28/12/2019


O MAIOR PORTUGUÊS ?! (4)



Não foi só como ministro das finanças que Salazar e grande empreendedor das grandes obras do Estado Novo. Como estadista de génio, é preciso lembrar o papel que desempenhou durante a Guerra Civil Espanhola (1936/1939) e a Segunda Guerra Mundial (1939/1945).
Com o triunfo da Revolução Bolchevique na Rússia, os ideais comunistas começaram a avançar como uma peste pelo centro e sul da Europa. No caso da Espanha, tinham-se juntado ao Partido Republicano que então governava o país, e tinham a intenção de anexar Portugal e impor o regime comunista, tal como a Rússia fizera aos seus vizinhos. Contra aquele partido, opuseram-se os “Nacionalistas” chefiados pelo general Franco.
Este, por sua vez, aglutinara em torno de si todos os partidos de direita e, como é óbvio, a Igreja Católica. Tendo vencido a guerra, Franco assumiu-se como ditador e fascista, corrente que também florescia pela Europa, como se sabe. São modas que, tais como os extremos, tocam-se.
Salazar, como católico que era e sobretudo um GRANDE PATRIOTA, não hesitou em apoiar Franco para impedir que Portugal perdesse a independência e caísse nas garras do comunismo. Porém, acabada uma guerra, começa outra; é o triste destino do bicho homem na sua ganância e estupidez!
No mesmo ano de 1939 deflagra a Segunda Guerra Mundial. Com uma política e sentido de estado excepcionais, Salazar joga nos dois lados conseguindo, assim, gradar a Gregos e Troianos, para além de conseguir que a Espanha também se mantivesse neutra. Assim, a Península Ibérica, manteve-se um oásis de paz numa Europa em fogo, que os espiões de ambos os lados aproveitaram para se vigiarem uns aos outros, tornando-se Lisboa a sua cidade preferida. Entre eles destacou-se o agente-duplo catalão Juan Pujol, um autêntico génio da mentira, que convenceu Hitler que o desembarque dos Aliados no dia “D” se efectuaria em “Pas-de-Calais”, e não na Normandia como veio a acontecer.
Toda a minha geração cresceu a ouvir dizer que Salazar nos tinha livrado da guerra bem como Nossa Senhora de Fátima, “madrinha” de Portugal! Não sei em que ponto aquela mulher interveio no caso, até porque se esqueceu de nós na Primeira Grande Guerra; por isso prefiro homenagear apenas o primeiro, e deixar a segunda em paz “lá no assento etéreo onde subiu” (Camões).
Por outro lado, não se pode negar que havia muita pobreza. Mas, as grandes fortunas estavam na posse de poucas famílias que investiam na economia e industrialização do País; e os bancos não faliam! Hoje temos uma quantidade de milionários feitos pela corrupção e benesses que até o próprio Estado concede em vez de dar o exemplo como fez Salazar.
Quanto mais se ganha, mais subsídios disto e daquilo são concedidos.
No princípio da década de noventa do século passado, aquando de um dos Governos de um pobre idiota chamado Aníbal, surgiram nas empresas públicas os chamados “cargos de estrutura” de que eu fui um dos milhares de felizardos contemplados com tal aberração.
Assim, e contra mim falo, aqueles “tachos” eram concedidos a partir dos chefes de serviço, que era o meu caso na RDP. Assim, passei a usufruir de subsídio de isenção de horário (quantas vezes fiquei, por vergonha, a “fazer” horas até de madrugada) de subsídio de “cargo de estrutura” e cheques para despesas de gasolina, dos quais nem um quarto gastava incluindo as deslocações privadas. Volto a repetir: contra mim falo. “Não sou parvo, nem romancista russo aplicado, e romantismo sim, mas devagar” (Fernando Pessoa). Mas, há mais: os directores, para além de aquelas “benesses” que eram maiores, ainda tinham direito a carro da empresa, podendo ficar com ele após três anos de utilização. Quanto aos administradores, nem vale a pena falar: chegavam ao ponto de mandar mudar as alcatifas dos seus sumptuosos gabinetes se não gostavam da cor!
Tudo isto faz-me lembrar o presidente da Emissora Nacional que tinha, no velho edifício da rua do Quelhas, uma pequena divisão onde trabalhava. Ai Salazar, Salazar!
Fascismo em Portugal nunca houve como afirmou o saudoso historiador Herman Saraiva. Aliás, pode dizer-se que essa palavra só surgiu após o 25 de Abril quando os comunistas e uma dezena de grupelhos de extrema-esquerda como o MRPP, começaram com o slogan “fascismo nunca mais”, logo repetido pelo povo cuja maioria nem sabia o que isso significava.
Porém, nunca os ouvi falar em Rolão Preto, um tipo que em 1932 fundou o Partido Nacional-Sindicalista, cujos membros usavam camisas azuis e faziam a saudação romana adoptada pelos nazis.
Salazar proibiu aquele movimento porque “inspirava-se em certos modelos estrangeiros”, nomeadamente no fascismo italiano. Coisas. Quanto a Rolão Preto, foi preso e exilado em Espanha onde conspirou contra Salazar mesmo, ainda no tempo deste, quando regressou a Portugal.
Será que a “Mocidade Portuguesa” tinha algo que se parecesse com a “Juventude Hitleriana”? Na verdade havia uma educação patriótica (hoje se-se patriota é ser xenófobo e racista excepto no futebol, claro) e um cultivo da saúde física e mental, nada comparável à autêntica preparação militar e lavagem ao cérebro de cariz ultra-racista contra judeus e eslavos. (Quanto aos pretos era como se nem existissem). Nas nossas salas de aula estavam as fotografias de Salazar e do Presidente da República; mas, ninguém era obrigado a levantar-se e estender o braço gritando “viva Salazar”, como acontecia na Alemanha com o famigerado “Heil Hitler” rigorosamente obrigatório desde a instrução primária.
Também a Maçonaria não escapou à perspicaz inteligência de Salazar, colocando essa seita na clandestinidade cujos membros protegem-se sob juramento uns aos outros, devendo mesmo mentir em tribunal em defesa dos seus apaniguados. Deve ser por isso que hoje os processos judiciais arrastam-se durante anos até prescreverem.
Voltando à Ex.ma Doutora Odete Santos, ocorreu-me agora que naquele concurso televisivo referiu-se a o texto do célebre fado “Uma Casa Portuguesa”. Ora a letra não é de Salazar, embora este cultivasse os ideais de pobreza (que não é o mesmo que miséria) e da modéstia. Segundo consta, até odiava o fado, que classificava como o exemplo típico das lamurias nacionais. Quem não conhece aquela cena do filme “A Canção de Lisboa” em que Vasco Santana diz que “o fado é o veneno da Raça”- “Eu sou médico; sou obrigado a curar as chagas de carácter nacional”? Esta era uma piada a Salazar, bem como a frase “beber vinho é dar o pão a um milhão de portugueses” que Ribeirinho profere em “O Pátio das Cantigas”.
No mesmo filme, durante a cena de pancadaria que se desenrola no pátio, Vasco Santana conduz um grupo de crianças para dentro de uma loja que, “por acaso”, tem o nome de Salazar, e diz: “podem estar descansadinhos que aqui não lhes acontece mal nenhum”.
Ora aqui é que vou tocar no ponto que julgo ter levado mais de 40% pessoas a votarem em Salazar: É que havia SEGURANÇA, ORDEM E RESPEITO!

