30/09/2014

O TERCEIRO SEGREDO DE FÁTIMA

                   
Nota preliminar  
                                                                                   
Os textos que se seguem foram transcritos para computador por João Daniel G. Maia Saturnino a partir de fotocópias dos manuscritos do seu autor, que no início de cada uma das duas partes diz chamar-se Edgar de Vilas Boas Veloso Leite e que as assina de modo pouco legível.
Foram respeitadas, dentro do possível, tanto a disposição gráfica como a ortografia originais. 
O transcritor informa que não conhece o autor, nem se lembra como as referidas fotocópias chegaram às suas mãos. Esclarece, contudo, que está completamente de acordo com o que está escrito e aproveita para felicitar o autor, um dos poucos com coragem para desafiar essa sinistra instituição chamada Igreja Católica Apostólica Romana que, como as outras religiões, é alimentada pela crendice humana que cega até as maiores inteligências. Quem estiver interessado nestes mitos, e na posição agnóstica do transcritor, poderá consultar alguns textos sobre o assunto no seu blogue que tem por título “O Suplício do Disparate”.
Por outro lado dá os seus parabéns ao autor pela interessante e sarcástica mistura de palavras eruditas com termos de gíria, o que provoca um franco sorriso, apesar da importância do tema abordado. 
Aproveita ainda para dizer que ignora as referências bíblicas indicadas no nº2 da Iª parte.
Quanto ao Cardeal Marcinkus (nº8 da 2ª parte) esclarece que se trata de Paul Casimir Marcinkus, norte-americano de origem lituana, que protagonizou um dos maiores escândalos financeiros da década de 80 do século passado. Ligado à máfia siciliana, calcula-se que tenha desviado mais de mil milhões de dólares para “paraísos fiscais” e outras situações que se desconhecem. Foi sempre protegido pelo Papa João Paulo II, sob o pretexto de imunidade diplomática! Ficou conhecido pela alcunha de “ O Banqueiro de Deus”.
Para mais informações procurar o nome Marcinkus na internet.

                   Amadora, 24 de Setembro de 2010 *
                                O transcritor:
                   João Daniel Gomes Maia Saturnino

Segue-se o texto original.

***
  
Edgar de Vilas Boas Veloso Leite                Barros Brancos, 8/5/2000
Nº 266- E. n.125-8400-453                           Lagoa
Porches

                           Revelação do terceiro “Segredo de Fátima”
                                                 - Outras Verdades -

Parte 1ª:
                         1. Deus, afinal, não é tão poderoso como se diz. Precisa de segredos. E precisa dos seres humanos para os guardar, a fim de poder continuar a “existir”. A Igreja Católica ao protagonizar e promover o mais descarado exemplo de como invocar o santo nome de deus, em vão – doutrina sua – arvorou-se, levianamente, em guardiã dos “segredos de deus”, e meteu-se numa alhada dos diabos. Não sabe, agora, como descalçar a bota. O inqualificável embuste das “aparições” de Fátima enredou a Católica num labirinto de contradições insanáveis, as quais, apesar dos aturados e sublimes exercícios de congeminência teológica e doutrinária, a cargo de autênticos mestres da lábia e astúcia na arte de baralhar, não encontram saída nem fuga possível, menos ainda explicação racional. A inteligência, bem supremo dos seres humanos normais e livres, não verga, antes repudia, as patranhas intragáveis e o ardil insidioso da agressão absurda dos dogmas e da mentira.

