21/12/2020

 JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS E O SEU “BITÔVEN”!

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É fantástico como um jornalista que considero culto pronuncie de uma forma ridícula o nome de Beethoven. Será por piada, já que tem a mania de se fazer engraçado quando apresenta o telejornal da RTP-1, ou é mesmo ignorante no que respeita a um dos maiores compositores de todos os tempos? Prefiro acreditar que com a mania que todos os portugueses têm de falar inglês, o citado jornalista confunda os dois “e” com o som “i”; basta ouvir como pronuncia “Trump”, que mais parece uma vaca espanhola com uma batata quente na boca! Pronuncie à portuguesa, homem! Ou, se quiser, aspire ligeiramente o “h” e ficará praticamente igual ao alemão, gaita. (a interjeição até fica bem, já que se trata de música).
E, já que falei desta endémica faceta lusitana de papaguear todas as línguas do mundo, vou relatar um caso que presenciei in loco (ou no terreno). Vinha com a minha mulher da encantadora ilha do Porto Santo, sobrevoando mares há seiscentos anos navegados por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, eis quando uma passageira se sentiu mal. Como havia duas médicas a bordo, uma portuguesa e uma italiana, passaram o resto da viagem ao pé dela, tendo uma ambulância vindo buscar a senhora após a aterragem.
Estávamos à espera das bagagens quando surpreendi a médica portuguesa a dizer para o presumível marido, com a voz impregnada da mais intrigante admiração: “a minha colega italiana não falava inglês”!!!
Ainda estive para intervir, mas como seria um acto de falta de educação, abstive-me.


07/10/2020

 Adeus, Quino!


Em Dezembro de 2014 escrevi um artigo intitulado Parabéns, Mafalda”, associando-me às comemorações dos cinquenta anos do nascimento da tua “filha”. Agora, ao saber da tua morte, não podia ficar calado e prestar-te uma homenagem póstuma.

Viste a realidade do mundo como ninguém; nunca tiveste a ilusão de um “mundo melhor”; não quiseste ter filhos para não seres responsável por pôr mais seres humanos neste mundo cruel!

Mas, em compensação deste vida à Mafalda e ao seu irmãozito Gui. Tiveste a genialidade de acrescentar à “contestatária” os seus amigos, cada qual com as suas diferentes personalidades tão bem vincadas.

A Susaninha, apenas preocupada em vir a casar com um homem rico e ter muitos bebés; o Manelito, apostado em ser dono de uma grande cadeia de supermercados; o Filipinho, o eterno depressivo e angustiado com o começo das aulas, e incapaz de se declarar a uma miúda de quem gostava; o Miguelito, o tipo de pessoa prática que, apesar de algumas dúvidas, deixa-as para outro dia; os progenitores da Mafalda, o pai apaixonado por plantas e pelo “dois cavalos” que comprou a prestações, e a mãe, a clássica dona de casa da época, e que continua a existir na maior parte do mundo. Finalmente, a minúscula Liberdade, expedita até mais não, filha de um casal de extrema-esquerda, a tal facção de idealistas que quer endireitar o mundo, mesmo que para isso tenham de cometer as maiores atrocidades, como aconteceu (e ainda acontece) nos países comunistas. São os paradoxos da triste condição humana.

Partiste, Quino, é um modo mais suave de dizer que morreste, porque o ser humano gosta de “dourar” as coisas, mesmo que a situação seja a mesma. Sei que não levaste boas recordações deste mundo onde a vida, para sobreviver, se devora a si mesma! O mundo, aquele que conhecemos e que tão bem caracterizaste nas tuas quase duas mil “tiras”, continuará afogando-se na loucura das novas tecnologias e no aumento exponencial de seres humanos, até que estes se devorem a si próprios ou sejam esmagados pelos seus próprios inventos.

Partiste, repito; e, como escreveu Fernando Pessoa, cuja obra não tenho a menor dúvida que leste, “sem ti correrá tudo sem ti”. Fica a tua monumental obra plena de sabor agridoce porque “a miséria do mundo deve provocar o riso nas nossas almas”. (Li-Tai-Pó, poeta chinês do século VIII dC). E já que estamos em momento de poesia, lembrei-me de transcrever este excerto do poema de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) intitulado “Tabacaria”.

...

Mas o dono da tabacaria chegou à porta e ficou à porta.

Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada

E com o desconforto da alma mal entendendo.

Ele morrerá e eu morrerei.

Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.

A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.

Depois de certa altura morrerá a rua em que esteve a tabuleta,

E a língua em que foram escritos os versos.

Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.

Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente

Continuará fazendo coisas como versos e vivendo debaixo de coisas como tabuletas.

Sempre uma coisa defronte da outra.

Sempre uma coisa tão inútil como a outra.

Sempre o impossível tão estúpido como o real.

Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície.

Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

...


06/09/2020

COM PRETO OU SEM PRETO...

Esta que vou contar passou-se nos já longínquos anos 60 do século passado. Portugal concorria aos “Festivais Eurovisão da Canção”, que viriam a tornar-se na palhaçada que é, e por mais que os nossos melodistas* se aprimorassem, ficava sempre nos últimos lugares. A história era sempre a mesma: dávamos cinco pontos à Espanha e esta, amavelmente, devolvia-nos.

Ora aconteceu que, em 1967, o vencedor caseiro foi um preto de seu nome Eduardo Nascimento. Nada melhor para mostrar ao mundo o Portugal pluri-continental do que enviar à final em Viena um cantor daquela raça. Coincidências!

Por essa altura eu encontrava-me em Nova Caipemba (norte de Angola) a cumprir o serviço militar integrado numa companhia de doidos que, a começar pelo capitão miliciano, estava-se nas tintas para a guerra. Tudo isto está escrito na edição privada do meu livro intitulado “A Minha Ida à Guerra Colonial”. Mas, adiante.

Apesar de em Angola não haver televisão, soube pela rádio que Portugal voltara a ficar entre os últimos países. Por outro lado, quando ouvi a cançoneta, intitulada “O Vento Mudou”, não pude deixar de rir com a discrepância de acentuação rítmica entre a música e a letra. “Oiçam, oiçam”, berrava o pobre do cantor acentuando a última sílaba como se aquela forma do verbo ouvir fosse uma palavra aguda! Tudo isto deu origem a um poema satírico que, à boa maneira portuguesa, gozava com a nossa fraca classificação.
Tenho pena de não o ter fixado, apesar de me recordar de tantas anedotas políticas que publiquei neste blogue como os leitores sabem. Só me recordo do final que era assim: “com preto ou sem preto, ninguém grama a gente”.