E, por hoje, chega; continua no próximo ano.

07/12/2019

O MAIOR PORTUGUÊS ?! (3)

Continuando com este polémico artigo, lembrei-me do já tão longínquo ano de 1954, em que fui morar com os meus pais, irmã e avó materna para o novo bairro lisboeta de Alvalade. A razão foi a de o meu pai não poder suportar a renda de casa na Av. Marquês de Tomar onde, então, morávamos.
Ora no bairro de Alvalade as casas eram de renda limitada, além de esta ser mas barata. Quer isto dizer que, dado ao facto de practicamente não haver inflação, os senhorios não poderiam aumentar as rendas por tempo indeterminado. Assim, a renda que o meu pai pagou durante vinte anos, foi sempre de 950$00. Depois, veio o 25 de Abril, e os “revolucionários”, dando cabo das finanças e da economia do País, provocaram o caos, tanto para inquilinos como para senhorios. Mas, se tivesse sido só nisto...
Naquele bairro novo nada faltava no que respeita ao comércio; na segunda parte da Av. da Igreja, todas as actividades relacionadas com o indispensável para uma vida modesta mas digna. “Até há uma casa de gelados”, dissera entusiasmado o meu pai quando a descobrira. Chamava-se “Gelataria Alfo Tarlatini” e não sei se ainda existe.
Parece impossível como vocês foram morar para tão longe”, comentavam familiares e amigos” ao que a minha mãe, de quem talvez tenha herdado o espírito de contradição por não me entender neste mundo, retorquía explicando que não precisava de ir à Baixa pois tinha tudo perto de casa e mais barato. E, quanto a transportes, tínhamos mesmo em frente da porta a paragem da carreira 21 de autocarros que, por 1$50, nos conduzia à Praça dos Restauradores.
É claro que podem dizer que eu falo assim por ser menino da cidade; porém, os livros das 3ª e 4ª classes faziam gala em mostrar a vida no campo, já que Portugal era e é um país essencialmente agrícola.
Aqueles livros focavam os assuntos mais diversos entre os quais a necessidade de se aprender a ler e a escrever. Se, como afirmou naquele concurso a ex-deputada comunista Odete Santos (que deve estar podre de rica) que Salazar dissera que um povo culto é ingovernável, esta noção só se poderia aplicar à cultura política. Na verdade, o comunismo era apresentado como um regime monstruoso, o que afinal se veio a verificar após após o desabar da União Soviética. Comparados com a polícia política soviética (KGB) e a sua homóloga nazi (Gestapo) os tipos da “PIDE” não passavam de meninos de coro! Por muito que seja condenável a existência das prisões de Caxias, Peniche ou do Tarrafal, onde morreram algumas dezenas de comunistas, estas não se podem comparar com os “Arquipélagos Goulag” soviéticos onde trabalharam até à morte milhões de presos políticos. Parece incrível mas na nossa Assembleia da República, onde marcam presença (quando não faltam) dezenas de oportunistas, este assunto continue tabu. Talvez o tipo do “Chega” ou lá o que é, ou a preta gaga que só vê racistas por todo o lado, um dia atire isto à cara do Sr. Jerónimo ou da dona Catarina, mas não acredito. Há que defender o “tacho” que a “populaça na praça” (nome de dois artigos deste blogue publicados em Abril e Junho de 2014) lhes ofereceu. E basta por hoje. 
Mais uma vez vou deixar o assunto “em cima da mesa”. Mas não sem antes recordar aquela quadrinha do poeta brasileiro Luiz Vieira, que reza assim:

Se bicudo vem de bica,
E se grota* vem de gruta,
Conforme a palavra indica,
Deputado vem de puta.

  *Grota do italiano grotta através do latim Cripta; galeria escura, subterrâneo, caverna.





09/11/2019


O MAIOR PORTUGUÊS !? (2)


'Mas aqui é que a porca torce o rabo', foi como acabei a primeira parte do tema referente ao maior português. No entanto, vou deixar essa expressão idiomática “em cima da mesa”, e referir mais alguns aspectos da política de Salazar. Isto porque chegou-me às mãos um número do semanário “Visão” em que faz referência às grandes obras do Estado Novo. Curiosamente, só se referiu à época e obra de Duarte Pacheco, omitindo tudo o que se realizou posteriormente, como se a obra de Salazar tivesse parado. (Se posteriormente o referido semanário continuou com o assunto, peço desculpa pois não compro qualquer tipo de revistas ou jornais).