                                                         OS FACTOS: 
                        2. Vamos por partes: a “senhora” de Fátima exprimiu-se em português? No dialecto de Ourém? Mas ela, a ter existido, analfabeta, mãe de 14 filhos e filhas, descendente de três vezes três gerações – Bíblia He 2.1.7. e Me 12. 46.50 – terá vivido 2000 anos antes da era actual, numa altura em que Portugal ainda não existia.
                        3. Só depois de fenícios, gregos, cartagineses, romanos, celtas, godos, visigodos e vândalos – sobretudo vândalos! – nos terem caldeado e, segundo Aquilino Ribeiro,  mestre de português e investigador rigoroso, terem tomado as nossas melhores terras e casas e as melhores mulheres (via sinuosa), deixando para a maralha o refugo da ralé - as feias, as fáceis e as pobres - só depois Portugal se começou a desenhar! Isto cerca de 1200 anos após a “senhora” ser levada no space shuttle “Assunção”. Ora o modo de falar dos tempos da Fundação e mesmo muito depois, era bem diferente do de agora.
                       -“Acudam ao Mestre que matam!”
Em que escola andou ela? No Colégio Moderno?
                       4. A “senhora” mandou rezar o terço?
Mas há 2000 anos o único terço então conhecido, na Judeia, era o terço das coortes romanas, sob cuja férrea lei foram crucificados os três ladrões: O Bom, o Mau e o do Meio!
                                   NA VERDADE:
                        5. Na verdade, as “aparições” foram urdidas e levadas a cabo, de conluio com o pároco, por uma professora primária de Ourém ajudada pelo chulo dela. Estes são os factos por demais conhecidos da Igreja Católica. Há, pelo menos, um livro editado próximo da época, que relata, situa e documenta os acontecimentos da trama engendrada na Cova da Iria. Os historiadores sabem-no. Não falam, porém. Não se atrevem. Por medo, pactuam. Ou porque são sequazes da padralhada e pagos para se calarem.
                        6. Ora acontece que a tal professora primária, com verdade ou sem ela, tinha má reputação e, para a disfarçar, logrou insinuar-se entre os privados do então Bispo de Leiria, um pederasta bastante badalado na região, embora mais comedido que o Cardeal Cerejeira, que esse, toda a gente sabe, foi um paneleiro ardoroso, incontinente e desbragado. Chegou mesmo a zangar-se com Salazar, porque o Salazar gostava de fazer minette. Isto também é histórico. O Salazar, à sua maneira, gostava de mulheres.
                         7. A tal megera primária teve papel importante na morte prematura dos pastorinhos Francisco e Jacinta. Visitava-os com frequência e mantinha-os sob coacção, com o apoio e conluio de Lúcia, já mula sabida, cuja tarefa consistia em corroborar a veracidade da farsa, influenciando e envolvendo os primos em afirmações que convinham à credibilidade da fraude, empurrando-os assim para sessões de violentas e pródigas cargas de porrada dadas pelos pais, pelo regedor, pelo pároco e pelos esbirros do Bispo de Leiria. Os meninos enfardavam que era obra!
Não foi só a tuberculose que os vitimou, não! A tuberculose surge como efeito e desfecho dos insuportáveis maus-tratos e serve de desculpa e encobrimento aos torcionários da Igreja.
Se, de facto, por absurda hipótese, tivesse sido a mãe de Jesus a aparecer àquelas crianças, jamais se poderá pressupor ou aceitar que ela permitisse a tortura ignóbil dos seus interlocutores.
Mas, como pode aparecer o que não existe? A “senhora” era outra, bem mais terrena e maculada!
                         8. Esta é, pois, a autêntica verdade verdadeira da 1ª parte do famigerado 3º “segredo”. A Igreja Católica bate o mea culpa e reconhece que as “aparições” foram uma fraude grosseira e indigna. Trata-se, porém, de uma fraude de sucesso irrecusável, uma verdadeira mina de ouro inexaurível, um manancial magnífico, um rendimento que, embora despudorado, assegura refazer o rombo colossal perpetrado pelo Cardeal Marcinkus do Banco Ambrosiano. Estranho deus e estúpida religião que precisam de usar a má-fé e o logro, para extorquir dos simples, dos pobres, dos deserdados da vida, as esmolas retiradas do magro mealheiro, penosamente guardado para, sob o óbolo da desgraça, ostentarem fausto e opulência!
                         9. É sintomático que as “aparições” e os “milagres” ocorram em países atrasados e miseráveis, económica e culturalmente indigentes. Portugal era, à época, uma nação de mendigos, país exportador de imigrantes analfabetos, exaurido por uma cáfila de safados instalados no Poder e por um esforço de guerra iníquo, que devorou, em terra estranha, os sonhos, as famílias e as vidas de milhares de moços bisonhos, mal equipados, mal preparados e mal comandados. E desmotivados, também. Nem um sequer da corja de pulhas que detinham o Poder, pôs os pés na Flandres ou em La Lys para combater.
Foi neste país desgraçado, num clima vil e mesquinho de chicana política e entre ignorantes, que a Igreja Católica encontrou ambiente para programar, organizar e levar à prática o medonho embuste.
                        10. Por paradoxal que pareça, o panorama não mudou muito. A Igreja Católica nunca beneficiou de tantos privilégios e benesses como agora. As honras, os cargos, as ajudas, os subsídios, as doações, as isenções de impostos, o compadrio e a promiscuidade de poderes nunca atingiram grau tão elevado de desvergonha e escândalo, nem mesmo nos tempos da Ditadura.
A Igreja, em Portugal, tomou o freio nos dentes e possui uma organização tentacular, bem organizada e muito mais poderosa do que 100 Al Capones todos juntos. Os métodos são mais subtis, mais sinuosos, mais maléficos e audaciosos.
Curiosamente, a denúncia de Fátima e do seu pagode, surgiu no seio da própria Igreja, feita por dois homens íntegros e bons: O Bispo do Porto – Bispo do Porto só há um, D. António Ferreira Gomes e mais nenhum – e o padre Mário.
O Bispo do Porto a escorraçar os vendilhões do Templo e a abjurar o infame comércio de Fátima, abjurando-o. O padre Mário desmascarando a cabala e usando a verrina exemplar e admirável da sua frontalidade, ao romper com a indecorosa extorsão aos crentes, perpetrada pela suja súcia do Episcopado e pela voracidade insaciável da Cúria romana.
Mas o dinheiro pode muito mais do que as vozes incómodas de dois Homens honrados, ainda que sacerdotes.
                          11. Os tempos, mesmo assim, são outros. A circunspecção e processos mais racionais deram lugar à hipocrisia de amigo, à humildade simulada, ao discurso ecuménico. Os beleguins do Vaticano sabem que já não podem recorrer aos autos-de-fé. Quando o Papa pede desculpa, está a praticar um exercício de teologia retrógrada, forçada pela evolução que lhe escapa, nunca por convicção ou arrependimento. Verte, apenas, tretas que, por não reflectirem uma contrição genuína, podem considerar-se obscenas, pois não restituem as vidas ceifadas nem balsamizam as torturas inenarráveis dos condenados ao cárcere e às fogueiras; menos ainda devolvem os bens que a Igreja lhes roubou.

