PROÍBAM A ÓPERA ”CARMEN”, ASTÉRIX EM “O DOMÍNIO DOS DEUSES” E “TIM-TIM NO CONGO”.
A bem do inteligentíssimo “politicamente correcto”, acho que estas e muitas outras obras das diversas correntes artísticas, deviam ser proibidas. Senão, vejamos:
“Carmen”, a imortal ópera de Bizet, tem como protagonista uma cigana que, como era de esperar, vive num acampamento de ciganos que se dedicam ao contrabando. Tudo bem até aqui; é a “cultura” deles e deve ser respeitada, mesmo que colida com as leis do país onde vivem; assim afirma a malta de esquerda. E, não só a dos ciganos mas, também a antropofagia, a excisão clitoriana, os sacrifícios de humanos e outros animais para agradar aos deuses, e outras coisas que a estupidez e a cultura dos brancos condenam. De facto, os europeus são umas bestas (eu incluído) ao ao condenarem estes “costumes folclóricos”.
No que respeita à aventura de Astérix acho que deve ser cortada a cena em que um escravo preto vem pedir ao centurião para lhe dar umas chibatadas, porque se sente muito fraco!
O álbum “Tim-Tim no Congo” devia, simplesmente, ser proibido e apreendidos os milhões que existem por esse mundo fora. Serviriam para um gigantesco e feérico “auto-de-fé”, capaz de fazer inveja à “Santa e Geral Inquisição” da Igreja Católica de Roma.
É de notar, porém, que Hergé, o “pai” de Tim-Tim, escreveu e desenhou a história em 1930, numa época em que os europeus só conheciam da África o que lhes contavam: pretos selvagens (alguns antropófagos), animais ferozes e grandes caçadas. Até na minha geração este ambiente primitivo, longe dos parâmetros da Civilização Ocidental, persistiam nas mais diversas histórias decorridas em África que eram publicadas em semanários juvenis, como o “Mundo de Aventuras” e o “Cavaleiro Andante”. Também diverti-me muito ao ler o conto infantil intitulado “Mariazinha em África” e achava muita graça ao boneco que representava um preto carregado de malas à entrada da “Casa Africana”. Procurem este nome na “Google” e divirtam-se com os cartazes desta velha casa da Rua da Victória.
Porém, quando estive em Angola, cumprindo o serviço militar obrigatório (1966/1968) como furriel miliciano, verifiquei que a pretalhada, no geral, pouco ou nada tinha mudado. Excepto, é claro, as elites negras. Mas, não vejam nisto qualquer tipo de racismo ou “discurso de ódio”, até porque fiz bons amigos pretos e mulatos que tinham o mesmo posto que eu. O que terá sido feito deles? Teriam sido fuzilados por terem pactuado com os brancos, naquele “Portugal do Minho a Timor” tão grato a Salazar? Oxalá que não.
E, para terminar, vou-lhes citar os adjectivos constantes no “Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa” sobre os ciganos: depois de explicar a origem da raça e outras coisas de interesse, escreve: Que ou aquele que trapaceia; velhaco, bandido. Incrivelmente estes simpáticos adjectivos foram mandados retirar das edições posteriores, apesar da indicação abreviada de pejorativo, como se não correspondessem à verdade. E querem (e arranjam) casas para esta gente que é naturalmente nómada e vive em acampamentos feitos com materiais que encontram ou roubam nos locais onde se instalam. Quanto às condições de higiene...bem. Por agora chega de ciganices; o tema continua no próximo artigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: qualquer comentário a este artigo escrito segundo o chamado 'novo acordo ortográfico', será considerado como tendo erros grosseiros e, como tal, corrigido.