Assim, a obra do Estado Novo criada por Salazar continuou e de que são exemplos as barragens para aproveitamento hidro-eléctrico, a Siderurgia Nacional, a “Lisnave”, a “Sorefame”, os “Cabos d’Ávila”, a “Efacec”, o gigantesco hospital de Santa Maria (pouca gente sabe que a sua arquitectura em “H” destina-se para, em tempo de guerra, mostrar que aquele edifício, é um hospital, a Mague, a “Sugal”, as pontes sobre o Tejo em Vila Franca e a vergonhosamente chamada “25 de “Abril” em Lisboa, e tudo o mais que a memória já não me consente.
No entanto, tenho bem vivos certos acontecimentos ocorridos durante a minha infância e juventude relacionados com aquelas obras.
Um tio meu, Eng. Bernardo Moniz da Maia natural de Azambuja onde hoje, justamente, tem uma artéria como o seu nome, foi o fundador da “Mague” em parceria com um colega de apelido Vaz Guedes. Mas, não ficou por aí, tendo colaborado em grandes obras como as autos-estradas Lisboa-Cascais e Lisboa-Vila Franca de Xira, a ampliação do porto do Funchal e a barragem de Cambambe em Angola. (Mal empregada).
Recordo-me bem, quando tinha oito ou nove anos, de ele me explicar para que servia a barragem de Castelo do Bode, e a economia que daí resultaria na importação de carvão do Reino Unido. Mas, deixemos as grandes obras e falemos um pouco de outros aspectos positivos da ditadura do Estado Novo.
Para já, era uma ditadura assumida, explicada na quarta classe da instrução primária. Hoje temos uma ditadura democrática onde não se pode dizer 'preto', 'raça', etc. deputados que declaram viver mais longe do chamado Parlamento para receberem mais subsídios de deslocação sem serem imediatamente expulsos, um enorme nível de corrupção e outras coisas muito “democráticas”.
A educação começava pela aludida instrução primária dividida em quatro classes. Seguia-se os primeiros, segundos e terceiros ciclos (este último encaminhava já para os diversos ramos das universidades).
As aulas começavam obrigatoriamente no início de Outubro no mesmo dia, e os livros estavam sempre prontos e numerados pelo Ministério da Educação Nacional, não faltando a indicação do seu preço e o respectivo carimbo do Ministério. Hoje faz-se publicidade no sentido da loja que vende mais barato e exige-se um autêntico arsenal de material escolar que a miudagem carrega em ridiculamente grandes mochilas. Não é de admirar que haja tanta publicidade a medicamentos para as dores nas costas!
Não havia a contumaz “guerra” de colocação dos professores e, facto curioso, durante todo o ano lectivo era raro que faltassem. Chego a pensar que eram imunes às gripes ou constipações!
Mas, havia o hábito de bater nos alunos? Claro que sim; era outra época e, por vezes, uma estalada era muito bem dada.
Pela minha parte, só levei uma nos onze anos escolares. A razão foi a seguinte: o professor acabara de explicar que os caracóis tinha a cloaca colocada no dorso. Armado em parvo, comentei sorrindo: segundo percebi, senhor doutor, o caracol caga-se pelas costas abaixo. Sorrindo também, o “soutôr”, como se diz agora, postou-se em frente de mim, e disse: tira os óculos. Obedeci e levei uma valente chapada. Depois, sempre sorrindo, ordenou: põe os óculos. Voltei a obedecer de imediato e a aula continuou como se nada tivesse acontecido. É claro que não disse nada aos meus pais. Se fosse hoje, os papás teriam ido pedir explicações ao professor ou, até, processá-lo, não fosse o rico filhinho ficar com sequelas psicológicas para o resto da vida.
Como é óbvio, também se faziam partidas e havia cenas de mau comportamento; mas, bastava muitas vezes um simples olhar severo do professor para o caso ficar resolvido.
Recordo, até, uma cena que costumo contar com uma certa saudade. Após uma cena de que não me lembro, um colega foi expulso com a seguinte frase: “põe-te no meio da rua”, ordem que foi logo cumprida. Pouco tempo depois, ouviu-se uma voz que gritava do lado de fora da janela: “senhor doutor, já estou no meio da rua. Diga-me o que devo fazer a seguir senão ainda vem um automóvel e atropela-me!”
Apanhado de surpresa, o professor foi à janela e chamou o aluno. E tudo terminou com risos e uma palmadinha nas costas.
É que nessa longínqua década de cinquenta do século passado e nas chamada Avenidas Novas de Lisboa, a passagem de um automóvel dava-se, quando muito, de cinco em cinco minutos. Eram “outros tempos, outras gentes, outra alegria”, como dizia o actor José Viana.
E agora, mais uma vez, o programa segue, não dentro de momentos, mas quando me apetecer. Entretanto, vou despejar mais umas garrafinhas de cerveja.


10/10/2019

O MAIOR PORTUGUÊS ?!

Há que regular a máquina do Estado com tal precisão, que os ministros estejam impossibilitados, pela própria natureza das leis, de fazer favores aos seus conhecidos e amigos”
António de Oliveira Salazar.

Em primeiro lugar declaro que, ainda não há muitos anos, jamais pensaria em defender Salazar, ou melhor: pôr os pontos nos is (e nos jotas que em democracia também têm esse direito) e analisar os prós e os contras dessa grande individualidade da nossa História. Mas os anos passam e a análise crítica dos factos vai-se tornando mais clara e de contornos mais livres das circunstâncias da época em que se dão. É esse o método da História que necessita de eliminar as paixões momentâneas, e analisar os acontecimentos com o máximo de isenção possível

Aquando da realização daquele concurso idiota sobre o maior português - e digo idiota porque naquele caso não há maior nem menor – o País confrontou-se com a esmagadora vitória de Oliveira Salazar. Num artigo anterior já referi-me a este assunto, criticando a triste figura que Maria Elisa fez felicitando a ex-deputada Odete Santos, defensora de Álvaro Cunhal que ficara em segundo ligar, em vez de se dirigir primeiro a Jaime Nogueira Pinto, o “padrinho” de Salazar. Coisas. Custa muito engolir sapos vivos! O Povo Português pode ser tudo o que quiserem, mas não é estúpido e revelou ter boa memória, apesar de a actual maioria já ter nascido ou ser muito jovem aquando do golpe de estado (e não revolução) acontecido no dia 25 de Abril de 1974.
Mas, há outro motivo que me faz escrever este artigo: a rejeição pelos ilustríssimos deputados da Assembleia da República da realização de um Museu Salazar em Santa Comba Dão.
Confesso que só por acaso é que soube dessa “democrática” decisão, mas calculo que os votos contra aquela ideia tenham saído desses fascistas de esquerda que constituem esses partido residual chamado comunista (nas eleições, para disfarçar, designam-se por CDU), do Bloco de Esquerda que ninguém sabe se são marxistas, estalinistas, maoistas, etc.) e de alguns deputados do PS. Porém, se estes votaram por unanimidade, mal vai este partido tão apegado à tolerância de ideias e que, no “Verão Quente” de 1975, até fez uma aliança com o CDS.
Seja como for, e não querendo fazer qualquer comparação com Salazar, deveriam ser proibidos museus como os das torturas da Inquisição instaurada pela santíssima Igreja Católica Romana, o campo da morte de Auschwitz, ou o das vítimas do comunista Pol Pot em Mianmar.

