19/02/2020


HISTERIA ANTI-RACISTA

Em primeiro lugar quero pedir desculpa por ainda não ter encerrado o tema sobre o maior português, mas os acontecimentos dos últimos dias deram cabo da pouca paciência que ainda me resta.
De facto, acho que já não há pachorra para aturar o estardalhaço que a comunicação social fez por causa de um jogo de futebol.
Lembro-me de, ainda no tempo da “antiga senhora”, de ouvir os lamentos de um guarda-redes queixar-se de um grupo que, atrás da baliza, (nesse tempo o espaço entre o público e o campo de jogo era muito reduzido) um grupo de energúmenos que passou todo o tempo que durou o desafio a insultá-lo e à família. Que me lembre, o homem até estava com ar de que aquilo eram os ossos do seu ofício e a coisa ficou por ali. Quanto ao Governo, tinha outros assuntos “em cima da mesa” (sou ou não sou moderno?” e não se preocupava com assuntos de “futebois”. Os relvados não tinham cercas e bastava meia-dúzia de polícias sempre prontos a puxar do cassetete para manter a ordem.
Ora o que se passou em Guimarães acabou por fazer-me rir. Afinal havia vários jogadores pretos no campo, mas um pequeno grupo de espectadores resolveu embirrar só com um sabe-se lá porquê. Este não aguentou mais e recusou-se a continuar a jogar. Até aqui tudo bem; ninguém é de ferro como o guarda-redes que referi.
E agora? Vão ser identificados e severamente punidos porque são racistas, mas só no que respeita àquele jogador! Quanto aos milhares de espectadores que em todos os jogos insultam tudo e todos (agora também há o video-árbito”) é obviamente impossível puni-los. Então é a nossa Justiça, seja com ministros brancos ou pretos como agora, ficaria entupida até à eternidade.
O racismo é proibido pela Constituição? Mas que hipocrisia! Toda a gente é racista em maior ou menor grau, sejam brancos, pretos ou os orientais com os olhos em bico. Pronto! Já meti a pata na poça! (Naturalmente vou ser identificado e punido por causa dos “olhos em bico”).
Mas o curioso disto tudo é que quando uma mulher branca decide casar com um preto, a família olha de soslaio com um sorriso amarelo e deseja muitas felicidades rangendo os dentes. Claro que há excepções, mas estou convencido que a este respeito existe uma maioria silenciosa (ou silenciada).
Depois de ter tirado o som à televisão, até porque a seguir era inevitável mais um folhetim sobre o coronavirus, resolvi aguardar pela entrevista a André Ventura. Concordei totalmente com ele, lamentando apenas que não tenha mencionado que todo o estardalhaço ocorrido em Guimarães (maior do que D. Afonso Henriques a “bater” na mãe na Batalha de S. Mamede) se deveu ao facto de ter ocorrido no todo-poderoso futebol. Daí a cobertura da imprensa tanto nacional como estrangeira (no tempo da referida batalha não havia imprensa). Será que o mundo soube o que se passou, por exemplo, no bairro da Jamaica? Aposto que noventa e nove por cento dos portugueses (incluindo eu) nem sabiam da existência desse bairro. Quando muito poderiam julgar que ficaria na ilha do mesmo nome.
E, para terminar, coloquemos a seguinte hipótese: um jogo de futebol num país africano onde haja apenas um jogador branco. Se o público começasse a apupá-lo chamando-lhe branco, clarinho, caucasiano ou caucasóide, tenho a certeza que ele não ficaria nada incomodado; antes pelo contrário, e a notícia desse racismo não correria mundo.
Como disse no artigo anterior, só quem viveu em África é que pode compreender o complexo que a maioria dos pretos tem por causa da sua cor. Porquê, não sei.


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