07/12/2019

O MAIOR PORTUGUÊS ?! (3)

Continuando com este polémico artigo, lembrei-me do já tão longínquo ano de 1954, em que fui morar com os meus pais, irmã e avó materna para o novo bairro lisboeta de Alvalade. A razão foi a de o meu pai não poder suportar a renda de casa na Av. Marquês de Tomar onde, então, morávamos.
Ora no bairro de Alvalade as casas eram de renda limitada, além de esta ser mas barata. Quer isto dizer que, dado ao facto de practicamente não haver inflação, os senhorios não poderiam aumentar as rendas por tempo indeterminado. Assim, a renda que o meu pai pagou durante vinte anos, foi sempre de 950$00. Depois, veio o 25 de Abril, e os “revolucionários”, dando cabo das finanças e da economia do País, provocaram o caos, tanto para inquilinos como para senhorios. Mas, se tivesse sido só nisto...
Naquele bairro novo nada faltava no que respeita ao comércio; na segunda parte da Av. da Igreja, todas as actividades relacionadas com o indispensável para uma vida modesta mas digna. “Até há uma casa de gelados”, dissera entusiasmado o meu pai quando a descobrira. Chamava-se “Gelataria Alfo Tarlatini” e não sei se ainda existe.
Parece impossível como vocês foram morar para tão longe”, comentavam familiares e amigos” ao que a minha mãe, de quem talvez tenha herdado o espírito de contradição por não me entender neste mundo, retorquía explicando que não precisava de ir à Baixa pois tinha tudo perto de casa e mais barato. E, quanto a transportes, tínhamos mesmo em frente da porta a paragem da carreira 21 de autocarros que, por 1$50, nos conduzia à Praça dos Restauradores.
É claro que podem dizer que eu falo assim por ser menino da cidade; porém, os livros das 3ª e 4ª classes faziam gala em mostrar a vida no campo, já que Portugal era e é um país essencialmente agrícola.
Aqueles livros focavam os assuntos mais diversos entre os quais a necessidade de se aprender a ler e a escrever. Se, como afirmou naquele concurso a ex-deputada comunista Odete Santos (que deve estar podre de rica) que Salazar dissera que um povo culto é ingovernável, esta noção só se poderia aplicar à cultura política. Na verdade, o comunismo era apresentado como um regime monstruoso, o que afinal se veio a verificar após após o desabar da União Soviética. Comparados com a polícia política soviética (KGB) e a sua homóloga nazi (Gestapo) os tipos da “PIDE” não passavam de meninos de coro! Por muito que seja condenável a existência das prisões de Caxias, Peniche ou do Tarrafal, onde morreram algumas dezenas de comunistas, estas não se podem comparar com os “Arquipélagos Goulag” soviéticos onde trabalharam até à morte milhões de presos políticos. Parece incrível mas na nossa Assembleia da República, onde marcam presença (quando não faltam) dezenas de oportunistas, este assunto continue tabu. Talvez o tipo do “Chega” ou lá o que é, ou a preta gaga que só vê racistas por todo o lado, um dia atire isto à cara do Sr. Jerónimo ou da dona Catarina, mas não acredito. Há que defender o “tacho” que a “populaça na praça” (nome de dois artigos deste blogue publicados em Abril e Junho de 2014) lhes ofereceu. E basta por hoje. 
Mais uma vez vou deixar o assunto “em cima da mesa”. Mas não sem antes recordar aquela quadrinha do poeta brasileiro Luiz Vieira, que reza assim:

Se bicudo vem de bica,
E se grota* vem de gruta,
Conforme a palavra indica,
Deputado vem de puta.

  *Grota do italiano grotta através do latim Cripta; galeria escura, subterrâneo, caverna.





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