Mas, vamos aos factos.
Cresci ouvindo os meus pais, avós e outras pessoas mais velhas a falarem da trágica barafunda que fora a chamada Primeira República. Ainda hoje recordo com saudade a minha avó paterna a contar que, certo dia, quando passeava com o meu pai ainda criança pela Baixa, teve de entrar dentro de uma loja puxando o meu pai, para fugir a uma saraivada de balas. Tratava-se, “apenas”, de mais uma revolução.
Também nessa época, em que o mundo começava a despertar para o turismo, um folheto publicitário inglês sobre Portugal, expressava a sua culinária, os vinhos, o clima e, com um pouco de sorte, o facto de se poder assistir a uma revolução (tratava-se de humor inglês, como é óbvio). Como
resultado os governos sucediam-se tendo chegado a haver um que “governou” apenas durante um dia! Não foi, assim, difícil, que Portugal tivesse ficado à beira da bancarrota por via do sistema parlamentar, em que os partidos só pensam em si e não no País, tal como agora; mas isto fica para depois.

Após a Revolução de 28 de Maio de 1926 que impôs uma ditadura, foi chamado para ministro das finanças um obscuro professor chamado António de Oliveira Salazar, nascido na aldeia de Vimieiro concelho de Santa Comba Dão. Por essa altura lecionava em Coimbra tendo vindo para Lisboa ocupar o cargo com alguma relutância. Cinco dias depois, desiludido com o estado em que encontrou as finanças portuguesas, abandonou o cargo e regressou a Coimbra.
Foi ao Engº Duarte Pacheco que coube a missão de ir a Coimbra convencer Salazar a voltar para as funções que abandonara, e negociar as condições que ele exigia. Tinha já feito as contas todas, e sabia o que cada ministério podia usufruir. “E não me venham com choraminguisses porque não haverá nem mais um tostão para ninguém”, terá ele afirmado. “Governar um País é como uma dona de casa: não pode gastar mais do que recebe”.
Ora nessa altura a dívida externa portuguesa era 44% do PIB, e a Sociedade das Nações (entidade que precedeu a ONU), já tinha posto Portugal sob uma espécie de ultimato para pagar o que devia.
Perante esta situação catastrófica, a primeira preocupação de Salazar foi sanear as finanças, mantendo estáveis os preços dos bens essenciais (principalmente o preço do pão) e amortizar a dívida. Assim, a dívida externa em 1930 tinha já descido para 32%, em 1935 para 19%, tendo em 1940 atingido a fasquia de 5%!
Este “milagre” económico originou a seguinte quadra:

“Santo António português,
Arranja-me com quem casar;
De um mais um fazias três,
Como faz o Salazar”.

Também o bom humor nacional passou a designar por “salazar” um utensílio de cozinha destinado a raspar o fundo dos tachos; como se depreende, a analogia está correcta.
Uma vez equilibrada a balança comercial, a preocupação de Salazar voltou-se para a agricultura e para as grandes obras públicas.
Sob o impulso vigoroso do ministro das obras públicas, o já citado Engº Duarte Pacheco, Portugal desenvolve-se e moderniza-se.
São dele obras como o Instituto Superior Técnico, a primeira auto-estrada de Lisboa ao Estádio Nacional (também obra sua) e cujo viaduto sobre o vale de Alcântara tem o seu nome. (não sei como não mudaram o nome, pois trata-se da obra de um “fascista”!)
São, também, da sua iniciativa, os bairros sociais que ainda hoje existem, como os da Madre de Deus, da Encarnação e muitos outros que, com uma módica quantia mensal, os trabalhadores adquiriam uma bela moradia de dois andares com jardim, e espaço para uma futura ampliação.
Há que não esquecer ainda que são dessa época a Estrada Marginal de Lisboa a Cascais e o aeroporto da Portela de Sacavém hoje, e muito bem, denominado Humberto Delgado.
Foi curta a vida deste homem extraordinário, pois viria a morrer num acidente de automóvel em 1943, com a idade de 43 anos.
Mas a obra apadrinhada por Salazar não esmoreceu, e o Estado Novo iniciado por Salazar continuou na sua marcha de progresso, graças à sua política financeira; assim, o crescimento económico de Portugal foi o maior da sua História, e o saudoso escudo uma das moedas mais fortes.
“Enquanto houver um Português sem pão e sem lar, a Revolução continua”, afirmou Salazar. (aqui é que a porca torce o rabo mas isso fica para depois)

E, já agora, também fica para depois a continuação deste artigo que promete ser longo.

25/08/2019


A EUGENIA (conclusão).

