27/06/2009

BÁRBAROS !


Foi inaugurado o Oceanário (perdão, SEA LIFE) no Porto (perdão, OPORTO)!!!
Ouve-se, lê-se, e pasma-se! Quem terá sido o renegado da LÍNGUA PORTUGUESA, o "genial" autor de semelhante nome, e quem será o bárbaro que tal aprovou?

Bárbaro era, entre os antigos gregos, a designação dada a todos aqueles que não falavam grego e, depois, pelos romanos a quem não falasse latim. Ora parece que esta gente usa e abusa de nomes e frases ingleses , ou porque é moda ou por simples petulância, o que é muito pior.
Meus senhores: sois a vergonha do nosso idioma e de toda a literatura produzida pela língua de Camões, uma das principais do mundo (e mesmo que o não fosse) e, por isso, só podeis ser classificados de bárbaros peneirentos (passe o calão), e responsáveis pelas crianças trocarem a palavra oceanário por «sea life».
Seria muito difícil ou impossível dar um nome português? Ou será que existem direitos contratuais que o impõem? Se, de facto, existem, será que se tentou chegar a acordo para uma possível tradução, com vista a não ofender os ouvidos daqueles portugueses que prezam a sua língua? Alguém se lembra ainda dos aviões construídos pela empresa francesa «Sud Aviation» denominados «Caravelle», e que ostentavam nos reactores dos exemplares adquiridos pela TAP a palavra CARAVELA? Se não houve tentativas para arranjar outro nome para o oceanário, a culpa continua a ser dos governos pós-25 de Abril que não defendem a Língua e a Cultura Portuguesas, tal como aconteceu antes do Estado Novo, em que a moda era o francês.
Não sou chauvinista ao ponto de condenar todos os estrangeirismos; eles só enriquecem qualquer língua, mas «uti, non abuti», principalmente quando não se trata da introdução de novas palavras, mas sim da substituição das originais por outras estrangeiras, o que muitas vezes faz com que as primeiras caiam em desuso ou até desapareçam.
Cito apenas «Resort»: Porque não utilizar a portuguesíssima palavra "estância" que já vem do Séc.XIII?
É claro que todos sabemos que o inglês se impôs como língua universal devido ao seu antigo Império, e hoje às novas tecnologias. Mas não será isto anti-democrático, já que os povos de língua inglesa ficam isentos da obrigatoriedade de aprender outro idioma, facto este já debatido na União Europeia?
O naturalista sueco do Séc.XVIII Carl Linneu, criador da classificação dos seres vivos, escolheu o latim para essa classificação por ser uma língua morta. Também os químicos adoptaram as palavras latinas ou latinizadas para os símbolos dos elementos. Assim, e como exemplos, menciono «canis lupus» e «Na». Qualquer cientista independentemente da sua língua sabe que o primeiro significa cão, e o segundo sódio (do latim natrium).
Mas será que pretendo pelo exposto ressuscitar o latim? De modo algum; e embora saiba que o que vou dizer é uma utopia, declaro ser absolutamente defensor de uma língua neutra e de fácil aprendizagem. E foi por isso que o médico e linguista polaco Ludwig Lazar Zamenhof inventou, em 1887, o Esperanto, língua internacional cuja gramática muito simples e regular, utiliza raízes das línguas europeias mais faladas, além dos clássicos radicais gregos e latinos. E até Albert Einstein caiu nessa utopia quando afirmou: «O Esperanto é a solução da ideia de Língua Internacional».
Mas estava-se no Séc.XIX. O Império Britânico era o maior do mundo e as modas (e até os bebés) vinham de Paris. Na Rússia czarista a aristocracia trocava a sua língua natal pelo francês! O Império de Napoleão fora efémero, o Otomano caíra e o Austro-Húngaro aproximava-se do fim. Na segunda metade do Séc. XX Salazar teimava "orgulhosamente só" em remar contra a História, e no leste europeu o Império Soviético, também chamado "O Paraíso dos Trabalhadores", caiu de um dia para o outro.
Hoje, com o planeta retalhado em mais de 200 países, temos o «Império da Tecnologia Baseada no Inglês», embora grande parte dela venha do Japão e também de outros lados, todos dominados por este idioma e pela gravata ocidental.
E pronto. Mais uma vez vou entrar em «stand by», mas antes vou ao «shopping», aproveito para comer um «hot dog» e volto cedo para casa, não vá ser vítima de «car jacking».
Uma vez no meu retiro, verifico se este não sofreu nenhum «home jacking» o que provocaria a utilização do «help phone».
Entretanto, fico à espera de algum «feedback».


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