                             … Onze vezes de folhas revestida,
                                  Onze vezes de flores adornada,
                                  Onze vezes de frutos carregada,
                                  Te vi, ameixieira, aqui nascida.
                                  
                                  Outras tantas também te vi despida,
                                  De folhas, flores, frutos despojada, 
                                  Pelo rigor do Inverno saqueada,
                                  E a seco tronco toda reduzida.

                                  Também a mim me vi já revestido,
                                   De folhas, flores, frutos adornado,
                                   De amigos e parentes assistido.

                                   De todos eis-me aqui tão desprezado,
                                   Mas tu voltas a ter o que hás perdido,
                                   E eu não terei jamais o antigo estado!

António Serrão de Castro. “ Estendido no potro e atado de pés e mãos, foi-lhe protestado pelo notário”
                              “ que se ele morresse no tormento, quebrasse algum membro, perdesse algum sentido, a culpa seria sua e não dos Senhores Inquisidores que o julgavam ao dito tormento, segundo o merecimento do seu processo”
                    -Episódios dramáticos da Inquisição Portuguesa – António Baião, Presidente da Secção de História da Academia das Ciências de Lisboa. Director do Arquivo da Torre do Tombo -.

                              “ Denunciou tudo. Denunciou todos! Na cabeça do rol, denunciou os próprios filhos!!”
                                 Foram-lhe confiscados os bens. Dos seus quatro filhos, dois foram condenados à fogueira; os outros, entre eles uma rapariga de 18 anos, Teresa de Jesus, assediada e violentada, perderam a razão e ficaram dementes.
Os assassínios, os roubos e os estupros foram de muitos e muitos milhares…
A Igreja Católica é herdeira contumaz desses assassínios hediondos, precedidos, todos eles, de tortura infame. E não tem emenda.
Olhai Pio XII que não foi, pròpriamente, um lírio do campo. Os nossos governantes avalizam e agraciam os perpetuadores dos facínoras e cumulam-nos de distinções e favores. A Católica não mudou. Os tempos é que mudaram.
Porém, a peçonha da víbora continua letal.
                            12. Aproxima-se uma revisão da Concordata. Por quê uma Concordata? Que deve Portugal a Roma? O que é que faz correr o Governo? Que obrigações nos acorrentam? Que direitos especiais terão de ser dados? Porquê?
Os padres não se consideram cidadãos dos países onde nascem. Só invocam a cidadania  para exigirem privilégios  Escapam aos seus deveres quando os interesses do Vaticano falam mais alto.
O descaro é tão acintoso e o topete tão descarado, que os Bispos se atrevem a marcar a agenda e a estabelecer condições prévias para a revisão.
E como temos um Governo jesuíta, teremos de rastejar. É bem verdade, para nosso pesar que, com o PSD, as coisas não nos correriam melhor.
Triste sina a nossa! Perdemos a dignidade. A Comunicação Social do Estado é vomitiva. Vivemos numa Democracia fascista. Todos os desmandos são permitidos, porque são democráticos.
                                     (assinatura do autor)

                                              SAÍU-NOS NA RIFA
Depois de andar,                                                               No céu prometida
De cú para o ar,                                                                 Uma vida simbólica.
A Beijar meio mundo,                                                       E na Terra? Ardida,
É preciso saber                                                                  Porém, mal parida,
O que vem cá fazer                                                           A seca fodida
O Marcinkus Segundo!                                                     Da igreja Católica?

Consolar as freiras,                                                           Bênçãos e Orações
Dengosas, matreiras,                                                         O Papa a rezar,
E, mesmo às feias,                                                            Com fé nos milhões
Num gesto de gula,                                                           Que vem cá sacar!
Por baixo das saias,
Meter-lhes a bula?                                                     Arre, porra, que é de mais:
                                                                           Esta não rima, mas é verdade.
Ou então, maravilha
De Fé, genial!
Inaugurar a bilha                                                       (assinatura do autor)
A um Cardeal?
                                                                                  Barros Francos, Lagoa
O Inferno se lh’abra                                                    8/5/2000
Se ele ainda fode,
Fazer a uma cabra
O que faz um bode!