Em primeiro lugar peço desculpa pela demora em continuar com este tema. O motivo é a preguiça que cada vez se torna mais forte; por este motivo, também espero que me perdoem algumas possíveis repetições, uma vez que não tenho pachorra para reler tudo o que já escrevi. É que quando me dá para tal, escrevo tudo às prestações, e a memória vai escasseando. Levei quase três anos a escrever o meu livro de apenas trezentas e quarenta páginas incluindo fotografias, e que tem por título “A Minha Ida à Guerra Colonial” ou “Como Brinquei com a Tropa”. Foram feitos cento e cinquenta exemplares em edição privada para a família, amigos e antigos colegas. E edição privada, porquê? Primeiro, porque trata-se de uma história pessoal que a só mim e àqueles que referi poderá interessar; segundo, porque nenhuma editora aceitaria publicar um livro sem fazer uma severa censura (hoje chama-se politicamente correcto) já que ofendo o “glorioso” Exército Português, os pretos, os brancos e refiro-me a Angola como “terra vermelha, terra maldita”. Tudo isto em bom vernáculo vicentino!
Mas, vamos ao que interessa.
Se bem me lembro (uso o título daqueles fantásticos programas que Vitorino Nemésio apresentava na RTP) já afirmei que se um historiador quisesse escrever uma História do Mundo (o que conhecemos) sem se referir a guerras e a outros conflitos, o livro ficaria reduzido a poucas páginas.
No caso da Europa as guerras fizeram que o seu mapa político variasse de tal maneira ao longo dos séculos que, comparar um atlas de há poucas décadas com um actual, encontramos uma profusão de cores que mudaram de sítio. Devido o meu interesse inato pela Geografia, já em criança passava horas a ver os atlas pelos quais os meus pais tinham estudado. Depois, no liceu, confrontei-me com mapas de geografia política bastante diferentes daqueles que, à força de tanto ver e rever, tinha decorado; ainda hoje conservo esses atlas bem como os mapas que desenhava e pintava com aguarelas.
É óbvio, que nos outros continentes como a África, a situação só começaria a mudar na segunda metade do século XX mas, como escrevi, vou referir-me apenas à “soberba” Europa.
Exceptuando o Sudeste Asiático, onde se encontram magnificas obras arquitectónicas, acaso poderemos admirar fora da Europa maravilhas como as que se encontram espalhadas por todo o Continente , construidas ao longo de séculos de História conflituosa? Os monumentos da América Pré-Colombiana podem-se comparar, por exemplo, ao Parlamento de Budapeste? E na África Negra? Palhotas e alguns artefactos primitivos para turista comprar.
Poderá argumentar-se que os pretos (perdão, afro-americanos, neologismo importado dos EUA), os índios e oa aborígenes da Austrália eram mais felizes antes da chegada dos europeus; sendo assim, por que é que adoptaram na sua maioria os costumes e toda a maquinaria criada pelo génio dos brancos, os tais que “têm o esperto n’os cabeça”?
A Eugenia, longe de ser uma ciência, procura responder a esta pergunta: porque será que certas raças (perdão, etnias) parem génios (para o melhor e para o pior) e outras não? Sem responder, como é óbvio, a esta pergunta, cito dois exemplos perigosos que atingiram o paroxismo no século passado.
Primeiro, a existência de uma raça superior (a ariana) em detrimento de todas as outras, destinadas à morte e à escravidão; segundo, o Comunismo, uma utopia que pretende a igualdade entre todos e que, posto em prática, teve criar uma polícia política para se manter, até cair como um castelo de cartas. Karl Marx estava profundamente enganado, quando afirmou que o Comunismo nasceria entre as classes evoluídas e industrializadas. Com efeito este só germinou onde reinava a miséria. Alguém já ouviu falar nos partidos comunistas de uma Dinamarca ou de uma Suécia? Eu, não. É no Sul da Europa, desde Portugal à Grécia, que ainda existem alguns pândegos que acreditam nessa “religião”.
Uns tempos atrás, um político europeu disse que os povos do Sul da Europa só pensam em mulheres e vinho. Foi o Diabo! O Mediterrâneo encapelou-se de vergonha ao ouvir tamanha ofensa, e o tal tipo foi obrigado a fazer penitência, justificando-se atrás de uma mera metáfora.
Metáfora, sim; mas que é uma realidade, é. Pela parte que me diz respeito, até achei muita graça. No fim de contas, fizemos a mesma figura dos pretos, para quem é uma espécie de desdém e ofensa serem tratados como tal. Porque é que isto não acontece quando se chama branco a um caucasiano? Só quem esteve algum tempo em África é que pode entender. Mas isso é outra história, e esta retratada no meu livro “secreto”.
Hoje a Europa torna-se asilo daqueles pobres diabos que saíram da escravidão dos brancos para se deixarem escravizar pelos seus próprios irmãos de cor. Mas, o pior é que a Europa vai ficando cada vez mais cheia, o que faz com que a extrema-direita vá ganhando terreno. Como se costuma dizer, cada macaco no seu galho. Se assim não for, não tarda que comecem a haver graves conflitos.
A lei do mais forte e do mais apto começa logo com os espermatozoides; de muitas dezenas de milhões, só poucos conseguem vencer a longa e difícil caminhada que os espera. E destes, só um consegue o seu objectivo, fechando imediatamente a “porta” pois não gosta de concorrências.
É assim este mundo, desde a mais pequena bactéria à maior das baleias.
Soberba e grande em tudo, até serviu para que uma tal Maria (falecida há dois mil anos) aparecesse em alguns locais do seu território; e alberga dentro de si, disfarçada de santidade, a maior máfia do planeta: O VATICANO.

“Eis-aqui , quasi cume da cabeça
De Europa toda, o reino Lusitano;
Onde a terra se acaba, e o mar começa,
E onde Phebo repousa no Oceano.
Este quiz o Céo justo que floreça
Nas armas contra o torpe Mauritano,
Deitando-o de si fóra; e lá na ardente
África estar quieto o não consente.”

“Os Lusíadas”, canto III estância XXI.
Edição de 1865, propriedade do autor.

22/07/2019

A EUGENIA (continuação)

“Entre a zona, que o Cancro senhoreia,
Meta Septentrional do Sol luzente,
E aquella, que por fria se arreceia
Tanto, como a do meio por ardente,
Jaz a soberba Europa; a quem rodeia
Pela parte do Arcturo, e do Occidente
Com suas salsas ondas o Oceano,
E pela Austral, o mar Mediterraneo.”*

* “Os Lusíadas”, canto III estância VI.
(Edição de 1865 propriedade do autor)