Mas, a que propósito vem toda esta lenga-lenga? Muito simplesmente pelo “caso Rui Pinto”. Ficámos a saber que quem denuncia toda a canalha que reina entre os políticos, futebol e outros ladrões que andam a roubar Portugal desde o 25 de Abril**, é que vai ser julgado porque, pasme-se, utilizou meios ilícitos. Então porque é que permitem os agentes infiltrados? E se um cidadão ao olhar para as janelas de um prédio frontal ao seu e assistir a um crime, também será julgado por estar a invadir a privacidade alheia? Encantador “estado de direito”, como apregoam aos sete ventos estes políticos de merda. Assim, com preto (actualmente preta) ou sem preto, a Justiça não funciona!


* Utilizo a palavra melodista e não compositor porque a maioria dos chamados compositores ligeiros pouco mais fazem do que inventar uma melodia (que até pode ser muito bela) deixando para outros o complexo trabalho de harmonizar e orquestrar.

** Se tiverem paciência procurem no “youtube” o debate com o jornalista José Gomes Ferreira intitulado “andam a roubar Portugal desde o 25 de Abril”.

19/07/2020


CUIDADO! A NOVA CENSURA ESPREITA!

Chamem-lhe censura ou politicamente correcto. Mas, a verdade é que ela está aí. Nos tempos do Estado Novo, apenas não se podia dizer mal do Governo ou praticar actos contra a segurança do Estado. Pelo menos sabia-se onde estava o risco. Agora tenta-se regular palavras e atitudes para convencer que todos os cidadão são iguais, ou melhor, para que as minorias dominem Portugal. Por isso, aqui vão alguns conselhos:

1- Nunca te refiras a um preto como tal, mesmo que ele seja castanho, mulato ou cabrito. Excepção: Podes dizer que um branco é branco, mesmo que ele esteja chamuscado pelo sol.
2- Se fores branco e naturista, já verificaste que o pénis quando fica erecto, toma o aspecto de um chouriço com aneis brancos e castanhos. Por isso, avisa primeiro a tipa com quem vais ter relações, não vá ela fugir a berrar que fizeste vários enxertos de pilas de brancos e pretos. De qualquer modo, seria uma excelente prova de anti-racismo.
3- Nunca digas raça nem qualquer outro termo que faça a distinção entre os seres humanos. Podes dizer etnia mas é de evitar, pelo menos na comunicação social.
4- Nunca te refiras a um indiano como monhé, e jamais cites o velho ditado que diz que se vires uma cobra e um indiano, mata este último e deixa a cobra em paz.
5- Nunca utilizes a palavra ciganice, pois isso pode ofender essa etnia que, segundo as más línguas, a maioria se dedica ao contrabando e vive em acampamentos rodeados de toda a sucata que encontra.
6- Nunca digas que os Chineses, Japoneses e outros orientais têm os olhos em bico. Nós vemo-los assim porque os nossos olhos são defeituos.
7- Nunca uses o termo judeu quando te referes a usurários. Cada qual utiliza o seu dinheiro como quer, mesmo que seja roubado.
8- Nunca contes anedotas sobre pretos porque podes ofendê-los. Transfere as mesmas para os alentejanos ou outros que não sejam complexados.
9- Nunca digas que eram os próprios régulos africanos que vendiam os da sua raça aos negreiros a troco de chapéus de chuva, espelhos e bugigangas. Isso é uma horrível deturpação da História inventada não sei por quem.
10-Se passares em Belém, baixa a cabeça e não olhes para o Mosteiro dos Jerónimos nem para o monumento dedicado aos Descobrimentos. Eles são a vergonha do nosso Povo porque enaltecem a memória de dezenas de gerações de malandros. Se te custar assumir essa atitude, aproveita e delicia-te com os famosos pasteis de Belem.
11-Jamais te refiras aos territórios portugueses de além mar como Províncias Ultramarinas ou Ultramar Português. O termo correcto é Colónias.
12-Nunca ponhas a hipótese de os pretos viverem pior do que quando estavam lá os brancos. Estes nunca levaram para lá os progressos da medicina e das tecnologias. Aquelas imagens que vemos de crianças esqueléticas, com os ventres inchados e rodeadas de moscas são falsas. Confirma com a Isabel dos Santos.
13-Lembra-te que o racismo só existe nos brancos em relação aos pretos e nunca o contrário. Quando há assassínios de brancos perpetrados por pretos, trata-se de uma simples e natural homicídio; quando há massacres entre tribos de pretos, a culpa também é dos brancos que traçaram fronteiras à régua.
14-Tem sempre cuidado quando falas de racismo. Quando o deputado do “Chega” André Ventura disse no Parlamento que ia dizer algo que poderia ser considerado racismo, foi logo avisado por Sua Excelência o Senhor Presidente da Assembleia da República que “era melhor não fazê-lo”. Mas, sem se intimidar, ele disse que “não há nenhum distrito em Portugal onde não haja problemas com a etnia cigana”. (Eu próprio já tive problemas com eles).
15-Nunca trates por selvagens os povos que ainda vivem praticamente na Idade da Pedra. Apelida-os, simplesmente, de primitivos actuais, embora a etimologia da palavra se refira a quem vive na selva.
16-Tem sempre presente que os pretos que vivem nos Estados Unidos são denominados afro-americanos, como se não houvesse brancos nascidos na África. De qualquer modo, e seja qual for a denominação, trata-se de um lamentável acto descriminativo.
17-Se fores na rua e vires uma pessoa conhecida ao longe, toma cuidado com o gesto que fazes com o braço para lhe chamar a atenção. É que alguém pode julgar que estás a fazer a saudação romana, muito posteriormente adoptada pelo Nacional-Socialismo alemão, mais conhecido por nazismo. Se alguém te chamar a atenção, fecha o punho como símbolo do comunismo. Embora este sistema tenha cometido tantos crimes como o outro, trata-se apenas de pontos de vista políticos.
18-Em presença de “fascistas de esquerda” e por uma questão de boa educação nunca fales dos “Arquipélagos-Goulag”, da “Revolução Cultural Chinesa” ou da imediata transformação do campo da morte de “Auschwitz” noutro campo de extermínio, desta vez sob as ordens de Estaline. Assim, evitas desmentidos e discussões inúteis.
19-Se fores responsável por uma cantina, nunca sirvas carne de porco se lá estiverem muçulmanos. Pede respeitosamente desculpa pela tua ignorância, e vai à cozinha mandar que lhes seja servido outro prato. Mas, primeiro, certifica-te que não há nenhum comensal indiano, não vás cometer uma segunda asneira servindo um bife de vaca. Se ficares enrascado, vai à rua e arranja um burro; há por lá muitos e ninguém notará a diferença.
20-E, para terminar, segue-se os versos de uma canção muito em voga nos anos quarenta do século passado. Duvido que hoje alguma estação de rádio tenha a coragem de a pôr no ar. Também o filme “Chaimite”, sobre a guerra contra os Vátuas em Moçambique, parece ter sido saneado dos programas televisivos dedicados ao cinema português. Coisas!
Voltando à canção, que tem como título “Canção do Cigano”, podem ouvi-la no youtube na voz “melaça” de Alberto Ribeiro, cantor e artista de cinema português (1920-2000).


