, “madrinha” de
Portugal! Não sei em que ponto aquela mulher interveio no caso, até
porque se esqueceu de nós na Primeira Grande Guerra; por isso
prefiro homenagear apenas o primeiro, e deixar a segunda em paz “lá
no assento etéreo onde subiu” (Camões).
Por
outro lado, não se pode negar que havia muita pobreza. Mas, as
grandes fortunas estavam na posse de poucas famílias que investiam
na economia e industrialização do País; e os bancos não faliam!
Hoje temos uma quantidade de milionários feitos pela corrupção e
benesses que até o próprio Estado concede em vez de dar o exemplo
como fez Salazar.
Quanto
mais se ganha, mais subsídios disto e daquilo são concedidos.
No
princípio da década de noventa do século passado, aquando de um
dos Governos de um pobre idiota chamado Aníbal, surgiram nas
empresas públicas os chamados “cargos de estrutura” de que eu
fui um dos milhares de felizardos contemplados com tal aberração.
Assim,
e contra mim falo, aqueles “tachos” eram concedidos a partir dos
chefes de serviço, que era o meu caso na RDP. Assim, passei a
usufruir de subsídio de isenção de horário (quantas vezes fiquei,
por vergonha, a “fazer” horas até de madrugada) de subsídio de
“cargo de estrutura” e cheques para despesas de gasolina, dos
quais nem um quarto gastava incluindo as deslocações privadas.
Volto a repetir: contra mim falo. “Não sou parvo, nem romancista
russo aplicado, e romantismo sim, mas devagar” (Fernando Pessoa).
Mas, há mais: os directores, para além de aquelas “benesses”
que eram maiores, ainda tinham direito a carro da empresa, podendo
ficar com ele após três anos de utilização. Quanto aos
administradores, nem vale a pena falar: chegavam ao ponto de mandar
mudar as alcatifas dos seus sumptuosos gabinetes se não gostavam da
cor!
Tudo
isto faz-me lembrar o presidente da Emissora Nacional que tinha, no
velho edifício da rua do Quelhas, uma pequena divisão onde
trabalhava. Ai Salazar, Salazar!
Fascismo
em Portugal nunca houve como afirmou o saudoso historiador Herman
Saraiva. Aliás, pode dizer-se que essa palavra só surgiu após o 25
de Abril quando os comunistas e uma dezena de grupelhos de
extrema-esquerda como o MRPP, começaram com o slogan “fascismo
nunca mais”, logo repetido pelo povo cuja maioria nem sabia o que
isso significava.
Porém,
nunca os ouvi falar em Rolão Preto, um tipo que em 1932 fundou o
Partido Nacional-Sindicalista, cujos membros usavam camisas azuis e
faziam a saudação romana adoptada pelos nazis.
Salazar
proibiu aquele movimento porque “inspirava-se em certos modelos
estrangeiros”, nomeadamente no fascismo italiano. Coisas. Quanto a
Rolão Preto, foi preso e exilado em Espanha onde conspirou contra
Salazar mesmo, ainda no tempo deste, quando regressou a Portugal.
Será
que a “Mocidade Portuguesa” tinha algo que se parecesse com a
“Juventude Hitleriana”? Na verdade havia uma educação
patriótica (hoje se-se patriota é ser xenófobo e racista excepto
no futebol, claro) e um cultivo da saúde física e mental, nada
comparável à autêntica preparação militar e lavagem ao cérebro
de cariz ultra-racista contra judeus e eslavos. (Quanto aos pretos
era como se nem existissem). Nas nossas salas de aula estavam as
fotografias de Salazar e do Presidente da República; mas, ninguém
era obrigado a levantar-se e estender o braço gritando “viva
Salazar”, como acontecia na Alemanha com o famigerado “Heil
Hitler” rigorosamente obrigatório desde a instrução
primária.
Também
a Maçonaria não escapou à perspicaz inteligência de Salazar,
colocando essa seita na clandestinidade cujos membros protegem-se sob
juramento uns aos outros, devendo mesmo mentir em tribunal em defesa
dos seus apaniguados. Deve ser por isso que hoje os processos
judiciais arrastam-se durante anos até prescreverem.
Voltando
à Ex.ma Doutora Odete Santos, ocorreu-me agora que naquele concurso
televisivo referiu-se a o texto do célebre fado “Uma Casa
Portuguesa”. Ora a letra não é de Salazar, embora este cultivasse
os ideais de pobreza (que não é o mesmo que miséria) e da
modéstia. Segundo consta, até odiava o fado, que classificava como
o exemplo típico das lamurias nacionais. Quem não conhece aquela
cena do filme “A Canção de Lisboa” em que Vasco Santana diz que
“o fado é o veneno da Raça”- “Eu sou médico; sou obrigado a
curar as chagas de carácter nacional”? Esta era uma piada a
Salazar, bem como a frase “beber vinho é dar o pão a um milhão
de portugueses” que Ribeirinho profere em “O Pátio das
Cantigas”.
No
mesmo filme, durante a cena de pancadaria que se desenrola no pátio,
Vasco Santana conduz um grupo de crianças para dentro de uma loja
que, “por acaso”, tem o nome de Salazar, e diz: “podem estar
descansadinhos que aqui não lhes acontece mal nenhum”.
Ora
aqui é que vou tocar no ponto que julgo ter levado mais de 40%
pessoas a votarem em Salazar: É que havia SEGURANÇA, ORDEM E
RESPEITO!
E,
por hoje, chega; continua no próximo ano.
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