A soberba Europa! Já Camões a classificava de soberba porque expandia pela força as suas potencialidades. Mas, não será o ser humano apenas um pouco mais do que um animal partilhando os comportamentos instintivos e primitivos? Será falsa a teoria da lei do mais forte e a sobrevivência dos mais aptos? É óbvio que, pelo menos socialmente, aqueles comportamentos são condenáveis, mas a História mostra-nos o contrário.
Nós, Portugueses, chegámos a África e ao Brasil onde encontrámos os diversos povos num tal estado de primitivismo que tornou fácil dominá-los e, depois, escravizá-los durante séculos.
Os Espanhóis, por seu turno, desvairados por uma incomensurável obsessão pelo ouro, destruíram as civilizações pré-colombianas (Aztecas, Incas e Maias) com as suas armas de fogo e o uso de cavalos que era um animal desconhecido dos Índios.
Os Ingleses fizeram o mesmo na América do Norte e na Austrália, tendo enfrentado no primeiro caso a heroica resistência oferecida pelas tribos autóctones, acabando quase por exterminá-las, vivendo hoje os poucos descendentes dos que sobreviveram em reservas para turista ver. E tudo isto sob o beneplácito do Cristianismo e seus derivados. Só poucos tentaram atenuar a ferocidade da “soberba Europa”, como foi o caso do nosso padre António Vieira.
Por outro lado, e já que anteriormente falei na ocidentalização da Rússia, lembrei-me agora que Ataturk fez o mesmo na Turquia, chegando ao ponto de entre dezenas de reformas para “europeizar” o seu país, ressaltarem a proibição do uso do fez pelos homens e do véu islâmico pelas mulheres e a substituição do alfabeto árabe pelo alfabeto latino. É obra!
Mas, o mais curioso é que por vontade própria ou por imitação, japoneses, pretos e outros passaram a usar fato e gravata como os ocidentais. Isto de um modo geral, como é óbvio. Só os árabes é que mantém o tradicional albornoz.
Insistindo no adjectivo com que Camões presenteou o Velho Continente, vou referir três casos que considero paradigmáticos.
Em 1821, uma sociedade filantrópica norte-americana adquiriu cerca de 111.000 quilómetros quadrados na costa ocidental de África, para que os ex-escravos negros que quisessem poderem fundar aí um novo país. Em 1847 a nova nação tornou-se totalmente independente e passou a denominar-se Libéria. Sem querer entrar em pormenores históricos como seja que foi o primeiro país independente de África e que não foi vítima da colonização europeia, salto para a época actual para dizer que, apesar das riquezas naturais e das centenas de navios que utilizam a sua bandeira (as chamadas bandeiras de conveniência) é um dos países mais miseráveis do mundo.
Em 1949, cinco anos após o termo da Segunda Guerra Mundial, foi fundado na Palestina o estado de Israel como uma espécie de compensação pelo extermínio de seis milhões de judeus pelos “civilizados” alemães.
Raça sempre perseguida durante milénios, mas que se considerou sempre o “povo eleito” do seu Deus, a meu ver o cúmulo do optimismo, mas que conseguiu manter sempre uma grande união graças à sua cultura e crença religiosa.
Atacado várias vezes pelos países árabes, Israel soube sempre resistir com uma resposta que reforça a teoria da sobrevivência dos mais aptos, ao mesmo tempo que transformava a aridez do seu território num autêntico pomar. Não é por acaso (será eugenia?) que aquele povo foi sempre considerado como “fazedor” de dinheiro. Até nos seus nomes avultam apelidos como Goldberg que significa monte de ouro! Para além do ódio paranoico que Hitler nutria pelos Judeus, o facto é que grande parte da economia alemã estava nas mãos deles. A frase “não faças judiarias” tem nesse motivo uma origem centenária.
Ao contrário destes, os pretos ou negros revelam-se incapazes de progredir sozinhos. Depois de colonizados pelos brancos, colonizam-se a si próprios sob a pata daqueles que, tal como os brancos, têm “o esperto nos cabeça”.
Veja-se o que se passou no Zimbabué quando os fazendeiros brancos foram expulsos das suas terras pelo presidente Mugabe. Um território (antiga Rodésia) que era praticamente auto-suficiente, caiu como todas as ex-colónias na inflação galopante, na pobreza e na imundice que proporcionaram o reaparecimento de doenças consideradas erradicadas de vez. É claro que a expulsão dos brancos não foi uma atitude racista; porém se tivesse sido ao contrário, caía o Carmo e a Trindade como se costuma dizer! Quem estiver interessado veja o documentário no youtube intitulado “ser negro em Angola” e a reportagem do New York Times a que já me referi num artigo anterior.
Se a muita gente incomoda aquele quadro que não tem fim de crianças de ventre inchado e que nem sacodem as moscas, à espera que apareça um médico branco para as ajudar, confesso que hoje já não me aflige. Afinal, e como escreveu Fernando Pessoa “...tudo o mais é ter fome e não ter que vestir, mas mesmo que isso aconteça, isso acontece a tanta gente que nem vale a pena ter pena da gente a quem isso acontece...”

Nota: sobre a eugenia escreverei mais um artigo que espero seja o último que versará este tema. Falarei sobre a “soberba Europa” que também tem muito que contar.

13/07/2019


AH! VALENTE TOURO!

Peço desculpa de interromper o meu “estudo” sobre eugenia, mas o que se passou em Coruche há poucos dias, e de que só agora tive conhecimento, obriga-me a fazê-lo.
Em mais um desses espectáculos bárbaros que envergonham o nosso País, um touro sofrendo dores atrozes, virou a sua justificada fúria contra o cavalo que se tornou no bode expiatório de tanta crueldade. Pena foi que o não tivesse feito contra aqueles tipos de meias cor de rosa, sapatinhos de menina e berloques pendurados; foram quatro para o hospital mas tudo ficou por aí; o pobre cavalo é que teve de ser abatido!
Antes já uma menina, (fidalga porque não?) caíra do cavalo graças à valentia de outro touro. Não sei se terá esborrachado as mamas.
E que dizer daquele major da GNR armado em Marialva do século XXI?
Tenha juízo, homem, e vá honrar o ordenado que recebe.
A única consolação disto tudo, é verificar a quantidade de bancadas vazias principalmente numa terra onde mais está enraizada essa bárbara e estúpida tradição!
Uma pergunta: será que o deputado do PAN no Parlamento Europeu vai mostrar aquelas e outras imagens do género em Bruxelas?

E fico por aqui. Prometo voltar com a continuação da eugenia.