P’la raia de Espanha, nas sombras da noite,
Passava um cigano no seu alazão, (1)
O vento brandia seu nórdico açoite,
E as folhas rangiam caídas no chão.

E já embrenhado no Alto Alentejo,
Nas sombras da noite tingidas de breu,
Nem mais uma praga, nem mais um desejo,
Aos ecos distantes o pobre gemeu.

Não há maior desengano,
Nem vida que dê mais pena,
Do que a vida de um cigano;
Atravessar a fronteira,
Para ser atravessado
Por uma bala certeira.
E tudo porque o destino,
Só fez dele um peregrino.
Companheiro do luar,
Um pobre judeu errante
Que não tem pátria nem lar.

E o contrabandista temido e valente,
Voltava de Espanha no seu alazão,
Um tiro certeiro, um braço dormente,
E um rasto de sangue marcado no chão.

E já embrenhado no Alto Alentejo...
(o texto é todo repetido até ao fim)

(1) Para quem não saiba, alazão é uma raça (perdão, etnia) de cavalos.





06/07/2020

AVÉ-MARIA DE SCHUBERT OU DE GOUNOD?

O jornalista José Alberto Carvalho (está na berlinda) disse que o presidente Bolsonaro mandou tocar a “Ave-Maria” de Schubert a respeito já não sei de quê. Ora o que ouvimos foi a “Ave-Maria” de Gounod, ou melhor, de Bach/Gounod. Parece estranho, não é? Mas eu explico. O primeiro prelúdio da monumental obra de Bach “Das Wohltemperierte klavier" (O cravo bem temperado) serviu de base (vulgo acompanhamento) à célebre melodia que Charles Gounod compôs cerca de dois séculos depois. O efeito, como se sabe, é excelente e quase toda a gente a conhece, tal como a outra “Ave-Maria”, a de Franz Schubert.
Depois de ter ouvido a primeira na transmissão televisiva do Brasil, num detestável e desafinado arranjo (julgo que para violino e acordeão), fiquei admirado por José Alberto Carvalho não ter corrigido. Será que não conhece estas duas “Ave-Marias”? Duvido, já que se trata, repito, de duas pequenas obras-primas que quase toda a gente conhece. 
Ou, então, foi o Bolsonaro que baralhou tudo; dele e do Brasil tudo é de esperar.


21/06/2020

E TUDO O VENTO ESTÁ A LEVAR!