Ó Deus, se é que sois
E podeis muito mais
Que uma junta de bois,
Que sorte nos dais?                      

                                                 ………………………..

Revelação do Terceiro “Segredo” de Fátima
                                  O “Segredo” – Parte 2.

O terceiro “segredo” de Fátima é um manancial de surpresas, Como se viu, na parte 1ª, a Igreja Católica está a ser compelida a tirar “o véu diáfano da fantasia” e a enfrentar “ a nudez forte da verdade”, ao ter de reconhecer, até ao pormenor mais insólito, as tramas que forjou e que estiveram por detrás do embuste que suscitou e alimentou a crença de que algo de sobrenatural teria acontecido, em 1917, na Cova da Iria.
Nesta parte 2ª do “segredo” o espanto não é menor. Com efeito, o 3º “segredo” contém, no seu epílogo, matéria que abala, profundamente, a hierarquia e ameaça fazer desabar, desde os alicerces, toda a estrutura da Igreja de Roma.
A mensagem expressa no documento escrito com base nas declarações da “vidente” que resta é muito corrosiva e demolidora. Mexe até ao âmago das entranhas –caramba!- com a praxis romana e com a autoridade dos papas, ao ponto de os tribunais pontifícios, depois de haverem decretado o adiamento da revelação durante tantos anos, terem ponderado, muito seriamente, a destruição pura e simples do malfadado testemunho de Lúcia, que mais parece um esquiço dos diabos.
Porém, acabou por prevalecer o bom senso: o parto é doloroso, mas a Igreja jamais poderia ensaiar e muito menos concretizar um aborto em matéria de Fé. Eis, então, como a professora primária de Ourém, o tal vasculho que se entroixou num lençol branco para se fazer passar por santa, encavalitada na azinheira, eis então como baralhou os dados e ditou, para a Lúcia, contar ao “Visconde de Montelo” – na verdade o Cónego Manuel Nunes Formigão – a versão autêntica da mensagem de Fátima: “Que a Igreja Católica, pelo muito que fez sofrer tantos seres humanos inocentes, designadamente índios no Brasil e noutros países subjugados pela ferocidade da Fé imposta aos naturais, nomeadamente pelos missionários que acompanharam Cabral, Cortez e Pizarro e, principalmente, pelos missionários enviados para o continente africano na época dos Descobrimentos e da Conquista, onde mataram, deceparam, queimaram ou, por outras formas desvairadas, sacrificaram e assassinaram os “gentios”, erguendo sarcàsticamente a Cruz e mandando para o Diabo do Inferno os que agonizavam de tormentos indescritíveis, imaginados e perpetrados com o intuito de  fazer prolongar a dor; e ainda pelo envolvimento decisivo da Igreja no saque e na caça às populações nativas durante os tempos da escravatura.
Que a Igreja Católica humildemente implore, a um Cardeal de raça negra ou índia, a aceitação de fazer sair fumo branco da negra chaminé do Vaticano, para o que a Cúria e o Conclave haverão de formalizar convite especial, com a eleição assegurada”.
Este é o tema genuíno da parte 2ª do 3º “segredo” de Fátima. É de embasbacar!
Um índio ou um preto a mandar nos brancos, arianos de raça pura, nazi-fascistas do jaez de Pio XII, é do caneco!
                                                  Será que se atrevem?
Parece que sim. Sabe-se já que a Conferência Episcopal Portuguesa e a sua congénere Torquemada estão de acordo e vão apoiar não só a divulgação do 3º “segredo”, como defender o seu conteúdo “com unhas e dentes”. Esta “com unhas e dentes” foi o que transpirou de “fontes habitualmente bem informadas”, designadamente a Rádio e a TV do Estado.
                                                  É de ficar varado!
Temos Igreja! Habemus Papa!

São insondáveis os desígnios do senhor! Deus é grande! Glória nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade!

                                                    Post Scriptum
Para a Igreja Católica, homens de boa vontade são os do género do Idi Amin, do Bokassa, Mobutu, Salazar, Hitler, Mossulini, Pinochet, Stalin, Mão-Tse-Tung e Pol Pot.
Embora os três últimos suscitem fortes dúvidas ao Papa actual. Mas que o João Paulo I gostava deles, ninguém duvide. Dizem que morreu assassinado pelos Bórgias. Vá!
                                                   
                                                  IMPRIMATUR
                                                  (ass. ilegível)


Nota do transcritor: Segue-se uma fotografia de dois mamíferos ( talvez um bode e uma cabra) a copular, à qual o autor atribuiu o comentário e quadra seguintes:

- Recepção protocolar, infalível, dada pelo Papa, nos jardins do Vaticano a todos os Chefes de Estado e de Governo, Ministros e outros Corruptos notáveis que o visitam. Pelo seu estilo e mais alta posição, se distingue e destaca o Papa do papado. O Papa “confraterniza” muito com todos eles. Ternamente, trata-os por fratelo. Ora:
                                           
                                                Fratelo é sê-lo de irmão feito a martelo,
                                                Bastardo sombrio e difuso, sem contornos;
                                                De incesto gerado em ventre profanado,
                                                Ou fruto dum sublime e valente par de cornos!

