13/05/2020


A DESCRENÇA DOS CRENTES

Francamente! Quanto mais velho vou ficando, cada vez me entendo menos com este famigerado planeta e as suas gentes. Julgava que isso não era possível, mas esta pandemia teve o condão de pôr os meus neurónios num curto-circuito que estoirou com os poucos disjuntores que ainda possuo no cérebro.
Hoje, 13 de Maio, dia comemorativo da primeira encenação do Teatrinho das Aparições em Fátima, os crentes ficaram em casa com medo do contágio. Mas, então, que confiança é que têm na tal Maria (neste caso a de Fátima) que até já “curou” alguns doentes conforme as promessas que lhe fizeram? Porque não foram para lá de velinha na mão, rastejar como um réptil e cantar aqueles hinos (por sinal bem bonitos) para destruir essa obra de Satanás chamada “Covid-19 ? (para o Trump, foi obra dos chineses). Não é preciso ser nenhum génio para perceber que essa gente não confia na divindade em que acredita e que isto de questões de fé, quando as coisas se complicam, só faz jus ao velho adágio que diz que “quem tem cu também tem medo”. Ou não será? Pois se são as próprias chefias as primeiras a incentivar o confinamento, a começar pelo Sumo Pontífice? (durante algum tempo julguei que sumo pontífice era a urina do papa).
Catástrofe, devem pensar todos os que em Fátima usufruem dos chorudos lucros da Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada criada em 1917 por um tal cónego Formigão.
Sede pacientes e não queiram tudo, digo eu; olhem que Jesus (o alcunhado de Cristo, que em grego significa ungido) disse que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no “Reino dos Céus”). Mas, de frases feitas está o planeta inundado, e, com algumas oferendas, promessas, uma tonelada de vaselina e alguma força, pode ser que se consiga fazer passar um camelo; ou um dromedário, que só tem uma bossa. Quem gosta de buracos apertados sabe como é.
Já agora, uma pergunta? Porque não passar o festival do 13 de Maio para o mesmo dia de Agosto? É que nesse dia de 1917 os três pastorinhos (leia-se três crianças sequestradas) ficaram na casa do governador de Ourém brincando com os seus filhos, livres da pata da padralhada. Portanto, não houve representação no “teatrinho” e o público, mesmo sem ter pago bilhete, ficou defraudado. Mas, não há problema, pensaram logo os imaginativos encenadores. Em Outubro até vamos pôr o Sol a bailar. E assim foi, mas só para alguns fanáticos que contaminaram o resto da multidão interpretando um banal fenómeno meteorológico como se fora uma “dança”. É curioso como o resto do mundo e os astrónomos não deram por tal. Sempre há gente muito distraída!
Mas, não foi só o ramo politeísta do Cristianismo de Roma que teve medo. Pois se até os muçulmanos não fizeram a habitual peregrinação a Meca. (Deixa-me estar calado, não vá aparecer por aqui um homem-bomba a caminho de um planeta onde o esperam não sei quantas virgens!)
E, para terminar, apenas uma pergunta: porque é que os astrólogos, videntes, quiromantes, cartomantes, adivinhos e toda essa seita de oportunistas que vive da crendice humana, não previu o aparecimento do vírus? Peço que alguém me responda, se for capaz! 


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