O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. O desprezo pelas ideias aumenta dia a dia (...) não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida.”
Eça de Queiroz, pois claro; sempre actual neste ditoso País!
A Bandeira Nacional foi ofendida por um preto que até teve a lata de dizer que devia ser substituída por outra e nunca mais se falou no assunto.
Os Descobrimentos são considerados uma vergonha nacional.
A concretização de um museu dedicado a Salazar é uma heresia.
Os heróis são considerados torcionários e os cobardes heróis.
As estátuas são vandalizadas porque os representados são “negreiros”. Nem o bom padre António Vieira, que protegeu os índios e era contra a escravatura e a Inquisição, escapou da fúria desta canalha que anda por aí.
Um grupo de idiotas inventa um “acordo ortográfico” para adaptar a nossa escrita ao “brasileirês” e ao “pretoguês”, dando uma grande facada na cultura portuguesa, como afirmou Vasco Graça Moura.
A deputada preta que só gagueja quando quer, não larga o “tacho” apesar de ter sido expulsa do partido que a colocou no Parlamento.
Uma deputada branca tem o despudor de pintar as unhas mesmo ao lado do primeiro-ministro, enquanto outro é apanhado pelas câmaras da TV a dormir.
Se um polícia bate num preto é racista; se for num branco é uma agressão.
E podia continuar mas prefiro ir directo aos factos.
Tudo começou com o assassínio de um preto nos EUA por um polícia que tudo indica saber o que estava a fazer, já que a vítima se queixava de não poder respirar. É condenável a todos os títulos, mas isso é com a justiça americana.
Tal facto, infelizmente banal num país sem rei nem roque, bastou para que uma onda anti-racista primária varresse o planeta. Isto porque o homem era preto (afro-americano, como por lá se diz); se fosse branco, é óbvio que não seria notícia para tanto estardalhaço.
Até o filme “E TUDO O VENTO LEVOU” (julgo que foi o primeiro filme a cores), e que é uma autêntica obra-prima na história cinematográfica, foi votado ao ostracismo.
Já agora espero que façam o mesmo à aventura de Astérix “O Domínio dos Deuses”, onde entre vários escravos brancos e pretos (até há um Lusitano) o chefe dos segundos vem pedir ao centurião que lhe dê umas chibatadas porque “se sente cansado”; e, também, à aventura de Tim-Tim, “Carvão no Porão”, onde o capitão Hadock perde a paciência ao tentar explicar um determinado assunto a um grupo de pretos.
Mas a maior estupidez que acaba por cair tanto no ridículo como no patético, é a tentativa de remoção da estátua de Cristóvão Colombo. Será que esses imbecis que se julgam americanos não sabem que são todos descendentes de europeus, e que os verdadeiros americanos que escaparam à avidez pelo ouro encontram-se em reservas para turista ver? Se não fosse Cristóvão Colombo, Américo Vespucio e outros, onde estariam agora os actuais europeus que se intitulam americanos e que devem o nome ao segundo navegador?
Passemos, agora, ao fenómeno escravatura. Esta existiu desde sempre e até Platão, na sua “República”, defende-a com a lógica da época não vendo alternativa para a sua extinção. Porque os acontecimentos históricos têm de ser vistos na época em que se deram e, para entendê-los, há que aceitá-los como a mentalidade desses tempos os entendia.
Nós, portugueses, somos acusados de ter começado a escravatura negreira à medida que avançávamos pela costa ocidental da África. Mas, porque é que não se diz que os Árabes já havia muito tempo que faziam o mesmo na costa oriental do mesmo continente? Seremos nós os únicos “maus da fita”? É óbvio que depois da descoberta do Brasil e com o incremento da produção açucareira naquele território (o açúcar era um luxo na Europa pago a preço de ouro) se fosse buscar mão de obra a África onde os pretos, raça naturalmente submissa e indolente (ai a censura), viviam quase na Idade da Pedra. Eram, como se dizia, uma raça selvagem, isto é, que vivia na selva. Isto nada tem de ofensivo, embora passasse a significar uma hipotética inferioridade em relação aos europeus, donos de uma cultura técnica e artística que suplantava de longe a raça negra. O porquê deste fenómeno ultrapassa o meu conhecimento, como demonstrei nos artigos que escrevi dedicados à eugenia, mas que é real, disso não tenho dúvidas, mesmo pressionado pelo chamado “politicamente correcto”.
A escravatura negreira tornou-se tão natural que havia empresas e sociedades anónimas dedicadas a esse horrendo negócio como se tratasse de um produto qualquer. Havia accionistas que investiam nessas instituições sem nunca terem visto a “mercadoria”; para as gerações que se sucederam durante séculos as coisas foram sempre assim, e até a Igreja Católica de Roma, salvo raras excepções, não se opunha. Porquê, então, mudar o que era considerado “natural”?
Outro fenómeno próprio do ser humano é a ganância. Porque não me venham com a velha história de que a Epopeia das Descobertas iniciada por nós foi para “espalhar a fé e o Império”. A ideia fulcral era chegar à Índia por mar e trazer de lá as especiarias de um modo mais seguro e barato do que por terra. Mas, quem não gostou nada da aventura de Vasco da Gama foram os Árabes, já que passaram a ter de lidar com a concorrência. E, então, as escaramuças começaram.
Mas, não foi só com os Árabes que tivemos de nos haver. Em breve os Espanhóis, mais tarde seguidos por Franceses, Ingleses e Holandeses viriam guerrear connosco e, como é óbvio, também entre eles. É, infelizmente, a lei da vida que, para sobreviver, tem de alimentar-se de si própria.
Mais expeditos foram os Espanhóis. Com poucas centenas de homens comandados por Cortês e Pizarro, liquidaram pura e simplesmente as três civilizações pré-colombianas existentes na América. Não sei se em Espanha existem estátuas destes dois aventureiros dominados pela febre do ouro. Se existem não lhes auguro longa existência, a menos que esta histeria anti-história acabe. Por sua vez os Ingleses ocuparam a Austrália e a Nova-Zelândia, mandando os aborígenes que também viviam na Idade da Pedra, para as urtigas. É assim o mundo, infelizmente.
Pela minha parte sempre achei que dos acontecimentos históricos não vale a pena pedir desculpa. É inútil e só serve para acirrar os ânimos e, isso sim, incitar ao racismo.
Qual foi o povo ou país que, ao longo da sua história, não não massacrou, roubou e escravizou outros povos, ou mesmo entre si em guerras civis? Pela nossa parte teremos mos de arrear a estátua de D. Afonso Henriques e de todos os guerreiros que lhe sucederam? E, porque não, o mosteiro dos Jerónimos e o padrão dos Descobrimentos? E o que fazer da estátua de D. Nuno Álvares Pereira, agora armado em santo pela santíssima igreja de Roma? Ora, vão à merda seus traidores do c...!
Por esta ordem de ideias temos a história do lobo e do cordeiro: se não foste tu, foi teu pai. Vá! Toca a pedir desculpa aos Árabes por terem sido expulsos da Península Ibérica; por sua vez estes devem pedir desculpa aos descendentes dos godos, visigodos, vândalos e demais “bárbaros” que fizeram o mesmo; estes últimos aos Romanos, estes ao Gregos e... porra, porra e mais porra até nas profundezas do Inferno.
Entretanto, na África, volta e meia o tribalismo provoca autênticos massacres entre os pretos. Mas isso é uma notícia de terceiro plano. O problema é quando um branco mata um preto, o que prova a descriminação racial da maioria dos jornalistas
E vou ficar por aqui.
Chega! Estou farto!

13/05/2020


A DESCRENÇA DOS CRENTES

Francamente! Quanto mais velho vou ficando, cada vez me entendo menos com este famigerado planeta e as suas gentes. Julgava que isso não era possível, mas esta pandemia teve o condão de pôr os meus neurónios num curto-circuito que estoirou com os poucos disjuntores que ainda possuo no cérebro.
Hoje, 13 de Maio, dia comemorativo da primeira encenação do Teatrinho das Aparições em Fátima, os crentes ficaram em casa com medo do contágio. Mas, então, que confiança é que têm na tal Maria (neste caso a de Fátima) que até já “curou” alguns doentes conforme as promessas que lhe fizeram? Porque não foram para lá de velinha na mão, rastejar como um réptil e cantar aqueles hinos (por sinal bem bonitos) para destruir essa obra de Satanás chamada “Covid-19 ? (para o Trump, foi obra dos chineses). Não é preciso ser nenhum génio para perceber que essa gente não confia na divindade em que acredita e que isto de questões de fé, quando as coisas se complicam, só faz jus ao velho adágio que diz que “quem tem cu também tem medo”. Ou não será? Pois se são as próprias chefias as primeiras a incentivar o confinamento, a começar pelo Sumo Pontífice? (durante algum tempo julguei que sumo pontífice era a urina do papa).
Catástrofe, devem pensar todos os que em Fátima usufruem dos chorudos lucros da Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada criada em 1917 por um tal cónego Formigão.
Sede pacientes e não queiram tudo, digo eu; olhem que Jesus (o alcunhado de Cristo, que em grego significa ungido) disse que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no “Reino dos Céus”). Mas, de frases feitas está o planeta inundado, e, com algumas oferendas, promessas, uma tonelada de vaselina e alguma força, pode ser que se consiga fazer passar um camelo; ou um dromedário, que só tem uma bossa. Quem gosta de buracos apertados sabe como é.
Já agora, uma pergunta? Porque não passar o festival do 13 de Maio para o mesmo dia de Agosto? É que nesse dia de 1917 os três pastorinhos (leia-se três crianças sequestradas) ficaram na casa do governador de Ourém brincando com os seus filhos, livres da pata da padralhada. Portanto, não houve representação no “teatrinho” e o público, mesmo sem ter pago bilhete, ficou defraudado. Mas, não há problema, pensaram logo os imaginativos encenadores. Em Outubro até vamos pôr o Sol a bailar. E assim foi, mas só para alguns fanáticos que contaminaram o resto da multidão interpretando um banal fenómeno meteorológico como se fora uma “dança”. É curioso como o resto do mundo e os astrónomos não deram por tal. Sempre há gente muito distraída!
Mas, não foi só o ramo politeísta do Cristianismo de Roma que teve medo. Pois se até os muçulmanos não fizeram a habitual peregrinação a Meca. (Deixa-me estar calado, não vá aparecer por aqui um homem-bomba a caminho de um planeta onde o esperam não sei quantas virgens!)
E, para terminar, apenas uma pergunta: porque é que os astrólogos, videntes, quiromantes, cartomantes, adivinhos e toda essa seita de oportunistas que vive da crendice humana, não previu o aparecimento do vírus? Peço que alguém me responda, se for capaz! 