                                                                          IMPRIMATUR
                                                                       (assinatura do autor)        
                                                                                           Lagoa, 10/5/2000


*Passados quatro anos após a transcrição deste texto, e não tendo conseguido identificar o autor, resolvi publicá-lo sem a sua autorização. Estou, no entanto, certo que como apóstolo da busca da verdade, compreenderá e apoiará este meu atrevimento se dele tiver conhecimento.
                        


25/09/2014

SE EU TIVESSE NASCIDO PRÍNCIPE

Agora que a conceituada e isentíssima imprensa (também chamada os media), sempre preocupada em noticiar os acontecimentos “importantes” em grandes parangonas, e relegar para terceiro plano factos relacionados com pessoas verdadeiramente dignas de primeira página dei por mim, mais uma vez mergulhado (antes de conseguir adormecer) nas minhas meditações transcendentais, a pensar no que faria se tivesse nascido príncipe.   
Para tornar as coisas mais folclóricas, escolhi para berço, entre as poucas coroas que já restam no planeta, a inglesa. Razões?
Primeiro, por ter sido proprietária do maior império que existiu.
Segundo, por ter tido uma rainha, uma tal Vitória, também imperatriz da Índia, que reinou (mas não governou) sobre todas as suas “quintas” durante sessenta e quatro anos, durante os quais a hipocrisia humana atingiu alguns dos seus múltiplos paroxismos.
Terceiro, porque os “escândalos” que começaram com o pedido da mão (e não só) da Margarida, irmã da Isabel Nº 2, por um “reles” fotógrafo. Para poder penetrar, com rígida nobreza a principesca vagina, foi primeiro promovido a lorde, não se sabendo se as partes “fodengas” foram examinadas por peritos e preparadas para tão colossal como principesco efeito.
Quarto, porque tive notícia que ia nascer mais um bebé real, acontecimento a que já me referi no último artigo.
Quinto, e último, pela embirração biológica que tenho por quase tudo o que é inglês. Não há nada a fazer! São feitios, como dizia o nosso grande e saudoso Raul Solnado.

Divertido, comecei a idealizar o momento em que o espermatozóide de raça real, penetrou o óvulo irrigado de sangue azul da receptora, enquanto os amantes extasiados suspiravam fazendo o menor ruído possível. Receavam que ouvidos indiscretos captassem qualquer som, envergonhados como estavam depois de terem dançado um frenético e ruidoso minuete. Se alguém tivesse dado por tal, não haveria mais nenhuma notícia que coubesse na imprensa, nem que fosse para anunciar o fim do mundo.
Finalmente, depois do embrião se ter desenvolvido naquele útero forrado de seda cravejada de pedras preciosas, chegou o tão ansiado dia da parição.
Fora do palácio, onde o grande e raro acontecimento ia acontecer, uma multidão de imbecis e jornalistas, tinha acampado olhando para as janelas, como se esperassem a vinda de outro Cristo que, mesmo que o fosse, não resolveria nada dos problemas do mundo, tal como o primeiro.
É um macho, é um macho, começou a berrar a multidão ao saber que a nova cria tinha algumas excrescências entre as pernas. Vai ser o próximo rei, porque as mulheres só servem para rainhas quando não há um “piludo” para o efeito, e nós os seus súbditos dedicados e obedientes. E tudo isto 'graças a Deus'; como ele é grande!

Divertido com estes pensamentos, dei comigo a imaginar como seria a minha educação, necessariamente diferente dos outros humanos, já que pertencia a uma raça rara e em vias de extinção. Mas, como todas as crianças, a curiosidade impunha-se às palhaçadas que me obrigavam a fazer (protocolos, chamavam-lhes os meus tutores) e dei por mim, num misto de vergonha e chacota, a ver um filme sobre aquilo a que chamavam 'a coroação da minha mãe'.
Sem ofensa aos palhaços, profissão que muito admiro porque é muito mais fácil fazer chorar do que rir, interroguei-me como era possível uma pessoa sujeitar-se a fazer semelhante figura.
Sentada num cadeirão a que chamam trono, com uma espécie de turbante cravejado de pedras cintilantes, um pau na mão (chamam-lhe ceptro) e uma capa com uma cauda de muitos metros de comprimento.
Com ar aparvalhado, esteve ali sentada durante horas, rodeada por uma multidão, também mascarada, ouvindo os inúteis e hipócritas discursos que alguns vomitavam em adulações e elogios capazes de fazer perder a paciência ao Diabo.
Depois entrou para um coche, puxado por cavalos bem ajaezados e conduzido por criados de libré. Cá fora a populaça, que tanto aplaude um Robespierre, um Hitler ou um Estaline, comprimia-se em delírio, em êxtases, em transe (talvez até com orgasmos) para ver a sua nova proprietária, classificada de 'sua majestade', termo que ainda hoje é usado pela nossa imprensa, sempre subserviente a tudo o que é inglês.
Dentro do coche, a nova dona dos Ingleses, Escoceses e Galeses, mantinha a mão direita levantada, como mandava o protocolo, num gesto de gratidão aos seus súbditos que nem sequer tinham votado para que ocupasse aquele cargo.
(Quando o meu delírio chegou a este ponto recordei o facto de a ter visto em Lisboa quando tinha catorze anos. Para pormenores remeto o leitor para o artigo “O Disparatado Planeta das Falsas Celebridades”, publicado em 23 de Maio de 2011).