08/06/2019


A EUGENIA


Continuando como o tema que intitulei “o grande fosso”, permito-me perguntar porque é que ele existe e hoje, mais do que nunca, é mais profundo.
Já repararam que, pelo menos nas épocas mais recentes e na Europa, nunca se ouve falar de fome, greves, “coletes amarelos”, golpes de estado, ditaduras, etc. nos países escandinavos? E que dizer da Suíça, que até conseguiu manter-se neutral mesmo no centro dos dois grandes conflitos mundiais? Passando agora para o outro lado do Atlântico, sabem dizer-me o nome do primeiro-ministro do Canadá?
Acho que não; nem o daquele país nem os da Austrália e da Nova Zelândia!
Parece, assim, que por qualquer razão, há povos, raças ou etnias (como quiserem) que sabem “arrumar a casa” e mantê-la nesse estado mesmo quando sofrem a fúria dos elementos. Veja-se, também, o caso da Holanda, com uma grande parte do seu pequeno território abaixo do nível do mar. A capacidade de trabalho e organização dos Holandeses até deu origem àquele ditado que diz que “Deus fez o mundo, e os Holandeses fizeram a Holanda
Mas, o mais curioso, é que esses países são considerados ricos, embora os recursos naturais sejam escassos; por outro lado, os verdadeiramente ricos como o Brasil e a Venezuela, Angola e outros países da África Negra, para só mencionar estes, são considerados pobres!
Estas contradições fizeram-me recordar o termo “eugenia”, criado no século XIX pelo antropólogo Francis Galton. Baseado nas teorias de Darwin, aquele termo que significa “bem nascido”, procura estudar as causas sociais que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das gerações futuras.
Já Platão, na sua “República”, defendia o aperfeiçoamento da sociedade humana por processos selectivos por eliminação dos deficientes que teve como pontos culminantes a sociedade espartana e, no século XX, o nazismo alemão.
Sem querer defender de modo algum esse tipo de sociedades, há coisas que me dão que pensar tendo como exemplo a Civilização Ocidental. Não que esta tenha atingido o nível que conhecemos por processos impostos mas, outrossim, por qualquer causa, repito, que a levou a chegar à Lua e a enviar naves não tripuladas para lá do sistema solar.
Mas, deixemos as viagens espaciais e falemos de música, já que esta é o campo onde me sinto à vontade, e à qual dediquei toda a minha vida profissional.
Entre as várias Histórias da Música que possuo, há uma adquirida nos meus tempos de estudante e que tem por título “História da Música Europeia”.
Pode-se, assim, perguntar se só existe música na Europa, votando ao ostracismo os outros continentes. A resposta é simples e é explicitada pelo próprio autor (Jacques Stehman) no início da obra: “A história que aqui vamos evocar é da música europeia. Devemos considerar haver nisto alguma injustiça? Não, não há; a música existe em todos os países não europeus, desde a Antiguidade, segundo duas tendências frequentemente paralelas: ou evolui , torna-se erudita, inspirando-se finalmente na técnica ocidental, ou, fiel às suas tradições religiosas e populares, permanece ritual e primitiva”.
É claro que sobre este assunto poderia dissertar sobre música dos chamados primitivos actuais, sobre o Koto japonês, as Ragas indianas, as escalas pentatónicas do Oriente e a música que os escravos negros trouxeram para os Estados Unidos onde, misturados com as técnicas e instrumentos dos brancos, deram origem aos espirituais, ragtimes e blues.
Tudo isto estará muito certo mas o facto é que um Gesualdo, um Palstrina, um Monteverdi, um Bach, um Mozart, um Beethoven, um Tchaikovsky, um Wagner, um Debussy, um Stravinsky, um Chostakovitch, um...bolas! (Perdoem-me o desabafo mas, com o entusiasmo ficava para aqui a citar dezenas de nomes) só surgiram na Europa. E o mais curioso é a incrível quantidade de maestros, pianistas, violinistas, etc. que começaram a aparecer no século passado a interpretar a música ocidental, e que hoje podemos ver e ouvir no youtube, principalmente japoneses, chineses e sul-coreanos!
Mas, se recuarmos no tempo, poderemos facilmente aquilatar do poder da Civilização Ocidental. Os exemplos são muitos, e começarei pela Rússia.
O czar Pedro (dito o Grande) disfarçou-se de carpinteiro e trabalhou na construção de navios na Holanda, para dotar o seu país de uma frota segundo as técnicas do Ocidente.
Também a czarina Catarina II, teve como principal preocupação ocidentalizar a Rússia. E, já que mencionei aquela governante, não resisto a contar um história que, infelizmente, a maioria dos portugueses desconhece. Sabem quem foi Luísa Todi, que tem uma estátua em Setúbal e dá o nome ao Forum Municipal daquela cidade? Eu explico: Luísa Rosa de Aguiar (o apelido Todi provem do marido Francesco Saverio Todi, compositor e violinista napolitano) foi uma das maiores cantoras líricas portuguesas. Nasceu a nove de Janeiro de 1753 em Setúbal, e faleceu no dia um de Outubro de 1833.
A sua fama internacional chegou de tal modo a São Petersburgo, então capital da Russia, que Catarina II a convidou para cantar na sua corte. Naquela cidade, para onde se deslocou com o marido e filhos, permaneceu quatro anos, tendo sido presenteada com joias de grande valor.
No seu regresso, o imperador Frederico Guilherme II da Prússia hospedou-a com a família no seu palácio, tendo-lhe posto ao seu serviço uma carruagem e cozinheiros próprios e pago um caché principesco.
E, o que é feito das joias, perguntarão os meus leitores? Em 1809 dá-se a Segunda Invasão Francesa de Portugal comandada pelo marechal Soult. Uma vez tomada a cidade do Porto, a população aterrada foge para a outra margem do Douro através da única ligação existente: uma ponte que se apoiava sobre uma série de barcas alinhadas, e por isso denominada Ponte das Barcas. A estrutura cedeu sob o peso dos fugitivos, tendo-se registado cerca de quatro mil mortos. Luísa Todi, que trazia as joias numa mala, conseguiu escapar mas, na confusão, a mala caiu no Douro tendo-se perdido para sempre. Pelo menos, esta é a versão oficial.
E, depois deste esclarecimento, atacou-me a costumada preguiça, pelo que vou ficar por aqui. No próximo artigo continuarei com o mesmo tema. Assim, o programa segue dentro de momentos...










18/05/2019


E AGORA, SENHOR PROFESSOR DOUTOR MACACA (PERDÃO) MALACA CASTELEIRO?

O Presidente Bolsonaro acaba de anunciar que o Brasil não vai aderir ao chamado novo acordo ortográfico, enquanto outros países de língua oficial portuguesa continuam sem ratificar esta autêntica estupidez, cretinice e imbecilidade que saiu da sua obtusa cabeça.
E agora, volto a perguntar, o que vai Portugal fazer? Vai continuar com esta “grande facada na cultura portuguesa”, como afirmou o infelizmente já desaparecido professor Vasco Graça Moura, ou vai voltar atrás, com todos os problemas que daí irão resultar?
Como não vale a pena “bater” mais no assunto, vou copiar um parágrafo existente num guia turístico sobre Portugal do princípio da década de sessenta do século passado. Diz assim: ”A nossa língua é difícil. Mesmo para nós. Os acordos do idioma com o Brasil só têm trazido como resultado complicar ainda mais, linguisticamente, as coisas. Cá e lá!”
E esta, hem? Como dizia Fernando Pessa.

(Tinha prometido aos meus leitores que o próximo artigo escreveria sobre eugenia; porém esta decisão do Presidente do Brasil relegou aquele tema para depois. As minhas desculpas.)




O GRANDE FOSSO (2).