07/05/2020


O MAIOR PORTUGUÊS ?! (7)


Ah, finalmente! Dirão os leitores que têm seguido estes artigos sobre Salazar. A verdade é que, para além da preguiça, este último artigo já foi feito por duas vezes e o estupor do computador apagou. A culpa deve ter sido minha, pois nunca me entendi com estas maquinetas e não é agora, aos setenta e sete anos, que vou conseguir. Veremos o que vai acontecer com este.
Ah, finalmente!” Assim exclama o fugitivo político Angelloti ao entrar na Capela Attavanti na ópera “Tosca” de Puccini.
Lembrei-me desta introdução ao ouvir pela enésima vez aquela ópera e por encontrar uma relação com os presos políticos do Estado Novo Onde há ditaduras, obviamente que tem de haver presos políticos.
Não porque Salazar tenha tido qualquer semelhança com o barão “Scarpia”, a sinistra e sádica figura daquela ópera. Ambos foram ditadores, mas Salazar exerceu o poder totalitário com mão muito mais branda do que os grandes ditadores, sem eles reais ou de ficção.
Como referi no primeiro número deste artigo, só concordo em parte com a afirmação do professor Hermano Saraiva que Salazar foi um “santo”. Concluindo: foi um ditador à portuguesa, impregnado dos brandos costumes do povo a que pertenceu. Mas, como em tudo, também há excepções. Nas duas primeiras décadas do século passado, este povo de “brandos costumes” assassinou um rei, um príncipe e um presidente da república. Não contente com isto inventou a tristemente célebre “camioneta fantasma” que na madrugada de 20 de Outubro de 1921, foi às casas de importantes representantes da República, levando-os para o Arsenal da Marinha onde foram todos fuzilados. Ninguém apareceu a reivindicar talacto que ficou conhecido como “A Noite Sangrenta de 1921”! Foi o momento culminante da desonra e da desordem a que Portugal chegou na Primeira República!
Voltemos agora a Salazar, “o homem que surgiu na altura certa para salvar Portugal”, como aprendíamos na instrução primária.
Abaixo de Deus, Salazar amou Portugal como poucos e considerou sempre o Estado com exemplo de honestidade a seguir. Ser-se funcionário público era ter emprego para toda vida e assistência na doença e na velhice. Por outro lado tinha algumas restrições como a proibição de entrar em salas de jogo, mesmo legalizadas, e pagar multas a dobrar por qualquer infração que cometesse. Salazar foi sempre o primeiro a dar o exemplo e até consta que tinha guardado dinheiro num envelope destinado ao seu funeral caso o Estado não quisesse pagar. Até Mário Soares declarou que, apesar de ser seu inimigo, reconhecia que Salazar nem um tostão do erário público desviou.
Mas, recuemos muitos anos até Maio de 1958.
O mandato do presidente da república terminara (nessa época os mandatos presidenciais duravam sete anos) e o País ia ser chamado a eleições. Como o presidente cessante general Craveiro Lopes se recusara a segundo mandato, segundo constava por divergências com Salazar, surgiram três candidatos: o general Humberto Delgado, o almirante Américo Tomás e o advogado Dr. Arlindo Vicente.
A campanha eleitoral teria decorrido normalmente como as regras do regime exigiam, se não tivesse ocorrido uma grande bronca; ao ser instado sobre o que faria de Salazar se fosse eleito, Humberto Delgado declarou simplesmente: “demito-o, obviamente”. (é por esta ordem que as palavras foram proferidas, e não ao contrário, como se diz).
Tal desplante lançou fogo ao País, farto de trinta anos de “boca fechada”. É óbvio que surgiram logo as manifestações de repúdio e os jornais, controlados pela censura faziam eco de tamanha “heresia”. Mas, a realidade era outra. Onde quer que Delgado fosse, as multidões acorriam a apoiá-lo. E vem a talhe de foice um episódio que se passou perto de mim que nessa altura tinha quinze anos.
Eu ia num autocarro de dois andares pela Av. Da República em direcção à Praça Duque de Saldanha, devendo sair algumas paragens antes da referida praça, para ir a casa da minha avó paterna. Foi quando me apercebi que algo de anormal se passava mais adiante que resolvi continuar no autocarro. Passado pouco tempo ouviram-se o que parecia ser tiros no meio de grande algazarra. De súbito algo bateu com força em qualquer parte do autocarro. O motorista deteve-o e eu e os outros passageiros aproveitámos para desatar a fugir. Mas, curioso como sou, parei na primeira esquina para ver o que se passava.
Divertido na ingenuidade dos meus quinze anos, vi uma multidão que fugia diante de uma carga da GNR a cavalo. Alguns, mais afoitos, aproveitavam-se dos milhares de paralelepípedos que abundavam no chão devido às obras do metropolitano, e atirava-os às forças da ordem. Mas, afinal o que se passava? A resposta é simples: havia uma sessão de propaganda presidida por Humberto Delgado no liceu de Camões, que ainda hoje não sei se chegou a começar.
Tais desacatos abanaram a solidez do regime, o que fez com que Salazar aparecesse na televisão, inaugurada um ano antes. São suas estas palavras:”... mas quero afirmar com a fria serenidade habitual, que se deve restabelecer e rapidamente o ambiente de calma essencial à vida colectiva, quero dizer que o faremos em todas as circunstâncias e pelo emprego de todos meios ao dispor da autoridade”.
Como se sabe o vencedor foi o almirante Américo Tomás, após uma contagem fraudulenta dos votos. Porém Salazar não era parvo e concedeu à “chamada oposição” cerca de um quarto dos votos. Basta ver que em tempos ainda recentes, Sadam Hussein e Kadafi ganhavam com os noventa e nove por cento que o povo tinha de engolir.