Findo isto, resolvi pensar no que faria se tivesse nascido príncipe, herdeiro ou não.
Primeiro teria de cumprir o protocolo, com vista a aumentar, ao máximo possível, os rendimentos que me caberiam por ser tão estudioso e disciplinado. Depois, e isso seria o principal, tornar-me o mais hipócrita possível, tanto nos actos como nas palavras. É uma norma banal felicitar todos os sabujos que, mesmo fazendo figas, aplaudem os seus donos (excepto os cães quando abanam a cauda).
Assistir a recepções, mascarado com uma farda ornamentada de condecorações herdadas de um antepassado qualquer que, por sua vez, as tinha herdado de outro. Viajar tanto pelo país como pelo estrangeiro, sempre com o sorriso protocolar e a mão a acenar à populaça contente de ter nascido só para me ver. “Comer” com os olhos as belas sonhadoras que adorariam que fosse eu o seu príncipe encantado, mesmo que fosse vesgo ou capado. Admirar os vestidos espampanantes e os rostos retocados das muitas senhoras que não aceitam o natural envelhecimento, mesmo que a pele e as mamas tenham sofrido várias operações 'ditas estéticas' (porque será que me lembrei da vila de Caneças?) e já estavam próximas do umbigo.
Enfim: todo um manancial de chatices das quais viria, no futuro, a procurar uma indemnização paga pela cretinice humana.
Para isso teria juntado muitos milhões nos chamados paraísos fiscais, e assim que achasse conveniente, pisgar-me-ia para uma ilha distante, gritando bem alto: "obrigado meu povo, pelas vossas contribuições e impostos. Agora arranjem outro ou governem-se sozinhos!"

Nota: qualquer comentário a este artigo escrito segundo o chamado novo acordo ortográfico, será considerado como tendo erros grosseiros e, como tal, corrigido.




12/09/2014

MORREU MAGDA OLIVERO

Com cento e quatro anos, morreu um dos grandes sopranos do século passado, cuja carreira decorreu, espantosamente, durante cinquenta anos.
Que eu saiba, o acontecimento, quanto mais não fosse pela idade da cantora, passou despercebido nos telejornais.
Em compensação, ficámos a saber que vai nascer mais um “bebé real” e que um tal futebolista do Benfica espatifou o seu 'bruto' carro.
Como não sou antropólogo, gostaria de saber a que raça pertence aquela cria humana, e se vai ser objecto de estudo científico.
Quanto ao segundo caso, confesso que tive muita pena; do automóvel, claro.

Francamente, jamais me entenderei com este famigerado planeta.  


AVIÕES BOMBARDEIROS A COMBATER INCÊNDIOS…E HINO "A CAPELLA" COM ORQUESTRA!

Durante a chamada “época de incêndios” (que não existia no tempo da “velha senhora” em que a maioria dos comboios era a vapor e o português, sempre descuidado, atirava a “beata” pela janela do automóvel), alguns jornalistas resolveram traduzir o nome da firma canadiana Bombardier.
Como alguns desses aviões são utilizados em Portugal contra esse flagelo, passámos a atacar os incêndios com "AVIÕES BOMBARDEIROS”! 
Não há dúvida que, para além da arte do desenrasca, temos inventores excepcionais, como provam os prémios que muitos deles ganham no estrangeiro. Sugiro, até, que aos inventores desses aviões, seja atribuído o Prémio Nobel; ficaríamos com três, o que não era nada mau.
E, já que falamos de incêndios, pergunto: para quando um governo com coragem para ordenar aos militares do exército que façam a vigilância e o combate a esse inimigo interno? É claro que isto é uma utopia. Se fosse assim, como arranjariam tempo para brincar aos polícias e ladrões com os dispendiosos carros de assalto, ou irem ganhar bom dinheiro na Bósnia ou no Afeganistão?

Estava quase a terminar este artigo quando ouvi um dos comentadores do jogo de futebol Portugal vs Albânia dizer, após a execução do nosso hino: "foi fantástico ouvir estes milhares de pessoas cantarem a capella!"
Ora este termo italiano, universalmente aceite, significa cantar sem acompanhamento instrumental, o que não foi o caso. De resto, pergunto como seria possível afinar esses milhares de pessoas para começar todas no mesmo tom, para além da ausência de um maestro que, no mínimo, teria de dar a entrada. E a verdade é que, apesar da habitual desafinação, todos terminaram praticamente ao mesmo tempo.
Mais uma vez, assistimos à mania que alguns apresentadores têm de acrescentar coisas das quais pouco ou nada sabem. Bastava a omissão daquele termo italiano, e tudo teria sido, de facto, fantástico. Excepto o resultado do jogo, claro.

