O MAIOR PORTUGUÊS ?! (3)
Continuando
com este polémico artigo, lembrei-me do já tão longínquo ano de
1954, em que fui morar com os meus pais, irmã e avó materna para o
novo bairro lisboeta de Alvalade. A razão foi a de o meu pai não
poder suportar a renda de casa na Av. Marquês de Tomar onde, então,
morávamos.
Ora
no bairro de Alvalade as casas eram de renda limitada, além de esta
ser mas barata. Quer isto dizer que, dado ao facto de practicamente
não haver inflação, os senhorios não poderiam aumentar as rendas
por tempo indeterminado. Assim, a renda que o meu pai pagou durante
vinte anos, foi sempre de 950$00. Depois, veio o 25 de Abril, e os
“revolucionários”, dando cabo das finanças e da economia do
País, provocaram o caos, tanto para inquilinos como para senhorios.
Mas, se tivesse sido só nisto...
Naquele
bairro novo nada faltava no que respeita ao comércio; na segunda
parte da Av. da Igreja, todas as actividades relacionadas com o
indispensável para uma vida modesta mas digna. “Até há uma casa
de gelados”, dissera entusiasmado o meu pai quando a descobrira.
Chamava-se “Gelataria Alfo Tarlatini” e não sei se ainda existe.
“Parece
impossível como vocês foram morar para tão longe”,
comentavam familiares e amigos” ao que a minha mãe, de quem
talvez tenha herdado o espírito de contradição por não me
entender neste mundo, retorquía explicando que não precisava de ir
à Baixa pois tinha tudo perto de casa e mais barato. E, quanto a
transportes, tínhamos mesmo em frente da porta a paragem da carreira
21 de autocarros que, por 1$50, nos conduzia à Praça dos
Restauradores.
É
claro que podem dizer que eu falo assim por ser menino da cidade;
porém, os livros das 3ª e 4ª classes faziam gala em mostrar a vida
no campo, já que Portugal era e é um país essencialmente agrícola.
Aqueles
livros focavam os assuntos mais diversos entre os quais a necessidade
de se aprender a ler e a escrever. Se, como afirmou naquele concurso
a ex-deputada comunista Odete Santos (que deve estar podre de rica)
que Salazar dissera que um povo culto é ingovernável, esta noção
só se poderia aplicar à cultura política. Na verdade, o comunismo
era apresentado como um regime monstruoso, o que afinal se veio a
verificar após após o desabar da União Soviética. Comparados com
a polícia política soviética (KGB) e a sua homóloga nazi
(Gestapo) os tipos da “PIDE” não passavam de meninos de coro!
Por muito que seja condenável a existência das prisões de
Caxias, Peniche ou do Tarrafal, onde morreram algumas dezenas de
comunistas, estas não se podem comparar com os “Arquipélagos
Goulag” soviéticos onde trabalharam até à morte milhões de
presos políticos. Parece incrível mas na nossa Assembleia da
República, onde marcam presença (quando não faltam) dezenas de
oportunistas, este assunto continue tabu. Talvez o tipo do “Chega”
ou lá o que é, ou a preta gaga que só vê racistas por todo o
lado, um dia atire isto à cara do Sr. Jerónimo ou da dona Catarina,
mas não acredito. Há que defender o “tacho” que a “populaça
na praça” (nome de dois artigos deste blogue publicados em Abril e
Junho de 2014) lhes ofereceu. E basta por hoje.
Mais uma vez vou
deixar o assunto “em cima da mesa”. Mas não sem antes recordar
aquela quadrinha do poeta brasileiro Luiz Vieira, que reza assim:
Se
bicudo vem de bica,
E
se grota* vem de gruta,
Conforme
a palavra indica,
Deputado
vem de puta.
*Grota
do italiano grotta através
do latim Cripta;
galeria escura, subterrâneo, caverna.
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