Depois deste acontecimento o País regressou à normalidade, excepto para cerca de mil e quinhentos cidadãos que foram detidos pela PIDE. Também o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que escrevera uma carta a Salazar protestando contra a viciação dos resultados eleitorais, foi obrigado a exilar-se, bem como o general Humberto Delgado que, entretanto, fora expulso das Forças Armadas. Mas, o pior estava por vir para Salazar e o regime, o terrível ano de 1961.
Logo a quatro de Fevereiro, começa a revolta em Angola com o massacre de brancos e de alguns pretos por métodos tão cruéis que que não vale a pena mencionar. Hoje, esse dia é comemorado como o dia nacional de Angola.
Em Abril o general Botelho Moniz tenta um golpe de estado para derrubar Salazar. Por falta de uma boa organização o golpe falha e Salazar assume cumulativamente a pasta da defesa.
No dia um de Agosto, o Daomé (hoje Benim) que ascendera à independência, ocupa o Forte de São João Batista de Ajudá, pequeno reduto do Império Português, ocupado apenas por dois funcionários portugueses. Salazar ordena a sua retirada após incendiarem o forte.
Finalmente em Dezembro, a União Indiana ocupa o Estado Português da Índia. Salazar ordena ao governador, general Vassalo e Silva, que resista até ao último homem. Pretendia, assim, arranjar cerca de três mil mártires para mostrar ao mundo as razões de Portugal. Mas, o general rende-se perante a impossibilidade de qualquer tipo de resistência e é expulso do exército, sendo apenas readmitido após o 25 de Abril. Este episódio fez-me recordar uma piada que me esqueci de colocar nas “Anedotas Políticas Portuguesas da época de Salazar”. Como sempre o “portuga” tinha de arranjar um trocadilho, tendo o general passado a ser conhecido por “Vacila e Salva-te”.
Depois destes acontecimentos, a teimosia de Salazar em lutar contra os ventos da História, muitas vezes com razão para tentar salvar Portugal da praga do comunismo que se espalhava pelo mundo no pós-guerra, levou-o ao lema do “orgulhosamente sós. Até o Brasil, a velha aliada Inglaterra e os Estados Unidos, fizeram orelhas moucas aos seus protestos. Apenas a África do Sul e a antiga Rodésia (hoje Zimbabué) estavam do nosso lado porque Angola e Moçambique eram uma espécie de tampão a incursões terroristas.
Salazar foi cruel com uns poucos comunistas e outros dissidentes que acabaram por morrer no Tarrafal. Já Mário Soares foi de “férias” para S. Tomé.
Foi hipócrita quando afirmou a sua satisfação ao “ver esta juventude que parte sem um queixume para as distantes terras africanas para afirmar que eram parte da Nação Portuguesa”. Eu que por lá andei, sei com que vontade partia essa tal juventude.
Foi impiedoso com esse grande português que foi Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, deixando-o morrer quase na miséria. Mas, aqui há que ver a realidade dos factos.
Tinha começado a Segunda Guerra Mundial e a preocupação de Salazar foi manter a neutralidade e salvaguardar a independência Nacional, como já referi num doa artigos anteriores.
Dois anos antes, portanto em 1937, Salazar publicou vários textos em que considerava lamentável que o nacionalismo alemão estivesse fundamentado em diferenças raciais. Também no ano seguinte mostrou a sua preocupação pelos judeus portugueses, dando orientações ao nosso embaixador na Alemanha para que os defendesse com diplomacia, mas com firmeza. Simultaneamente o cardeal Cerejeira criticou o regime hitleriano por se basear na diferença de raças. Será isto o fascismo de Salazar? Mas, adiante. Perante o afluxo de milhares de pessoas que fugiam da fúria nazi que já ocupara metade da França, e a descoberta pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (antecessora da PIDE) de passaportes falsificados, Salazar emite a “circular 14” que autorizava os cônsules a passar vistos para Portugal desde que os requerentes tivessem bilhete de saída e visto de entrada noutro país. Esta determinação parece muito desumana mas era muito menos restritiva do que as leis feitas no mesmo sentido pelos Estados Unidos e Canadá, ou pela Inglaterra que fechou simplesmente todas as portas a estrangeiros. Além disto, sendo Portugal um país pobre, não poderia acolher dezenas de milhar de refugiados.
Mas, sob o dogma de “obedecer à lei de Deus e não à dos homens”, Sousa Mendes deu apenas ouvidos aos seus sentimentos e desatou a passar milhares de vistos indiscriminadamente tendo chegado, até, a falsificar passaportes.
Após ter tomado conhecimento do que se passava, o Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu uma nota de culpa em que, entre outras acusações constavam as de desobediência e falsificação de documentos. Podemos não dar grande relevo à desobediência mas, a verdade é que na situação de guerra em que se vivia, o comportamento de Aristides de Sousa Mendes, pôs em perigo a neutralidade portuguesa com a consequente anexação de Portugal pela Espanha. A quem se interesse pela vida e acção do cônsul português, recomendo a leitura na “Wikipedia” o artigo dedicado a Aristides de Sousa Mendes.
E fico por aqui. Por tudo o que fez por Portugal, que só a sua teimosia (ou amor por um Portugal uno e indivisível) em manter uma guerra em parte apagou a sua obra, Salazar deve ser considerado como um dos MAIORES PORTUGUESES e um dos maiores estadistas do século XX. O mesmo já não direi do seu sucessor, Marcello Caetano, o “cínico”. Mas isso fica para depois.