A propósito de acabarem todos quase ao mesmo tempo, veio-me à memória um cartoon parodiando uma banda que tocava num coreto de aldeia: no final, um dos músicos de pé, apontando para uma página da sua pauta, perguntava: “já acabaram? A mim ainda me falta uma página”! 


04/09/2014

PEQUENA ANTOLOGIA DE DISPARATES SOBRE MÚSICA (2ª Parte)

Continuando no mesmo tema, vou contar algumas broncas que, na conceituadíssima Emissora Nacional (a “maçadora nacional” como era designada pelo bom-humor lusitano tão amante de trocadilhos), tive conhecimento pessoal ou foram contadas por colegas mais antigos.
Nesse longínquo ano de 1968, quando entrei para aquela estação de rádio como assistente de programas musicais (não vou referir outra vez os pormenores da minha carreira naquela casa), puseram-me na “onda curta” a responder às cartas dos nossos desgraçados imigrantes, rudes e analfabetos, que tinham partido para França onde habitavam nos bidonvilles. (Hoje não são os analfabetos mas os cérebros que imigram, por sugestão de um coelho que vai marcando os seus passos nos destinos do nosso ditoso País).
Um pouco frustrado com aquele trabalho, para o qual não tinha concorrido mas, naquele tempo começava-se pela base, atendia tentando compreender o “português” rabiscado nas cartas que eram colocadas pelo chefe na minha secretária, os pedidos de transmissão das música que mais gostavam de ouvir. Como é fácil de adivinhar (e estou a fazer História) era o “Fado do Emigrante”, cantado por Deolinda Rodrigues, o mais solicitado. Mas, havia também o “conjunto de Maria Albertina” com os seus êxitos semi-folclóricos mas muito populares e um tal Teixeirinha, músico popular brasileiro que fazia as delícias dos nossos quase escravizados compatriotas em terras da França e da Alemanha. 

Mas, politicamente falando, eram as suas remessas de dinheiro que contribuíam para que o escudo fosse uma das moedas mais fortes de todo o mundo.
Quis o acaso que Salazar fosse atingido por um acidente vascular cerebral (a versão oficial dizia que tinha caído de uma cadeira), cerca de um mês depois de eu ter entrado para a Emissora Nacional. Este acontecimento provocou um reforço da censura, já que qualquer tipo de alusão ao facto, tinha de passar por uma mais meticulosa inspecção dos censores.
Por isso foi publicada uma ordem interna que obrigava os assistentes musicais a ouvirem todos os discos com música vocal, antes da elaboração final do programa. Em caso de dúvida, era necessário o parecer do chefe do serviço, o qual, por sua vez, atirava a “batata quente” para o chefe da respectiva divisão.
Receoso, e sabendo que as culpas caem sempre sobre quem está mais abaixo (tinha aprendido isso na tropa), qualquer palavra ou frase que pudessem prestar-se a trocadilhos, apontava numa folha de papel para submeter à autorização superior que, depois de assinada, me livrava da responsabilidade da transmissão.
Hoje, passados tantos anos, recordo duas que me fizeram rir e que, obviamente, não valia a pena submeter ao exame censório. Não sei se pertenciam a fados, cançonetas ou a “baladas”, fenómeno este que começava a entrar nos meios juvenis contestantes do regime, e que atingiriam o apogeu no programa “Zip-Zip-“ da RTP, já no tempo de Marcelo Caetano.
Uma delas dizia assim: “estive entre a vida e a morte” e a outra, a “melhor” de todas, repisava “vai-te embora António”!
É claro que perante isto, era muito difícil encontrar qualquer letra que o nosso sempre bem disposto povo, mesmo longe da sua terra, não encontrasse qualquer semelhança com a situação de “suspense” que se vivia. Por isso, ficou decidido arranjar as coisas de modo a dar preferência à música instrumental, até que a “crise” abrandasse.

