HISTERIA ANTI-RACISTA
Em primeiro lugar quero pedir
desculpa por ainda não ter encerrado o tema sobre o maior português,
mas os acontecimentos dos últimos dias deram cabo da pouca paciência
que ainda me resta.
De facto, acho que já não há
pachorra para aturar o estardalhaço que a comunicação social fez
por causa de um jogo de futebol.
Lembro-me de, ainda no tempo
da “antiga senhora”, de ouvir os lamentos de um guarda-redes
queixar-se de um grupo que, atrás da baliza, (nesse tempo o espaço
entre o público e o campo de jogo era muito reduzido) um grupo de
energúmenos que passou todo o tempo que durou o desafio a insultá-lo
e à família. Que me lembre, o homem até estava com ar de que
aquilo eram os ossos do seu ofício e a coisa ficou por ali. Quanto
ao Governo, tinha outros assuntos “em cima da mesa” (sou ou não
sou moderno?” e não se preocupava com assuntos de “futebois”.
Os relvados não tinham cercas e bastava meia-dúzia de polícias
sempre prontos a puxar do cassetete para manter a ordem.
Ora o que se passou em
Guimarães acabou por fazer-me rir. Afinal havia vários jogadores
pretos no campo, mas um pequeno grupo de espectadores resolveu
embirrar só com um sabe-se lá porquê. Este não aguentou mais e
recusou-se a continuar a jogar. Até aqui tudo bem; ninguém é de
ferro como o guarda-redes que referi.
E agora? Vão ser
identificados e severamente punidos porque são racistas, mas só no
que respeita àquele jogador! Quanto aos milhares de espectadores que
em todos os jogos insultam tudo e todos (agora também há
o video-árbito”)
é obviamente impossível puni-los. Então é a nossa Justiça, seja
com ministros brancos ou pretos como agora, ficaria entupida até à
eternidade.
O racismo é proibido pela Constituição? Mas que hipocrisia! Toda a
gente é racista em maior ou menor grau, sejam brancos, pretos ou os
orientais com os olhos em bico. Pronto! Já meti a pata na poça!
(Naturalmente vou ser identificado e punido por causa dos “olhos em
bico”).
Mas o curioso disto tudo é que quando uma mulher branca decide casar
com um preto, a família olha de soslaio com um sorriso amarelo e
deseja muitas felicidades rangendo os dentes. Claro que há
excepções, mas estou convencido que a este respeito existe uma
maioria silenciosa (ou silenciada).
Depois de ter tirado o som à televisão, até porque a seguir era
inevitável mais um folhetim sobre o coronavirus, resolvi
aguardar pela entrevista a André Ventura. Concordei totalmente com
ele, lamentando apenas que não tenha mencionado que todo o
estardalhaço ocorrido em Guimarães (maior do que D. Afonso
Henriques a “bater” na mãe na Batalha de S. Mamede) se deveu ao
facto de ter ocorrido no todo-poderoso futebol. Daí a cobertura da
imprensa tanto nacional como estrangeira (no tempo da referida
batalha não havia imprensa). Será que o mundo soube o que se
passou, por exemplo, no bairro da Jamaica? Aposto que noventa e nove
por cento dos portugueses (incluindo eu) nem sabiam da existência
desse bairro. Quando muito poderiam julgar que ficaria na ilha do
mesmo nome.
E, para terminar, coloquemos a seguinte hipótese: um jogo de futebol
num país africano onde haja apenas um jogador branco. Se o público
começasse a apupá-lo chamando-lhe branco, clarinho, caucasiano ou
caucasóide, tenho a certeza que ele não ficaria nada incomodado;
antes pelo contrário, e a notícia desse racismo não correria
mundo.
Como disse no artigo anterior, só quem viveu em África é que pode
compreender o complexo que a maioria dos pretos tem por causa da sua
cor. Porquê, não sei.
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