11/04/2020


PANDEMIA INFORMATIVA

Em primeiro lugar volto a pedir desculpa por ainda não ser desta vez que encerro o tema sobre “o maior português”. Salazar que espere.
A razão continua a ser, como é óbvio, o “coronavírus-covid 19” que graças aos telejornais, se não mata, pelo menos mói o sistema nervoso a quem tem pachorra para os ver e, principalmente, ouvir até à exaustão o dueto “coronavírus-covid 19”. Por favor, senhores jornalistas; nós sabemos do que estão a falar e, uma vez por outra, talvez fosse menos indigesto ouvir pandemia, infeção, contagiado, etc. e não o papaguear constante daqueles palavrões.
Se na última publicação referi-me àquele assunto, resolvi juntar-lhe mais três que, de momento, tenho “em cima da mesa” sobre a ânsia de informar, ou melhor, repisar o que se poderia dizer em menos de metade do tempo. Estamos, portanto, sob uma poluição informativa, como referiu a Organização Mundial da Saúde. É óbvio que as tecnologias actuais permitem todo o tipo de enxurradas com que os jornalistas nos encharcam Basta ver o que se passa com o futebol onde os fanáticos por aquele desporto fazem andar para a frente e para trás uma imagem dezenas de vezes, para ver se um jogador tinha a ponta do nariz ou a cabeça do pénis para lá da linha de grande penalidade. Isto se este último estiver erecto, como é lógico. Mas, vamos ao primeiro assunto. Bolas! onde está ele? Ah! Tinha-o “em cima da mesa” e escorregou para o chão, ou melhor, para o “terreno”. Felizmente fê-lo de uma maneira “sustentável”, excepto no que respeita às minhas articulações que se queixaram provocando dores muito pouco “sustentáveis”.
O primeiro caso deu-se no passado dia 28 do mês passado no telejornal da “SIC”. Na ânsia de mostrar uma zaragata entra a polícia e um grupo de londrinos que se recusavam a ficar em casa, a cena até gás lacrimogéneo e “cocktails” Molotov meteu. Até aqui, tudo bem. Uma típica cena “no terreno” da brandura das relações entre polícia e cidadãos num país democrático. Porém, só houve um quid pro quo: é que as imagens datavam do dia onze desse mês! Claro que no fim lá veio um pedido de desculpas, o que é sempre de louvar, mas fica a pergunta: quantas vezes seremos enganados só porque se tem de mostrar e repetir tudo ao pormenor, enfastiando as pessoas com mortos, contaminados, recuperados, quarentenas, hospitais, profissionais de saúde, camas, máscaras, ventiladores ou a sua falta, para além de ruas desertas ou a ponte dita”25 de Abril” com as bichas do costume, se se deve usar máscara ou não, se é a dois ou quatro metros o mínimo a que uma pessoa deve estar de outra, entrevistas com um jornalista de cada lado e imagens continuamente repetidas a passarem ao meio e... porra e mais porra até “em cima da mesa”! Até este parágrafo ficou infectado com a sua extensão. Que diria a minha professora primária se eu lhe apresentasse tamanha lenga-lenga. De certeza que já morreu há muitos anos e, provavelmente, até esteve “em cima da mesa”, neste caso da anatomia para ser autopsiada.
O segundo caso aconteceu quando os Norte-Americanos resolveram invadir o Iraque.
Não me recordo do que estava a fazer naquele momento; só sei que ouvi a voz de José Rodrigues dos Santos a berrar que estavam sirenes a tocar em Bagdade. Claro que como todos os Portugueses fiquei alarmadíssimo, e o que quer que fosse que estava a fazer, larguei logo “em cima da mesa”. Tive medo que, como represália por o senhor Durão Burroso (perdão, Barroso) mais os seus comparsas terem planeado o ataque nos Açores, os Iraquianos disparassem depois uma das armas de destruição maciça com o objectivo de destruir aquelas magníficas esculturas de José Cutileiro que encabeçam o Parque Eduardo VII. Mas, não! Afinal não havia armas nem moles nem maciças e os Portugueses puderam dormir descansados enquanto os Norte-Americanos e companhia arranjavam mais uma bronca de todo o tamanho.
Giro foi ver na “contra-informação” o boneco que representava o jornalista Carlos Fino, que se encontrava em Bagdade a dizer: “o Rodrigues dos Santos: não grites tanto aí em Lisboa senão não consigo ouvir aqui as sirenes!”
O terceiro e último caso remonta aos anos setenta do século passado, durante uma das crises de petróleo que, periodicamente, costumam “estar em cima da mesa”.
Eu tinha chegado pela manhã à Emissora Nacional quando um colega me mostrou a rir o “Diário de Notícias” que, na primeira página, destacava o seguinte título: “O “Século” enfiou o cofió”. (cofió era uma espécie de barrete que a tropa usava no ex-Ultramar Português). O que é que aconteceu, então? No dia anterior o jornal “O Século”, que havia de passar por tantas vicissitudes após o “25 de Abril” até ser extinto em 1977, noticiara que “enquanto se discute em... (não me lembro do local) a crise do petróleo, estão árabes em Lisboa”. E, para não haver dúvidas, exibia uma fotografia com uns tipos vestidos à moda tradicional dos povos árabes sentados à mesa de um restaurante.
A verdade é que desde que fora encontrado petróleo em Cabinda (Angola), Portugal passou a pertencer ao clube dos países exportadores daquele produto. Até constava que Salazar, sempre prudente e desconfiado como era, exclamara anos antes ao saber do êxito das primeiras prospeções: “só nos faltava mais esta desgraça; agora os afro-asiáticos e os russos vão querer apoderar-se dele”.
Mas, e pondo de parte esta possível piada, há que lembrar que o nosso espírito de humor pode ir até às últimas consequências. Foi assim que um grupo de brincalhões endinheirados, entre eles um filho do embaixador de Marrocos, resolveu pregar uma grande partida à imprensa da época. Para isso decidiram ir jantar ao conhecido restaurante “Tavares Rico” no Bairro Alto vestidos com os trajos arranjados pelo marroquino e num carro da embaixada, fizeram a sua entrada no referido bairro, onde um zeloso polícia, ao ver a matrícula “CD”, deixou-os entrar por uma rua de sentido proibido.
Para não haver problemas de comunicação, um dos comparsas declarou que falava português e que, portanto, serviria de intérprete, enquanto os outros inventavam uma “língua” mais ou menos parecida com o árabe.
Pode calcular-se o impacto que semelhantes personagens provocaram no pessoal do restaurante. Solícito, o chefe trouxe a ementa e não sei se também a lista de vinhos, já que os muçulmanos não podem ingerir bebidas alcoólicas.
Assim que foi servido o primeiro prato deu-se uma grande bronca: o “árabe” que fazia de emir provou e, através do “intérprete”, declarou que no seu país aquilo nem aos porcos se dava. E, um a um , todos os pratos foram rejeitados pelo mesmo motivo. Calcule-se a aflição do pessoal do “Tavares Rico” ao ter que lidar com aqueles clientes, pesando para mais o facto de poderem ter gerado um conflito diplomático. Entretanto, cheios de fome, as ilustres personagens contentaram-se com umas fatias de queijo pagando, apesar de tudo, uma grande quantia.
Não sei como acabou a história no restaurante mas, o que se passou com “O Século”, é que foi lamentável. Sem sentido de humor nem de saber perder, o director daquele jornal (o único que caiu na esparrela na ânsia de sensacionalismo que o levou a não confirmar de fonte fidedigna a presença dos tais “árabes”) recusou a oferta de uma avultada quantia para a “Colónia Balnear Infantil” fundada por aquele jornal e que ainda existe. Com o orgulho ferido, resolveu processar judicialmente os brincalhões, em vez de aceitar o donativo que estes, como se fosse um pedido de desculpas, quiseram oferecer. Porém, a decisão do tribunal deve tê-lo deixado fulo: os réus foram todos absolvidos e durante muito tempo muita gente recordou-se que “O “Século enfiou o cofió”!
E, para terminar, uma gracinha que tenho “em cima da mesa” desta vez devida a uma “gralha” (errare humanum est) saída na página de anúncios do “Diário de Notícias” no dia 26 de Junho de 1968. Querem saber o que é? Então procurem no “Google” “COLHÕES DE MOLAS”!