Depois de passada a psitacose, que quase me tornou num papagaio igual aos que falam na televisão, vou explicar o que pretendo dizer com aquele título. Possivelmente o tema será dividido em partes, já que estou cada vez mais preguiçoso.
A meu ver, nunca houve na História do Mundo (entenda-se planeta Terra) um fosso tão grande entre ricos e pobres, culturas, ciências, tecnologias, artes, etc.
Por qualquer razão obscura, aquilo a que chamamos civilização (prefiro o termo desenvolvimento) começou há cerca de quatro mil anos no Mediterrâneo Oriental.
De repente, (em termos históricos, como é óbvio) o ser humano
sai do nomadismo, funda cidades e começa a descobrir e inventar coisas até aí inexistentes como, por exemplo, a escrita.
Este espaço de quatro mil anos, até levou um “maduro” chamado James Ussher, a afirmar que Deus criou a Terra no dia 23 de Outubro de 4004 a.C. às seis horas da tarde!!!; já o judaísmo avança para 29 de Março de 3760 a.C., enquanto os Maias recuavam para 29 de Setembro de 18.490!
Seja como for, a escrita, as artes e as ciências iam avançando lentamente, enquanto a população humana pouco crescia em número, devido às guerras, epidemias e catástrofes naturais. Assim, o planeta equilibrava-se naturalmente porque não havia interferências de maior que pusessem em perigo a “Vida na Terra”. Esta situação durou, pode dizer-se até à invenção da máquina a vapor, no séc. XVIII. Depois, as coisas precipitaram-se e, em progressão mais que geométrica, chegámos à loucura actual representada pelas novas tecnologias. E digo hoje, na verdadeira acepção da palavra, porque amanhã já outras novidades irão aparecer.
Fazendo um retrato pessimista e ao mesmo tempo paradoxal, julgo que todos nos iremos “afogar” brevemente numa 3ª guerra mundial ou numa grande catástrofe provocada pelos resíduos das tecnologias. Senão, vejamos:
1- O grande biólogo David Attenborough, já no princípio deste século, afirmou que para todos os povos deste planeta terem um nível de vida igual aos europeus, norte-mericanos, canadianos, australianos e mais alguns poucos, seriam necessários três planetas iguais ao nosso!
Também um operador de câmara do National Geografic, disse que quando voltou ao Borneo dois anos depois de lá ter estado a filmar, declarou que teve vontade de chorar quando viu uma enorme parte da floresta tropical transformada em palmares.
2- Um economista cujo nome não fixei, afirmou que não se pode pretender o infinito num planeta finito, o que é lógico.
3- O nível de vida dos países atrás referidos só são possíveis devido ao trabalho de milhões de escravos (homens, mulheres e crianças) que labutam no chamado 3º mundo; e digo escravos, porque a diferença entre os antigos forçados e os actuais, reside em ordenados ínfimos em vez da alimentação dada pelos seus donos para poderem trabalhar.
4- Os prodigiosos avanços da medicina, fazem com que a longevidade das populações dos países ditos ricos, ultrapasse o razoável e que cada vez haja mais velhos do que novos. O pior é que, como diz o meu médico cardiologista, aumentamos o tempo de vida mas, na maioria dos casos, não progredimos lhe damos qualidade. Ora isto torna impossível aumentar os anos de trabalho e, consequentemente, diminuir o tempo da reforma. Eu, por exemplo, estou de boa saúde mas com o sistema músculo-esquelético todo “podre”. Reformado há l6 anos, sabe-se lá quanto os contribuintes vão ter ainda que desembolsar para pagar a boa reforma que tenho.
Como é óbvio, mesmo reduzindo, continua-se a contaminar o planeta já demasiadamente poluído. Fala-se contra os motores “diesel”, avança-se com automóveis eléctricos, ensaia-se outras fontes de energia, mas eu pergunto: e os milhares de aviões que todos os dias lançam toneladas de combustível queimado nas camadas mais altas da atmosfera? E países como a Índia, para só falar neste, em que as pessoas usam todo o tipo de veículos, muitos deles a cair de podres, porque não têm dinheiro para comprar outros?
Alguns sonhadores ainda estão, tal como eu na adolescência, no mundo da literatura de ficção científica, em que se carregava num botão e passava-se de uma galáxia para outra!
Ora, pondo os pontos nos ii (e também nos jotas que, democraticamente, também têm direito a ser subjugados por um ponto) as viagens espaciais estão muito longe daquelas que os autores de ficção científica adornaram (e de que maneira) os sonhos dos meus “bons velhos tempos”.
Senão, vejamos: o único planeta rochoso mais próximo da Terra é Marte. A única semelhança com a Terra além da atrás mencionada, é a rotação que executa em cerca de 24 horas e meia. Quanto à translação, esta é de cerca de dois anos, o que faz com que os astronautas tenham lá de ficar oito a nove meses. Contando o tempo de viagem, ida e volta, teremos de acrescentar mais 16 meses, o que dá aproximadamente dois anos! Fácil, não é?
Mas, há ainda que ter em conta a atmosfera constituída principalmente por dióxido de carbono; os robôs que por lá andam já registaram ventos de mais de mil quilómetros por hora. É por estes motivos que considero inútil uma expedição humana quando os ditos robôs já mostraram praticamente tudo o que pretendemos saber sobre o Planeta Vermelho.
Por curiosidade, acrescento que fora do nosso Sistema Solar, existe um planeta rochoso que orbita a estrela “Próxima Centauri”, assim chamada por pertencer à constelação Centauro e ser a estrela mais próxima de nós a seguir ao Sol (cerca de 4,2 anos luz).
A uma velocidade de um quinto da velocidade da luz, ou seja 60.000 Km/s uma nave levaria vinte anos a lá chegar, e as mensagens ou fotos que nos enviasse, demorariam 4,2 anos a cá chegar.
É por isto que considero que estamos irremediavelmente presos neste famigerado planetazinho, orbitando uma estrela situada num dos “braços” espirais da Via Láctea.
Assim, e antes que comecemos a comer-nos uns aos outros passando o “grande fosso” (até agora tem sido apenas o Mar Mediterrâneo) vou fazer uma pausa.
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Muito mais poderia dizer sobre este tema, mas julgo que não vale a pena já que o assunto é conhecido de todos. Por isso, vou falar, ou melhor, interrogar-me sobre as causas da existência deste “grande fosso” entre ricos e pobres. Já o faço há alguns anos e não encontro resposta. A questão é delicada porque vou falar sobre raças “inferiores” e “superiores”. (Com aspas pode ser que a actual censura, agora chamada “politicamente correcto”, não me chateie). Mas isso ficará para o próximo artigo que terá o título de A EUGENIA.