Voltando ao tema principal, e como isto já vai longo, como é meu hábito quando começo a escrever, vou relatar apenas alguns disparates e situações caricatas que ocorreram naquela “casa de doidos”, como era conhecida por quem lá trabalhava.
Com a mania que os Portugueses sempre tiveram de pronunciar os nomes e outras palavras estrangeiras, tentando melhor ou pior, aproximar-se o mais possível da fonética original, quebrando a musicalidade da nossa língua, era frequente ouvir coisas de pasmar; aliás hoje, devido à multiplicidade de estações de rádio e TV, a epidemia tornou-se, dramaticamente, mais virulenta. Ainda há poucos dias ouvi pronunciar o nome da cidade australiana Perth com um sotaque tal, que só depois de perceber que o assunto se referia àquele continente, é que consegui identificá-la como “Perte”. Foi assim que aprendi e que, a meu ver, deve ser pronunciada para as pessoas entenderem. Ou, qualquer dia vamos, também, ouvir London em vez de Londres?
Ora naquele tempo, em que a moda do francês dava lugar ao inglês, agora na berra mas indiferente para os franceses (e não só) que pronunciam Beethoven, Schubert ou Wagner acentuando a última sílaba, como podemos ouvir no canal “Mezzo” (pronunciam mèzô), Mozart era uma das “vítimas” preferidas. Mais valia pronunciar o seu nome à portuguesa que sempre soava mais parecido com o alemão. Mas, isso era revelar uma saloiice imprópria de quem sabe todas as línguas, mesmo que saia asneira; assim, os locutores diziam “môzart” acentuando a primeira sílaba. Mas chegaram a acontecer coisas muito mais espectaculares, como aconteceu com Bizet e Wagner, que foram anunciados como “baizit” e “uogner”!
Casos como este continuam a acontecer nos órgãos de comunicação social, em que topónimos não ingleses são pronunciados como se o fossem; já me referi num artigo anterior a casos como seja a cidade Russa de Irkutsk (grafia latina aproximada do cirílico) ter sido pronunciada como “àrkàtsk” e a ninfa 'Io' ter sido chamada de “aiâu! Também referi que o meu saudoso e querido pai pediu em Espanha uma “escueva” quando, afinal, é escova como em português, apenas com uma pequena diferença de sotaque.  

Quanto aos disparates de português, recordo uma colega jornalista, profissão que inventa, deturpa e exagera na ânsia de espantar e chegar primeiro com a notícia (é óbvio que, como em tudo há excepções) que, referindo-se a uma cantora lírica disse, ao microfone, que ela já desde nova “traulitava” canções! É claro que isto já foi muitos anos depois do 25 de Abril.
Estou a ser muito mauzinho, não é verdade? Mas eu também cometi alguns erros nas centenas de programas que escrevi e procurei aceitar sempre com agrado os reparos e ensinamentos que me fizeram. Errare humanum est, mas a dificuldade em admitir pessoalmente esta máxima, é característica da maioria das pessoas. Principalmente entre colegas de trabalho, onde a inveja, o compadrio e a hipocrisia são rainhas.

E vou terminar com duas pequenas histórias que, se fizessem parte de uma obra teatral, dificilmente teriam acontecido com tanta naturalidade.
A primeira aconteceu comigo. Fui encarregado de fazer a gravação de um concerto dado por um grupo coral feminino, dirigido por um maestro alemão bastante idoso e há muito radicado em Portugal.
Quando entrei na sala onde estava a ensaiar, o coro cantava uma composição inglesa da Renascença que, a certa altura repetia as palavras “fud it”. Não sei se é assim que se escreve (nunca soube o inglês moderno, quanto mais o antigo), mas era assim que soava. E, foi no preciso momento em que entrei que todas aquelas senhoras, cuja maior parte conhecia, repetiam aquelas palavras.
A minha entrada provocou, como é óbvio, que todos os olhares se dirigissem para mim. Como nunca tinha ouvido tanta mulher a dizer semelhante coisa para mim, é claro que comecei a rir, facto que se estendeu a todas elas.
Sem perceber a razão daquela hilaridade porque se encontrava de costas, o maestro parou de dirigir e, no seu português com sotaque alemão, disse não “perrceberr” onde estava a “grraça”, ao que uma das cantores respondeu: "é natural, na sua idade já não consegue ver”!
Uma sonora gargalhada geral seguiu-se a esta resposta mas, como bom alemão que era, o maestro repôs a ordem e o ensaio prosseguiu.
A outra história passou-se alguns anos antes da minha entrada na Emissora Nacional. Foi-me contada e confirmada pelos colegas mais antigos e é do tempo dos discos de 78 rotações.
Estava em moda uma canção chamada “Caminho Errado”, cantada por Luís Piçarra, cuja voz ainda hoje se pode ouvir com frequência cantando o Hino do Benfica.
A letra da canção diz, a certa altura, “eu não sou quem tu procuras”…”nossas vidas vão atrás de uma ilusão, caminho errado”.
Acontecia, e não eram poucas as vezes, que os discos sendo manuseados por vários funcionários, muitos deles desleixados, estavam de tal modo riscados que a agulha do gira-discos ficava presa numa espiral. A solução era um pequeno empurrão para continuar a leitura.
Mas o Diabo (para os crentes) também tem sentido de humor e, daquela vez, “ordenou” que a agulha ficasse presa na palavra "procuras", ficando a repetir “procu, procu, procu...” perante a aflição do locutor.
Mas o Diabo continuava atento e, depois do piparote no braço do gira-discos, a agulha acertou em cheio na espira onde estavam gravadas as palavras “caminho errado...”.
- “E esta, heim?" - Como dizia Fernando Pessa.