Nota: Agradeço a emenda de qualquer inexactidão existente na história dos árabes em Lisboa uma vez que não possuo o “célebre” exemplar de “O Século”.

28/03/2020

Sr. JOSÉ ALBERTO CARVALHO, SOSSEGUE, POR FAVOR!

Mais uma vez peço desculpa de não ter publicado o último artigo sobre “o maior português, mas preciso de desabafar. É que tive a triste ideia e pachorra para ouvir por inteiro dois telejornais da “TVI”, apresentado por José Alberto Carvalho. Não sei quantas vezes aquele senhor disse “coronavírus” e “covid-19”. Depois, e como é costume, vem sempre outro jornalista repetir com maior ou menor desenvolvimento o mesmo assunto. E, como é óbvio, “coronavírus” e “covid-19” continuou a ouvir-se como se fosse o fim do mundo. Julgo que foi a primeira vez que, numa espécie de alívio, dei atenção à publicidade, até que lá voltaram o “coronavírus” e o “covid-19. Mas, o pior ainda estava por vir. Com uma oratória sem fluência, hesitando frequentemente no que ia dizer, imprópria de um profissional veterano, o Sr. José Alberto disse duas vezes que era a primeira vez que o mundo se debatia com tal situação! Então a gripe asiática de 1957 que eu e a minha família incluindo a criada (perdão, empregada doméstica) apanhámos e que a nível mundial (perdão, global) matou cerca de dois milhões de pessoas? E a gripe espanhola de 1918 que matou tanta ou mais gente do que a Grande Guerra terminada nesse mesmo ano? E as epidemias de cólera, febre amarela e tifo que fustigaram a Humanidade durante séculos, cujo paroxismo talvez tenha sido a peste negra surgida no século XIV, e que se calcula que tenha morto cem milhões de pessoas numa população mundial estimada em quatrocentos e cinquenta milhões? É com afirmações sensacionalistas tais como “nunca se viu” que se vai fazendo o jornalismo que, como disse o presidente Bolsonaro, “quem não lê os jornais não se informa; e quem os lê, desinforma-se”.

E, para terminar, Sr. José Alberto, desejo-lhe sinceramente que não apanhe o “coronavírus” ou “covid-19. Mas, se tal lhe acontecer, siga o velho ditado popular: “Abinhe-se, abife-se e abafe-se”


19/02/2020


HISTERIA ANTI-RACISTA

Em primeiro lugar quero pedir desculpa por ainda não ter encerrado o tema sobre o maior português, mas os acontecimentos dos últimos dias deram cabo da pouca paciência que ainda me resta.
De facto, acho que já não há pachorra para aturar o estardalhaço que a comunicação social fez por causa de um jogo de futebol.
Lembro-me de, ainda no tempo da “antiga senhora”, de ouvir os lamentos de um guarda-redes queixar-se de um grupo que, atrás da baliza, (nesse tempo o espaço entre o público e o campo de jogo era muito reduzido) um grupo de energúmenos que passou todo o tempo que durou o desafio a insultá-lo e à família. Que me lembre, o homem até estava com ar de que aquilo eram os ossos do seu ofício e a coisa ficou por ali. Quanto ao Governo, tinha outros assuntos “em cima da mesa” (sou ou não sou moderno?” e não se preocupava com assuntos de “futebois”. Os relvados não tinham cercas e bastava meia-dúzia de polícias sempre prontos a puxar do cassetete para manter a ordem.
Ora o que se passou em Guimarães acabou por fazer-me rir. Afinal havia vários jogadores pretos no campo, mas um pequeno grupo de espectadores resolveu embirrar só com um sabe-se lá porquê. Este não aguentou mais e recusou-se a continuar a jogar. Até aqui tudo bem; ninguém é de ferro como o guarda-redes que referi.
E agora? Vão ser identificados e severamente punidos porque são racistas, mas só no que respeita àquele jogador! Quanto aos milhares de espectadores que em todos os jogos insultam tudo e todos (agora também há o video-árbito”) é obviamente impossível puni-los. Então é a nossa Justiça, seja com ministros brancos ou pretos como agora, ficaria entupida até à eternidade.
O racismo é proibido pela Constituição? Mas que hipocrisia! Toda a gente é racista em maior ou menor grau, sejam brancos, pretos ou os orientais com os olhos em bico. Pronto! Já meti a pata na poça! (Naturalmente vou ser identificado e punido por causa dos “olhos em bico”).
Mas o curioso disto tudo é que quando uma mulher branca decide casar com um preto, a família olha de soslaio com um sorriso amarelo e deseja muitas felicidades rangendo os dentes. Claro que há excepções, mas estou convencido que a este respeito existe uma maioria silenciosa (ou silenciada).
Depois de ter tirado o som à televisão, até porque a seguir era inevitável mais um folhetim sobre o coronavirus, resolvi aguardar pela entrevista a André Ventura. Concordei totalmente com ele, lamentando apenas que não tenha mencionado que todo o estardalhaço ocorrido em Guimarães (maior do que D. Afonso Henriques a “bater” na mãe na Batalha de S. Mamede) se deveu ao facto de ter ocorrido no todo-poderoso futebol. Daí a cobertura da imprensa tanto nacional como estrangeira (no tempo da referida batalha não havia imprensa). Será que o mundo soube o que se passou, por exemplo, no bairro da Jamaica? Aposto que noventa e nove por cento dos portugueses (incluindo eu) nem sabiam da existência desse bairro. Quando muito poderiam julgar que ficaria na ilha do mesmo nome.
E, para terminar, coloquemos a seguinte hipótese: um jogo de futebol num país africano onde haja apenas um jogador branco. Se o público começasse a apupá-lo chamando-lhe branco, clarinho, caucasiano ou caucasóide, tenho a certeza que ele não ficaria nada incomodado; antes pelo contrário, e a notícia desse racismo não correria mundo.
Como disse no artigo anterior, só quem viveu em África é que pode compreender o complexo que a maioria dos pretos tem por causa da sua cor. Porquê, não sei.